quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Pensamento de Outubro





Há momentos em que o silencio é a mais sábia atitude, podendo significar neutralidade, outros em que ele pode relevar-se mais do que isso e em si, encerrar parte ou todas as respostas.

domingo, 9 de outubro de 2011

O vencido vencedor.



Um dia o coração perguntou à mente:
- Porquê tem que ser sempre como você quer e nunca minha opinião conta, para nossas decisões?
A mente habituada a argumentar com o coração de forma a que a sua vontade fosse sempre a que vencia, respondeu:
- Não é sempre a minha opinião, você acaba sempre por concordar comigo, quando eu mostro minha opinião, certo?! Então é nossa opinião que acaba por ser a escolhida, pois a partir do momento em que você concorda, ela também passa a ser sua.
Ai, vendo a argumentação da mente, o coração, recolocou a pergunta:
- Então porquê nunca você concorda com minhas opiniões?
- Eu tento compreende-las e aceita-las, ai contraponho para que você me elucide, mas no meio desse questionamento, você desiste de suas opiniões, não sou eu que discordo, no final, é você que desiste delas. – Disse a mente.


A conflitualidade entre a mente e o coração está presente no nosso dia-a-dia e em tudo e todos os actos que envolvem seres Humanos, tanto em relações de trabalho, como nas relações pessoais. A aparente vitoria que a mente leva a cabo sobre o coração, é na verdade o maior acto de nobreza e entrega que um ser pode alcançar – o despojo total e incondicional do egocentrismo em prol do outro, neste caso, por parte do coração.
Enquanto existir na emoção a nobreza do desprendimento pelo acto do amor, a razão representará sempre a alternativa da decisão.  Mas, entenda-se que bem lá no fundo, mesmo sendo a decisão da razão, ela estará sempre condicionada ao querer da emoção.  
A verdadeira proeza está em saber constantemente ceder o suficiente e necessário para que nunca exista de facto o cenário de conflitualidade aberta, mesmo que aparentemente o vencedor seja o vencido.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Num olhar de criança.



Um dia como tantos outros para todos. Um dia como tantos outros. Mas esse mesmo dia que para quase todos são mais um dia, para alguns, para aqueles que por vários motivos a vida lhes prega partidas de mau gosto, para esses, esse não é mais um dia, para estes por vezes esse é o ultimo dia.
Cada um de nós, analisa o acto de desespero que gera o suicídio como um acto de profunda cobardia, outros vêm nele um acto de coragem, mas quem se depara um dia com a possibilidade de o cometer, nunca o verá nem de uma forma, nem da outra, pois este não pretende entender o acto em si, mas unicamente por cobro a uma situação que para si se tornou insuportável e como tal, até esse acto é mais viável do que a continuidade de tal situação.
Nesse dia, um homem jovem, já numa situação terminal de desespero, preparava-se para por cobro à sua vida, atirando-se de um miradouro numa qualquer cidade perdida no mundo. Ao seu lado, uma criança de tenra idade, olhando para si, sorrindo, perguntou-lhe:
- Senhor, a paisagem vista daqui é mais bonita, você está tentando ver melhor ai em cima?
O jovem homem, nesse momento, estava já sentado sobre as grades de protecção do miradouro, com as pernas penduradas para o precipício que resultava desses mesmo ponto alto.  Com a abordagem da criança, o jovem homem recuou e por momentos vacilou na sua intenção. A criança, sem esperar por alguma resposta, quase que adivinhando que não haveria qualquer resposta, acrescentou:
- Eu um dia vou ser inventor, quero inventar uma maquina de ver tudo.
O jovem homem, distraído com o disparate que acabara de ouvir, passou as duas pernas para o lado de cá da protecção e já mais confortável, inquiriu a criança, quase esquecendo o propósito que o levara ali:
- Maquina de ver tudo? Mas que disparate é esse? Para que queres tu uma maquina de ver tudo? Tu não vês tudo?
A criança sorrindo e com um olhar profundamente meigo, fixou o jovem e disse-lhe quase que não percebendo a sua estranheza:
- Eu vejo sim, vejo tudo e muito bem. A maquina que quero construir não é para mim, quero dar ela para os adultos, para que eles vejam o que nós crianças vemos.
E retirando o olhar do jovem homem, fixou-o de novo no horizonte e repetiu:
- Não é lindo tudo visto daqui? Muito melhor do que dali de cima, não?!
Ouvindo isto, o homem jovem olhou para o horizonte, já de pé do lado de traz da grade de protecção e nisto, quando ia responder à criança, esta já tinha desaparecido, sem deixar rasto.
Neste instante o jovem percebeu que os seus problemas não precisavam de alguém que desistisse deles, mas sim de uma maquina de ver tudo, mas na perspectiva de olhar de criança.  A mesma perspectiva que permite o sorriso pleno e sincero a todo o momento, na face das crianças, pois elas vêm o mundo da forma como ele deve ser visto, em pleno e não parte dele.
Ele entendeu que quando uma criança sorri, fá-lo porque quando olha vê tudo. Não como um adulto que só vê parte, neste caso, o seu problema em concreto e pela sua limitação na forma de ver, deixa também de ver a solução para o mesmo.
Então ele entendeu que o que precisava era de uma maquina de ver tudo. 

Caibalion - O segredo oculto


O Caibalion tem em si várias chaves que desvendadas, dão acesso a um conjunto de verdades, à medida que se tornam claras para o ser busca-dor, simultaneamente o mesmo percebe que para alem destas chaves, ele encerrar um verdadeiro e maior segredo.
Com o objectivo de instruir o ser Busca-dor nos ensinamentos que desvendam e explicam o mundo Imanente, O Caibalion tem reservado para os verdadeiros iniciados uma derradeira mensagem. Esta só é percebida pelos autênticos e nunca antes destes desvendarem através da sua linguagem, os ensinamentos relacionados com os Princípios e Condições Herméticas.   
Assim O Caibalion, encerra em si, os ensinamentos ocultos e também o derradeiro segredo que oculto pela simplicidade, se tornou até hoje indecifrável e indetectável para quase todos os que o estudam.    

Os anjos mentem?


Um dia uma criança, sentada ao meu lado, acompanhada  de sua mãe,  numa estação de comboio, olhou-me nos olhos e de repente me perguntou:
- Você é um anjo?
Olhei para a menina que teria aproximadamente uns 4 anos, e fixei o olhar de espanto de sua mãe, como que a pedir desculpas pelo abuso de sua filha ao me abordar dessa forma. Eu serenamente, voltei a fixar meu olhar na menina, depois de fazer sinal à mãe no sentido de despreocupa-la pelo acontecido – sorrindo. Ao fixar o olhar novamente na menina, ela voltou a repetir a pergunta:
- Você é um anjo?
Sorrindo para ela, perguntei:
- Porque você pensar que eu  sou um anjo?
- Porque minha mar me disse que os anjos são bonitos, bondosos e fortes. Você é um anjo?
- Você gostaria eu o fosse? Perguntei sorrindo.
- Sim. Queria que você fosse meu anjo. Você é meu anjo da guarda?
Olhei de novo para mãe da menina, os dois, aqui já sem sorrirmos, quase sérios e respondi:
- Sim sou seu anjo da guarda.
À minha resposta suou, na sala de espera onde estávamos, a voz-off para a chamada de um dos comboios, ai percebi que seria o comboio delas, pois a mãe rapidamente se preparou e se levantou. Sorrindo para mim a mãe, disse-me:
- Obrigada.
Num simples gesto e olhar respondi ao agradecimento dela que não haveria qualquer agradecimento a ter. Nisto começaram a caminhar para as escadas rolantes que levavam à plataforma onde se encontrava o comboio que as levaria os seu destino. A menina olhando para trás sorriu e num gesto de “até breve” enviou um beijo, com um toque que levou a mão à sua boca, lançando-o na minha direcção. Respondi com um sorriso e um gesto semelhante. Num ultimo gesto, a mãe olhando para trás também, voltou a sorrir e ai entendi que ela também acreditou que eu seria o seu anjo da guarda, estas rapidamente desapareceram em consequência do movimento ascendente das escadas.


Percebi nesse instante que as perguntas feitas pela criança, eram comungadas pela criança que existia dentro da mãe, estas, eram de facto e na verdade perguntas feitas pela mãe. Desde sempre, desde criança, esta, agora adulta, procurava reconhecer numa figura, o seu anjo da guarda, tanto era assim que transmitiu a imagem que tinha desse ser à sua própria filha.
Assim nesse dia cumpriram-se três sonhos.
O delas…
…e o meu que embora não fosse um anjo, nesse dia, me tornei num, ao perceber que por vezes, mentindo, conseguimos fazer coisas maravilhosas.
Deste esse dia entendi que a mentira, em si, não é boa nem é má, somente se torna numa delas, dependendo do uso que se lhe faz. 

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

O caminho do INICIADO.


O ser na sua actual condição humana, vive afastado das questões que realmente importam. Quase todos, de forma geral, vivemos  esta vida em função do nosso dia a dia e sempre preocupados com os aspectos que julgamos serem os básicos para a nossa sobrevivência. Quando questionados sobre o tempo que deveríamos dedicar às questões da imortalidade – as questões espirituais, a resposta é quase sempre a mesma: “Não tenho tempo”, “Primeiro preciso me preocupar com as questões básicas de sobrevivência”. Certo é que se olharmos para o que são as nossas questões básicas de sobrevivência, rapidamente concluímos que são tudo menos isso. O nosso egoísmo, a nossa ambição em queremos ter cada vez mais e seguirmos os padrões sociais de consumismo, levam-nos a cegar quanto ao entendimento dos verdadeiros valores e seu equilíbrio.
Se fosse por condições básicas de sobrevivência, então deveríamos olhar para os seres humanos que sob-vivem com verdadeiramente condições básicas, olhando para África, Ásia, América Latina, etc., mas certamente que não poderíamos viver desse modo, no entanto, serviria para percebermos o que são condições bem básicas.
Esta ambição leva-nos a todos os males que padece a humanidade, há quem pense que se conseguíssemos terminar com esta característica humana, cessariam todos os fenómenos que levam a humanidade a viver em constante sofrimento, o que muitos entendem e afirmam ser o viver o inferno na terra. Mas até mesmo essa forma de pensar é resultado dos artifícios do ego, pois o que realmente o ser procura é o seu bem-estar pessoal, que cesse o seu sofrimento. Sempre que um ser humano atingiu níveis de conforto material nesta vida, imediatamente deixa de se preocupar verdadeiramente com os designados males do mundo, pois para ele, esses deixaram de ter efeitos sobre si. Então, mesmo sabendo da sua existência, eles existem como que teoricamente, pois os seus efeitos são sobre si e os seus, virtuais.
Difícil é compreender tal atitude, mas não deixa de ser assim. Mais difícil é aceitar que aqueles que compreendendo-a, sabem e têm plena ciência que esta condição humana é fundamental para que a evolução da humanidade enquanto raça imortal se faça.
Poucos são os seres que atingem esse nível de entendimento, pois para que isso aconteça existe um longo caminho a ser percorrido. Esse caminho é essencialmente de auto-transformação do ser através do conhecimento e entendimento de si mesmo, mesmo antes do estudo, entendimento e compreensão dos seus semelhantes e do mundo que o rodeia.  
O ser espiritual, neste mundo denso, desde o primeiro dia em que inicia a sua busca até atingir os seus mais elevados potenciais permitidos a este seu estado, tem que passar por todo um conjunto de condições humanas que lhe permitam desenvolver esse conjunto de potencialidades que todo o ser trás consigo ao nascimento.
Para que essas condições de vivencias e ensinamentos se concretizem em aprendizagem, é necessário que o ser crie as condições para a sua ocorrência, muitos julgam, porque esperam por elas passivamente que estas condições são obra da sorte, mas os que as conquistam, sabem que elas são adquiridas com esforço, entrega e dedicação constantes. Nada aqui é fruto do acaso ou da sorte.
Assim ao ser que atinge tal estado de ciência, no esoterismo, designamos por iniciado, mas para atingir tal nível e são poucos que o atingem, o candidato inicia-se enquanto busca-dor na procura do caminho. Quando atinge parte do nível de ciência que lhe permite entender, interpretar e lidar com parte dos mistérios do Cosmos, ai ele passa a ver este mundo Imanente sob a perspectiva do que se designa pelos olhos do peregrino da senda. Só muito depois de muitas vivencias e experiências acumuladas alguns seres que vêm ao mundo denso e por todo um conjunto de circunstancia divinas, chegam ao estado de iniciado.
Potencialmente o ser que atinge este nível em alguma reencarnação, já teve que se ter vindo preparando em outra (s)  encarnações, pois não é possível que um espírito esteja preparado para tal evolução enquanto ser encarnado numa só. Por isso no esoterismo designamos como “circunstancias divinas”, pois este trabalho é um culminar da evolução espiritual, quer repetido já neste mundo denso noutras reencarnações, quer nos seguintes planos subtis, onde esse espírito permanece, se preparando para sua evolução e consequentemente para as sucessivas reencarnações necessárias.
Como podemos entender e saber interpretar o estado próximo do derradeiro estado final para o nível de iniciado?
O ser encarnado que está próximo, ou mesmo, sem ter noção disso ainda, já seja um  iniciado, é aquele que apresenta um conjunto de experiencias e vivencias que quase ninguém gosta de ter vivenciado, pois estas apresentam-se como tudo o que o ser humano considera desagradáveis, violentas, desconfortáveis, desumanas, indesejáveis, etc. Aqueles que presumivelmente atingirão nesta encarnação tal estado, ao longo dessa sua vida terrena, passarão por experiencias extremas, levando-o a experimentar e ter ciência de tudo, principalmente das designadas polaridades de tudo o que o mundo Imanente apresenta.
Viverá como rei e como mendigo.
Passará cenários de guerras e paz.
Conhecerá os mais belos prazeres do mundo material e os seus opostos.
Saberá o que é o mais profundo amor, mas também seu oposto. Quer dele em relação aos outros, quer dos outros a si.   
Conhecerá a saúde e a doença, entendendo-as.
Entenderá o dom do nascimento e da morte.
Conhecerá a desilusão profunda, quando entender a ilusão.
Sentirá na pele as mais atrozes reacções do ser humano, mas também as mais belas vindas dos seus sentimentos.
Mas acima de tudo conhecer-se-á a si, antes de tentar compreender os seus semelhantes e os fenómenos do mundo Imanente.
Entenderá o seus semelhantes e o seu mundo. Compreenderá plenamente todos os porquês.
Carregando consigo todo o peso do mundo nos seus ombros, permanecerá sempre sereno,  mesmo colocado perante situações e eventos que para o comum dos seres seriam insuportáveis. Pois o iniciado conhece na essência a verdade única que por limitação do ser teve de se fragmentar para dar lugar  ao mundo Imanente com o objectivo de o servir no seu caminho de regresso ao seu verdadeiro lar. 

terça-feira, 4 de outubro de 2011

O Hermetismo des-velado.





Este espaço serve para tentar desmistificar o objectivo e missão do Hermetismo no mundo, a sua importância para a Humanidade em geral e para cada um de nós em particular.
Como pode o Hermetismo ajudar a que nossa vida seja mais plena, equilibrada e digna?
Através dele chegaremos a conhecer-nos, mesmo antes de conhecer os nossos semelhantes e o mundo que nos rodeia.
É o Hermetismo capaz de explicar a maioria dos mistérios que levamos ao longo da vida, sem respostas?
Porque existe o mal e o bem?
Deus existe? E se existe, porque ele é penalizador, porque castiga a uns e outros não?
O céu existe? E o inferno?
O demo existe? E os anjos?
Para onde vamos quando partimos deste mundo?
Porquê viemos a este mundo?
Etc., etc., etc….
Estas e muitas outras perguntas quase sempre ficam sem resposta, porque quase sempre as fazemos de forma pouco convicta, pouco insistente. Isso não significa que não existam as respostas para todas essas e outras grandes questões existenciais. Assim como existem seres que chegaram a elas, também nós lá poderemos chegar se demonstrarmos merecer o acesso a tal conhecimento. Para tal devemos preparar-nos.
Um dos objectivos deste sitio é esse mesmo, auxiliar nos primeiros passos para preparar o ser Busca-dor (a) para esse longo mas compensador caminho na senda da procura da verdade.

A todos (as) desejos de luz, pois só ela nos mostrará a verdade.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Importa saber o que levamos da vida.



Um dia, um Busca-dor – peregrino da senda, viajou para um pais distante onde sabia viver um mestre que ele pretendia conhecer e dele receber alguns ensinamentos.
Ao chegar a esse país, sua impaciência era tanta que nem foi directo para o hotel deixar a mala, saindo do aeroporto, pegou um táxi e foi directo para o endereço onde vivia esse grande mestre.
Chegado na rua, o táxi o deixou, à porta onde vivia tão nobre ser. Ele olhando, reparou que era um prédio bem humilde. Entrou nele e procurou a porta onde sabia encontrar o seu mestre. Frente a ela, bateu na porta e de dentro uma voz serena, mas audível, mandou ele entrar.
- Entre. – disse a voz vinda de dentro.
Empurrando a porta, esta se abriu, parecendo que lhe estaria esperando, já entreaberta. Ao transpor a porta, se deu com um pequeno quarto, bem simples e praticamente sem mobília. Nele havia, para alem do homem que se encontrava sentado na única cadeira existente, uma cama  e um lavatório sem agua corrente, onde junto deles estava um pequeno recipiente que continha agua. Esta era a mobília toda que este quarto continha. O homem que se encontrava ali, fez um gesto no sentido de ele se aproximar.
Ele deu dois passos em frente e se apresentou, pois tinha escrito ao mestre para saber se este o receberia, assim ele sabia de sua chegada nesse dia. Aturdido com a simplicidade em que vivia seu mestre e sem querer acreditar, perguntou:

- Mestre, estas são todas suas pertenças? Você vive só com estes bens?
O mestre, sem mostrar qualquer espanto, lhe respondeu, perguntando:
- E você. Nessa mala estão todas as sua pertenças?
Ai ele de imediato respondeu:
- Mas mestre eu estou aqui de passagem.
Ao que o mestre no seu tom de voz calmo, mas bem audível, respondeu:
- Eu também, estou aqui de passagem, eu também.

Pensamentos de Outubro



"Muitos querem receber as respostas certas, quando sempre fazem as perguntas erradas."

domingo, 2 de outubro de 2011

Os grandes temas Herméticos e seus Iniciados – O Caibalion


O Caibalion é um livro escrito por três Iniciados anónimos. A palavra Caibalion ou Kybalion tem a mesma raiz etnológica que Qabalah/Kabalah/Cabala, e esta palavra significa simplesmente “tradição” ou “revelação superior”. O Caibalion contém as sete principais “fórmulas” para se compreender a ciência Hermética e todo o conhecimento espiritual. Estes são chamados de Princípios Herméticos, e sua aplicação é tão vasta que abrange todos os campos de conhecimento humano. Trata-se de leis universais que estão na base de todas as coisas e elas revelam o mecanismo pelo qual o Universo funciona.
O Caibalion contém uma filosofia profunda, que em certa medida é uma base de um saber universal. Afirmamos que todos os saberes são, em essência, apenas Um, e ao longo do tempo foram sofrendo modificações e distorções, tendo sido revelados em diferentes épocas e lugares, e assim, foram interpretados e vistos de maneira diferentes por pessoas de culturas e épocas diferentes. Todas as correntes provêm da mesma fonte, mas à medida que ela vai se expressando e se manifestando, vai tendo que se adaptar a cada contexto, criando assim modificações que seriam posteriormente mais valorizadas do que a própria fonte.
Alguns estudiosos afirmam que o Caibalion faz parte do antigo “Livro de Hermes”. Um tratado básico de filosofia oculta, que apenas uns poucos Iniciados teriam acesso. O Caibalion, nesse sentido, seria apenas uma pequena parte de um conjunto geral de ensinamentos místicos, que contém a base a partir da qual a ciência Hermética teve seus desdobramentos.
Mas quem foi Hermes?.Sabe-se que na mitologia egípcia, Hermes Trimegisto era conhecido como o deus Thot. O Nome Trimegisto significa o “três vezes grande” e o próprio Hermes explica essa expressão num dos escritos que lhe são atribuídos. Hermes revela que “Assim sou chamado Trimegisto, pois possuo as três partes da sabedoria do mundo inteiro”. Esta passagem só pode ser bem compreendida pelos Iniciados, pois o homem comum não conseguirá compreender o que significa “as três partes da verdade”.
No Caibalion, os três Iniciados autores do livro assim se referem a Hermes Trimegisto:
“Mas entre estes Grandes Mestres do antigo Egipto, existiu um que eles proclamavam como o Mestre dos Mestres. Este homem, se é que foi verdadeiramente um homem, viveu no Egipto na mais remota antiguidade. Ele foi conhecido sob o nome de Hermes Trismegisto. Foi o pai da Ciência Oculta, o fundador da Astrologia e da Alquimia. Os detalhes da sua vida perderam-se devido ao imenso espaço de tempo, que é de milhares de anos, e apesar de muitos países antigos disputarem entre si a honra de ter sido a sua pátria. A data da sua existência no Egipto, na sua última encarnação neste planeta, não é conhecida agora mas foi fixada nos primeiros tempos das mais remotas dinastias do Egipto, muito antes do tempo de Moisés. As melhores autoridades consideram-no como contemporâneo de Abraão, e algumas tradições judaicas dizem claramente que Abraão adquiriu uma parte do seu conhecimento místico do próprio Hermes.”
Hermes foi o “grande Iniciador”, aquele que deu um impulso a várias ciências ocultas e místicas. Essas correntes ocultas deveriam ser preservadas ao longo do tempo, caso contrário, a “chama” da verdade se perderia. O Caibalion fala sobre isso:
A Hermes é atribuído também a autoria do livro de Thot, que conteria as bases de toda esta ciência. O Caibalion é uma dos melhores canais para a expressão destas chaves.
Os Princípios do Caibalion são sete. No próprio Caibalion está escrito o seguinte:
“Os Princípios da Verdade são Sete; aquele que os conhece perfeitamente, possui a Chave Mágica com a qual todas as Portas do Templo podem ser abertas completamente.” – O CAIBALION
Os Princípios Herméticos são estes que seguem:
O Princípio de Mentalismo
“O TODO é MENTE; o Universo é Mental.” – O CAIBALION
O Princípio de Correspondência
“O que está em cima é como o que está em baixo, e o que está em baixo é como o que está em cima.” - O CAIBALION
O Princípio de Vibração
“Nada está parado; tudo se move; tudo vibra.” – O CAIBALION
O Princípio de Polaridade
“Tudo é Duplo; tudo tem pólos; tudo tem o seu oposto; o igual e o desigual são a mesma coisa; os opostos são idênticos em natureza, mas diferentes em grau; os extremos se tocam; todas as verdades são meias verdades; todos os paradoxos podem ser reconciliados.” – O CAIBALION
O Princípio de Ritmo
“Tudo tem fluxo e refluxo; tudo tem suas marés; tudo sobe e desce; tudo se manifesta por oscilações compensadas; a medida do movimento à direita é a medida do movimento à esquerda; o ritmo é a compensação.” – O CAIBALION
O Princípio de Causa e Efeito
“Toda a Causa tem seu Efeito, todo Efeito tem sua Causa; tudo acontece de acordo com a Lei; o Acaso é simplesmente um nome dado a uma Lei não reconhecida; há muitos planos de causalidade, porém nada escapa à Lei.” – O CAIBALION
O Princípio de Género
“O Género está em tudo; tudo tem o seu princípio masculino e o seu princípio feminino; o gênero se manifesta em todos os planos.” – O CAIBALION

Os três Iniciados do Caibalion explicam ainda uma questão bastante controversa que atravessou várias épocas e povos. Eles explicam que nada em nosso mundo manifestado é real. Ao contrário, tudo ilusão, móvel e condicional. Mas existe uma realidade que está por detrás de todas as manifestações.
“Sob as aparências do Universo, do Tempo e do Espaço e da Mobilidade, está sempre encoberta a Realidade Substancial: a Verdade fundamental.” – O CAIBALION
Os Se7e Princípios Herméticos, são então as leis que permitem a existência do mundo Imanente, no entanto, só fica claro para quem estuda e reflecte sobre os seus ensinamentos que para entender a ilusão que é o mundo Imanente, precisamos de decifrar essas mesmas chaves – estas designam-se pelas cinco Condições Complementares que têm que existir para que os 7 Princípios se manifestem como leis do mundo Imanente. 

Os grandes temas Herméticos e seus Iniciados – Apolónio de Tiana


Apolónio de Tiana – Foi contemporâneo de Jesus Cristo, sendo a sua região de influencia toda a zona mediterrânica. Como aconteceu  com todo os enviados, a sua mensagem também foi deturpada e adulterada pelo poder oculto, em prol do seu interesse.
À semelhança do sucedido com a vinda de Cristo, também a vinda de Apolónio e outros Iniciados estava anunciada e era conhecida por muitos. As suas mensagens, embora transmitidas de forma velada, vinham ao mundo com o objectivo de chegar a todos os que a quisessem receber, pois estas trazem consigo o conhecimento necessário para a libertação do ser quanto ao seu aspecto imortal – enquanto espírito.
Apolónio de Tiana, condensou no Nuctemeron o essencial da sua mensagem, obviamente que à semelhança de outras grandes obras do Hermetismo, como as que contem a mensagem de Hermes, também esta foi objecto de falsificações, falsas interpretações e tentativa de aniquilação dos escritos originais, tudo isto na tentativa de ocultar do ser a verdade sobre o caminho e mensagem para a libertação.
Nuctemeron que significa, “o dia de Deus que resplandece nas trevas” ou “o Deus que está aprisionado em nosso microcosmo”. Esse “dia” está dividido em doze horas ou degraus, e cada hora encerra uma instrução concreta quanto ao modo pelo qual cada candidato pode realizar o “dia de Deus”. Em suma, é um método, um caminho para a completa libertação do ser.
Para estudar, entender e interpretar o Nuctemeron será bom referir que Apolónio de Tiana é considerado o mais importante pensador | filosofo neo-pitagórico da corrente esotérica. Esta referencia servirá os interessados para alinhar o seu enigmático raciocínio  com as mensagens a descodificar que estão contidas nas doze horas.
No mesmo sentido esta obra e o seu autor são influenciados também pelos escritos e ensinamentos do Hermes e da corrente preconizada pelo Hermetismo. Assim, será importante ter em conta o Caibalion, consequentemente e não coincidentemente os doze Princípios Herméticos nele contidos, os sete Princípios do conhecimento comum e os cinco Complementares ocultos.  

Primeira hora
Na unidade os demónios entoam louvor a Deus; eles perdem a maldade e a ira.

Segunda Hora
Mediante a dualidade, os peixes do zodíaco entoam louvor a Deus, as serpentes ígneas entrelaçam-se em torno do caduceu, e o relâmpago torna-se harmonioso.

Terceira Hora
As serpentes do caduceu de Hermes entre­laçam-se três vezes, Cérbero escancara suas três bocarras, e o fogo entoa louvor a Deus mediante as três línguas do relâmpago.

Quarta Hora
Na Quarta Hora a alma regressa da visita aos túmulos. É o momento em que as lanternas mágicas são acesas nos quatro cantos dos círculos. É a hora dos sortilégios e das ilusões.

Quinta Hora
A voz das grandes águas entoa louvor ao Deus das esferas celestiais.

Sexta Hora
O espírito permanece impassível, ele vê os monstros infernais marchar contra si e está sem medo.

Sétima Hora
 Um fogo que dá vida a todos os seres animados é dirigido pela vontade de seres humanos puros. O iniciado estende a mão, e o grande sofrimento transforma-se em paz.
Oitava Hora
As estrelas conversam entre si. A alma dos sóis responde ao suspiro das flores. Correntes de harmonia interligam todos os seres da natureza.

Nona Hora
O número que não deve ser revelado.

Décima Hora
A chave do ciclo astronómico e do movimento circular da vida do ser humano.

Decima Primeira Hora
As asas dos génios movimentam-se com misterioso rumorejar. Eles voam de esfera a
esfera e levam de mundo em mundo as mensagens de Deus.

Decima Segunda Hora
Aqui se realizam, pelo fogo, as obras da luz eterna.

Pensamento de Outubro



A percepção é o elemento limitante face ao que o ser consegue interpretar do mundo Imanente.  Sendo o seu resultado, a tentativa do ego justificar a necessidade da existência desse limite.