domingo, 5 de agosto de 2012

A saga HUMANIDADE e a CREAÇÃO


Naquele maravilhoso reino o PAI mandou chamar seus dois filhos e lhes disse:
- Queridos filhos sabem que vos amo muito e de igual forma a ambos. Como sabem no meu reino, onde um dia um de vocês governará, tudo sei, tudo estou e tudo posso. Vocês sendo meus herdeiros e simultaneamente gémeos, sabem que apenas um pode governar. Têm vivido toda a vossa vida, junto de mim, partilhando o meu saber, do meu poder e do meu estar, mandei chamar vocês aqui, pois quero que saibam que é chegada a hora de vocês cumprirem o vosso dever de futuros herdeiros deste reino.
- Vocês não sabem, mas desde o vosso nascimento que todo o meu reino vos tem preparado para a missão que terão pela frente. Preciso que um de vocês inicie uma viajem pelo meu reino, pelo mais profundo que o meu reino tem, tal missão tem como objetivo, entender tudo o que é meu por direito, pois eu sendo soberano de todo ele, até hoje, apenas sei, posso e estou nele. Para viver o ato derradeiro da minha soberania, preciso de ver, sentir, cheirar, rir, chorar, sonhar, implorar, desiludir-me, amar, sofrer e tudo o que me leve a entender o que é meu e na verdade o que EU SOU. Como sabem, não posso, abandonar MEU TRONO, por isso um de vocês terá a missão de sê-LO por mim nessa importante viagem.
Contiunou.
                - Ao outro caberá a missão de acompanhar a viagem do seu irmão, mas através dos sem-tidos que eu coloco em todo o meu reino, simplesmente isso, mas em contrapartida não terá a espada do QUERER, pois só o que se aventurar na missão do EN-TENDER pelo mais profundo do meu reino, necessitará da espada do QUERER.
Imediatamente um de seus filhos, deu um passo em frente e disse:
                - Meu querido PAI, podes contar comigo para a missão do EN-TENDER. Diz-me o que devo fazer?
                - Você viajará sozinho, será a partir de hoje um simples viajante, sem qualquer privilégio real, para assim vivenciar todo o meu reino de forma discreta, terá unicamente consigo a espada do QUERER. Essa espada é muito poderosa, ela tudo pode, tudo faz, tudo alcança, mas cuidado meu filho pois ela tanto faz no bem, como no mal. Tudo dependerá da forma como você aprender a maneja-la. Mas você não pode treinar seu manejamento aqui, pois tal espada não tem qualquer poder aqui, como sabe, neste palácio que também é o seu, tal espada não se materializa. Ela ser-lhe-á entregue quando você partir e já fora do castelo. Mas nunca de esqueça – ESTA É A SUA VERDADERIA CASA, SEU LAR.
                - Meu filho, antes de partir deixe-me dar-lhe alguns conselhos, pois sua jornada será longa, dura, difícil e muito perigosa. Tenha no entanto a certeza de um dia você voltará. Haverá uma época em que você quase olvidará qual sua origem, qual sua verdadeira estirpe, mas a mesma espada que o levará a esse estado de esquecimento, também é a chave para o seu regresso, para o relembrar do caminho que o trará de novo ao seu LAR.
                - Meu reino, aquele que CR(E)EI, é imenso, você irá ser colocado no mais profundo dele, onde o conhecimento sobre MIM quase inexiste, onde reino EU, mas quase que mesmo que aparentemente, a escuridão tomou conta desses locais de meu reino. Será a partir dai que você terá que partir para essa sua missão de EN-TENDER por MIM. Só a espada do QUERER pode auxiliar a todo o momento, em que partindo dai, você ascenda a reinos, embora que ainda ofuscados pela penumbra, mas serão já partes do reino onde o conhecimento e minhas LEIS já se irão fazendo notar. Estes locais você chamará de palácios da impureza e são sete estes palácios. Esta será sua habitação durante longo tempo, mas não se esqueça que não é seu LAR.
                - Meu PAI e como suportarei tamanhas agruras?, Acha que estarei preparado para tamanha tarefa?
                - Meu amado filho, se esta não fosse a sua verdadeira missão, se dela você não beneficiasse tanto quanto EU, porque iria EU colocar você nela? Assuma sua posição, confie em MIM e saiba a todo o momento que a missão tem como objetivo não só que você vivencie e me traga o entendimento, como também é o derradeiro ato da sua TOMADA DE POSSE do TRONO que é SEU REINO.
- Esta missão terminará como o seu regresso como REI e verdadeiro senhor de todo o reino, onde não só herdará a Omnipresença, a Omnisciência e Omnipotência, como trará consigo o ENTENDIMENTO do que é tudo isso – esse será o ato da sua investidura. Quando regressar, regressará como REI e não na condição em que parte agora de príncipe herdeiro.
- Mas veja meu filho, nem tudo será amargura, dor e dificuldades. Preparei para você no meio no percurso um abrigo, nele você poderá repousar da sua viagem pelos palácios da impureza, pois certamente o esforço até ai será imenso. Nesse abrigo, você viverá por muito tempo, pois ele tem muito para lhe mostrar. Nele você não viverá sozinho, embora tenha sua eterna companheira, sua espada do QUEER, aqui você terá a companhia de dois outros seres, duas irmãs gémeas, uma habita o primeiro piso desse abrigo, seu nome é “preguiça” e a outra o segundo piso, seu nome “acídia”. Há um terceiro piso de dá para um terra-ço, mas o acesso a ele, está sempre guardado pelos implacáveis guardiãs e fieis servos das gémeas – o “medo”, a “duvida” e o “adego”. Só você saberá como lidar com estes seres. Mas recorde-se, este não é também o seu verdadeiro LAR, assim como a sua missão não é fazer desses seres membros da sua côrte, o verdadeiro herdeiro é você, o seu trono está aqui esperando por si e sua côrte você conhecerá aqui. NUNCA ESQUEÇA ISTO, pois para lhe lembrar EU lhe entrego a centelha de MIM, será ela que se encarregará, junto com o lado positivo do poder da espada, de lhe lembrar quem você “É” e qual o seu LAR.
                - Meu PAI e o que há nesse terra-ço?
                - A seu tempo você descobrirá meu filho, tudo a seu tempo. Agora vá, cumpra sua missão. Parta como filho herdeiro e regresse como REI. Aquele que um dia herdará o reino da Omnipresença, da Omnipotência e da Omnisciência, tem que regressar com o trofeu do pleno entendimento.
Assim o filho partiu. Como prometido pelo seu PAI, sem quase perceber como, deu com ele chegando a um abrigo. Teve a sensação de saber que teria que ir para aquele sitio, mas não sabia porquê. Sentia que era esse o seu destino, mas sem saber o porquê, bateu à porta. Ao se abrir a porta, foi recebido por um bela mulher, ficou estasiado com tanta beleza. Ela de imediato sorriu para ele, estendeu a mão num ato e boas vindas e disse:
                - Entra, por favor, estava à tua espera. O meu nome é preguiça, serei a tua companhia durante esta tua longa estadia. Entra e fique confortável, coloque aqui a sua espada, pois deve vir cansado e ela parece-me bem pesada. Fique tranquilo que eu cuidarei bem dela.
Ao dizer isto, a bela mulher fez-lhe um sorriso, mais irresistível que o primeiro e o SER não teve como negar tal amabilidade. Entregou-lhe a sua espada.
Muito tempo decorreu, até que um dia o SER percorrendo o piso do abrigo na procura pela mulher sem que ela aparecesse, chamou-a, tantas vezes quantas possível, por todo os locais do piso. Estranho, pois aquela que era a companheira de todos os momentos, mas não estava ali. Percorreu o piso e viu-se defronte para umas imensas escadas que pareciam dar para um piso superior. Pensou em subir, mas…então, depois de tanto tempo, lembrou-se – “…a a minha espada, como me poderia esquecer dela?!!!!” Nisto, sabendo onde a bela mulher a guardava, dirigiu-se para lá. Retirou-a do seu lugar e rapidamente, lançou-se pelas imensas escadas acima. Enquanto subia, teve a sensação de já ter feito aquilo mais vezes – “…mas quantas??”, questionava-se ele.
Ao chegar ao cimo dessas escadas deparou-se com um outro ser feminino, ainda mais belo que a sua quase eterna companheira, aquela que acabará de abandonar. Ao vê-la, parou perplexo diante dela, ela, ao olha-lo, sorriu e estendeu-lhe a mão, num gesto de acolhimento. O ser não teve como resistir e deu-lhe a mão, assim, juntos entraram para o segundo piso. Sem sequer falar, ela estendeu-lhe a outra mão e ele rapidamente percebeu e sem resistir, entregou-lhe a sua espada.
Muito tempo se passou em que ora no piso superior, ora no piso inferior, o SER, permanecia. Nos momentos que vivenciava o piso inferior, sentia a enorme limitação que a densidade desse piso proporcionava, mas ao mesmo tempo, sentia todos os prazeres e agruras que tal densidade era capaz de lhe fazer sentir. Já no piso superior, o SER, sentia-se capaz de enormes feitos, aqui tudo o que desejasse lhe era permitido, tudo o que a seu querer criasse, era realizado. Mesmo que sem perceber que este seu querer não era o QUERER que o poder da sua espada proporcionava, este, era o simples querer do ser que vive abrigado, pois mesmo o piso superior não era mais que um local que foi construído para seu abrigo, duma jornada que estava por concluir. Ao entender isto, o SER, correu para sua espada e mesmo com a presença de ambas as irmãs gémeas, nada o deteve, as suas belezas, nada puderam contra o QUERER da sua espada.
Lembrou-se que este abrigo que tinha sido o seu aparente lar até aqui, teria que ter um forma de sair dele. Quase que instantaneamente, lembrou que deveria subir. “Sim, devo procurar ascender, tenho que procurar subir, ai estará a minha porta de partida deste presidio que embora tenha sido meu abrigo, pois me permitiu aprender e descansar, após muito tempo se tornou minha prisão”.
Recorrendo à sua memoria do que era - o piso superior desse local, rapidamente se lembrou que junto ao lanço onde se situavam as escadas que permitiam a sua passagem entre pisos, havia uma escada que se prolongava para alem do piso superior. Nunca tinha sequer procurado saber onde levavam, mas agora era o momento de o fazer. Dirigindo-se a elas, iniciou de imediato a sua subida até que no final destas, se deparou com um outro piso. Este estava descoberto, era um terra-ço que dava para o infinito. “Mas como era possível?” – Questionou-se. “Como era possível que existisse algo para alem de tudo o que eu conheço?”
Nesse terra-ço o SER pôde ver que cada um dos lados mostra-lhe realidades diferentes. Na sua frente estava aquilo que ele viu ao chegar – um enorme e maravilhoso infinito, a sua descrição era impossível, pois o que se sentia ao vê-lo era na realidade inefável.
Do seu lado esquerdo, situava-se a sua conhecida preguiça e por traz de si, tudo o que estando com ela o SER tinha vivenciado, por momentos sentiu saudades de tudo isso.
Do seu lado direito, ai estava a sua outra companheira acídia e por traz de si, estendia-se todo o maravilho mundo que ele tinha criado e onde tinha sido como um rei.
Já o lado que se encontrava de traz de si, era penumbra, escuridão quase total. Ai o SER lembrou-se o que isso representava e entendeu.
Sorriu para elas, num ato de ternura, por tudo o que elas lhe tinham ensinado, pois apensar de tudo, ele agora entendia o propósito de tudo aquilo, ele sabia que o papel delas tinha sido importante. Agora ele já entendia, mas por entender, por isso mesmo, sabia que aqueles não eram, o seu lugar, eram sim parte dos seu reino, mas precisava regressar, agora sabia como.
Dirigiu-se para o lado onde a paisagem lhe mostrava o maravilhoso infinito, mas estranhamente, este era o único lado que apresentava como obstáculo um enorme abismo, pois estando no piso mais superior do abrigo, a altura era considerável. Aproximou-se do abismo e mesmo sabendo que este era o seu caminho, teve medo, muito medo. - “Como poderei eu enfrentar este abismo, sendo um simples SER?” Enormes sentimentos de medo e duvida apoderaram-se dele.
Olhou de novo para o lado esquerdo e para o seu oposto, o lado direito. Elas continuavam ali, sorrindo para ele, esperando por ele. Olhando para elas os sentimentos de medo dissipavam-se, pois ali ele sabia o com o que poderia contar, ali já não havia duvidas quanto ao que poderia encontrar. Então percebeu que parte da sua insegurança se prendia com a saudade e a falsa segurança que o conhecido lhe oferecia. – “Mas eu sempre tive que aprender e foi o desconhecido que me trouxe até aqui.” Com este pensamento, desapegou-se dos sentimentos de saudade que o conhecimento de passado lhe transmitiam como segurança.
Ai percebeu que a solução estava na sua espada, na sua eterna e verdadeira companheira. Uma centelha de QUERER emergiu dentro do seu SER e colocou a espada desembainhada na sua mão direita, enquanto isso deu um passo em direção ao enorme precipício, mas desta vez, olhando para ele, percebeu que dentro de SI, a duvida o medo e o apego tinham desaparecido. Tinha total controlo sobre a ilusão que o medo, duvida e apego, criavam entre SI.
Tudo aquilo que até ali o SER tinha como real, logo após este primeiro passo toda essa enorme ilusão, toda esse cenário se desvaneceu e como que por ato de magia, o SER viu-se de novo junto de seu PAI. Parecia um sonho que durou uns segundos, mas breves segundos onde tudo tinha tido cabimento. Seu PAI sorrindo, abraçou-o.
Exausto, finalmente o SER, pode sentir-se frágil, aos braços de seu progenitor. Ao ser abraçado, o SER sentiu a maior e mais fabulosa injeção de AMOR, com que se num breve instante, recebesse todo o AMOR que existiu, existe e existirá, ai entendeu o verdadeiro AMOR, o ETERNO, aquele que esteve, está e estará, sempre.
Ai sentiu-se compensado, percebeu como era amado. Recuperado, joelhou-se aos pés de seu PAI e num gesto de enorme respeito e AMOR, entregou-se a sua espada. Aquele que um dia tinha sido a espada que não podia existir dentro do seu palácio, agora ele tinha-a transmutado e tal poder que dela imanava como QUERER, agora era puro EN-TENDER.
Seu PAI num gesto de terno reconhecimento, recebendo a espada do EN-TENDER, indicou-lhe o trono que estava vazio. O SER rapidamente entendeu e a ele se dirigiu, tomando-o.
                 - Meu querido filho, seu desígnio finalmente se cumpriu. A SI lhe entrego os destinos deste reino que CR(E)EI para que um dia você pudesse governa-lo. Tome seu trono, governe em meu nome. EU devo partir, pois como SABE, outros reinos precisam de MIM, a outros irmãos seus, devo encarregar de tão difícil missão, essa que você terminou.
                -  Meu PAI, antes de partir, gostaria de perguntar se algum dia conhecerei esses meus irmãos?
                - Essa pergunta, deverá ser você a responder meu filho, unicamente você, pois agora você tal como EU, não só tudo sabe, tudo pode, tudo está, como também tudo en-tende, se algum deles se encontrar com você frente a frente, não se esqueça que um dia longínquo seu nome foi HUMANIDADE.

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