quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

O paradoxo - Erro de escrita ou mensagem?!


Nos mais elevados ensinamentos Herméticos, alguns deles, os mais valiosos, estão ocultos, não porque não devam ser conhecidos, mas porque devem ser descobertos. Para chegar a eles, só através do merecimento genuíno. Um desses fenómenos encontra-se plasmado em algo que parece até banal e simples. O exemplo da escrita, já presenciei alguns estudantes avançados em Hermetismo, criticarem o erro da escrita de um texto, devido a erros ortográficos, mecanográficos, gramaticais e até de contexto.
Nunca até hoje vi ninguém perceber o ensinamento que se oculta por traz desses erros, certo que tal como afirma o Hermetismo - “Quem diz que sabe, não sabe e quem sabe não diz”, mas quem critica porque o texto tem erros, esse não sabe certamente.
Afinal de contas todo o erro, num texto, tem uma mensagem velada e só os verdadeiros iniciados ou quanto se atingiu tal plano de consciência, se percebe o que ai está contido. O Iniciado conhecedor, sabe que o erro no texto tem dois tipos de significado, o direto e o indireto. O primeiro relacionado com o contexto do tema em si e o segundo relacionado com os Mistérios Maiores.
O paradoxo que gera o erro no texto é de enorme sabedoria, pois afasta os busca-dores (as) inautênticos e aproxima os verdadeiros. Entender este princípio paradoxal, abre várias portas do SABER ARCANO.

O Iniciado, o menino e o peixinho vermelho.



Quanto mais observava a humanidade, mais angustiado se sentia.
A humanidade procura sempre provas fáceis para tudo, como diz o ditado popular – “Ver para crer”. Mas a vida é um jogo de paradoxos, mesmo sem percebermos, vivemos rodeados por eles e em função deles, sem nunca os compreender.
Certo dia, logo pela manhã, ao acordar e dirigindo-se à cozinha, foi surpreendido com o fato, de um dos dois peixinhos de aquário, colocado no parapeito da janela estar morto, do lado de fora do aquário. Percebia-se que tinha saltado de dentro do aquário, provavelmente horas antes, pois o local onde estava e o próprio, estavam já completamente secos. Estando em pleno inverno, devido às baixas temperaturas, seriam necessárias horas para que a água resultante desse salto, se tivesse evaporado. Por isso, todos, ao chegar à cozinha, com a intenção de fazer a sua primeira refeição, vendo tal cenário, concluíam que tal evento teria ocorrido, algumas horas antes.
Tinha sido deixado ai, para que o membro mais pequeno da família, motivo pelo qual o aquário e os dois peixes ali se encontravam, visse e percebesse que tinha havido um acidente. O peixinho estava há poucos dias lá em casa, provavelmente sem querer, saltou do aquário e desse salto, resultou a sua morte. Mas seria importante que fosse o menino a constatar, pois certamente assim ele entenderia melhor o seu desaparecimento.
Quando todos tinham abandonado a cozinha e se preparavam para explicar o acontecido ao menino que se encontrava no quarto. Tendo ficando a sós na cozinha com o peixinho, o pai do menino, olhou para ele, ali sem vida, completamente seco, prostrado, ao lado do seu breve lar e sem pensar, deu-lhe um suave toque com os dedos, deixando-o ficar entre os seus dedos polegar e indicador. Com o toque, de imediato, como que se esse toque levasse o sopro de vida, o peixinho mexeu-se. Sem qualquer espanto, ele pegou-lhe com esses mesmos dedos e colocou-o dentro da água, no aquário. Logo percebeu que o peixinho tinha voltado à vida.
Quando todos os restantes entraram na cozinha para mostrar ao menino o seu peixinho morto, já este se encontrava, de novo vivo e em movimento, dentro do aquário. Pensativo, o pai do menino, quando questionado por todos, sobre o que tinha ocorrido, apenas afirmou – “Talvez se safe, desta vez.”
O peixinho vermelho, não se encontrava com a vitalidade do seu companheiro de aquário, nem com a vitalidade que lhe era comum, mas dava para perceber que tinha voltado à vida e provavelmente viveria. Mas como?! Questionavam-se em casa, todos os adultos. Não apenas o pai sabia e por isso nada questionava, também o seu pequeno filhote, sem fazer qualquer comentário, demonstrava que a sabedoria está para além da curiosidade do ego que quer saber só para saciar-se, pela simples satisfação desse ego. Ambos sabiam que era tal natural como o contrário, pois se viver e morrer é natural, também natural pode ser morrer e viver?! Por que não?! Só aqueles que percebem e os que querem perceber pelo ato genuíno de perceber, sem o interesse do ego, não questionam, apenas sentem e desse sentimento, resulta o pleno entendimento. Por isso o menino não levantou qualquer questão, mas os adultos sim, esses reagiram, como qualquer adulto, típico da ação do ser adulto, já completamente envolto no seu ego. Uns pela expressão contida no sarcasmo – “Foi milagre.”, outros pela negação do entendimento imposta pelo fenómeno da racionalidade – “O peixinho ainda estava vivo, só pode!”.
Os únicos que não questionavam, era o menino e o seu pai. O primeiro, porque sentia, por isso percebia com o coração e assim sendo, nada era estranho para ele. O segundo, não só sabia porque sentia com o coração, como sabia porque tinha plena consciência do fenómeno.
Desse saber, desse fenómeno, a única importância estava em perceber que nada do que tinha ocorrido, transgredia duas das condições que sob qualquer pretexto ou motivo, podem ser transgredidas – As LEIS de DEUS e as leis da natureza. A primeira representada no livre-arbítrio e a segunda nas condições da deterioração fisiológica dos tecidos que a pós-morte provoca. Desde que nenhuma desta tivesse sido quebrada, tudo estava bem, tudo era normal. Não importava se o peixinho tinha estado fisiologicamente morto, apenas importava saber que o seu livre-arbítrio não tinha sido contrariado e que a lei da natureza não tinha ainda exercido os efeitos que tornariam impraticável o seu retorno à vida, sem contrariar a lei da natureza.
Já para o ser humano comum, envolto na egocentricidade e na ignorância a que ele remete, o que importa é perceber se há milagre. Todos sonham em ter a prova contundente, vista com os próprios olhos, se existem ou não existem milagres, mas quando colocado à sua frente tal ocorrência, é tal a sua cegueira que não só não vêm o que sempre procuraram ver, como não vêm o que de verdade teriam que ver – perceber a verdade que está pro traz de tal acontecimento e daí tirar os devido ensinamentos.
Por isso todo o Iniciado, consciente do atual estado em que a humanidade se encontra, pensa e sente – “Quanto mais observo a humanidade, mais angustiado me sinto.”  

domingo, 16 de dezembro de 2012

O Inimigo publico numero um.


[ “A nossa vida acontece em função das nossas decisões, certamente que sim, mas as cicatrizes que transportamos, são fruto das decisões que permitimos e deixamos nas mãos de outros.” AC ]


Há tantos nomes para Deus como crenças acerca do que Ele é, ou se pretenderem, existem tantos nomes para Deus como perceções temos Dele. Quase todos afirmam que o seu deus é o único e verdadeiro. Assim sendo os não crentes riem-se, pois destas crenças, gera-se a situação caricata de quem vê de fora a questão, afirmar – “?Organizem-se. Mas então, quem tem razão? Se o deus de cada um é diferente dos outros e todos afirmam ser o seu o verdadeiro, quem tem razão? ”.
Na verdade todos têm razão e nenhum tem a verdade absoluta. Todos os deuses da humanidade existiram de uma forma ou de outra. Na pior das possibilidades, existiram enquanto Egrégoras – entidades mentais resultante da fé e do culto pelos seus crentes. Se acreditarmos no conceito de Universo Mental e dai, se aceitarmos que a vida no próximo nível da existência é gerada em função do que a nossa mente crê ser realidade, então na verdade, quando morrermos, certamente se acreditarmos num determinado deus, num céu, anjos, etc., viveremos essa realidade. Isso se na nossa consciência e perante o autojulgamento feito, merecermos o direito de viver junto dele.
Mas então cada um ou cada grupo, viverá a presença do seu deus. Um deus não Creador, mas sim criado pelos seus fieis. Paradoxal?! Já nesse plano próximo, mesmo estando junto do nosso deus, o deus da nossa fé, da nossa crença, não estaremos sequer próximos do Creador. Aquele que originou este e os planos seguintes que temos como existência é sem margem para duvidas o seu Creador, todo o iniciado conhecedor da verdadeira Tradição sabe isso. Mas é ele o verdadeiro DEUS? É a sua presença a derradeira e o mais elevado estado de consciência? Os cavaleiros Templário afirmavam que não, através dos seus comportamento podemos constatar isso, através das mensagens veladas, protegidas como símbolos só entendíveis para os Iniciados, eles colocavam junto com figuras santas, anjos, etc., do cristianismo, imagens pagãs, desconhecidas da crença cristã, mas simbolicamente, afirmava o seu conhecimento sobre o conteúdo da Arca da Aliança e do propósito da  Creação.
 Muitos aceitam sem questionar o porquê de tantos deuses e todos eles diferentes. Outros questionam todos os outros, aceitando apenas aqueles que lhe afirmaram ser o verdadeiro, sem que haja uma razão para crer nele, a não ser a tal fé. Muitos outros questionam tudo e todos, sem querer abrir a sua mente à racionalidade e dai, tentar perceber o porquê de todos os seres humanos terem deuses diferentes e destes, se algum merece alguma credibilidade.
Aos deuses das civilizações do passado, afirmamos que os seus crentes, foram levados pela ignorância a criar as crenças que permitiram a existência de todos eles. A questão que podemos levantar, então é relativamente ao fato de, na atualidade, estarmos livres dessa ignorância, pois se no passado, foi ela a responsável por acreditarmos em várias conceções erradas de Deus, porque será alguma da atual conceção de Deus, a correta?! Para ser uma delas a correta, terá que estar, por traz da sua conceção ou entendimento, a plena cientificação e um profundo estado de consciência. Para alem do fato de se uma está correta, todas as outras estarão erradas, certo?! 
Quem estuda profundamente este tema, reconhece a incapacidade da mente finita entender e consciencializar algo que é transcendente e infinito, assim sendo, podemos usar o pensamento Hermético que diz – “Como pode o finito ter dentro de si o entendimento do infinito, como pode o infinito estar contido no finito?”. Então se pretendermos aproximar-nos do que é o entendimento sobre o que representa Deus, deveremos apenas começar por aceitar que nunca, enquanto seres finitos, teremos a mínima condição para o entender em plenitude. Poderemos sim, à medida que a nossa consciência se torne mais clara, neste e em outros planos da existência, ir tendo uma imagem mais clara Dele, mas nunca a verdadeira imagem.
Nunca um espelho poderá refletir a totalidade da existência, como nunca uma ínfima parte da Creação poderá representar a capacidade de entender na sua totalidade essa Creação, quanto mais o próprio Creador. Somos essa ínfima parte que procura criar constantemente conceitos à imagem da sua limitada capacidade para os perceber, quando na verdade, deveríamos perceber que dessa nossa limitação, nascem todas as distorções e só aceitando tal fato, nos poderemos harmonizar com a existência. Mas teimamos em nos julgar o centro do Universo, julgamos ser a Humanidade o motivo da Creação, levando ao sentimento ridículo que o DEUS vive em função da nossa existência, quando na verdade é exatamente ao contrário. 
Como podemos querer entender o verdadeiro DEUS, se nem conseguimos conhecer-nos a nós mesmos, ao mundo em que vivemos, a todos os que junto de nós vivem e até aos outros planos da existência? Como podemos querer entender algo que está tão longe de tudo isto, quando nem percebemos algo tão básico, quando comparado com a transcendência que é DEUS - a nossa própria mente? Ridícula a presunção humana. Quando qualquer homem da ciência afirma perentoriamente que o mundo espiritual não existe. Ridícula a presunção humana quando um homem da fé afirma que sabe o que existe para alem deste plano da existência, sem sequer ter condição para ter realizado esse conhecimento, resguardada a sua afirmação, na incapacidade de constatação geral da humanidade.
Esquecemos que um dia, todos enfrentaremos o derradeiro momento. Crente e não crente. Existindo ou não existindo o mundo espiritual, uma coisa é certa, o derradeiro momento é uma verdade inquestionável, pois após o ato inicial do ciclo que é a vida, representado pelo nascimento, só existe uma verdade que todos podemos aceitar – o fim desse ciclo, a morte física e neurológica. Nesse dia, no dia derradeiro, todo aquele que afirma não existir o mundo espiritual – comprovará a sua afirmação e todo aquele que afirma conhecer esse mundo, sem o conhecer na realidade, sentirá o mesmo que o primeiro – o medo derivado da ignorância, da negação dos primeiros ou do autoengano dos segundos.
No derradeiro momento todos, sem exceção, nos depararemos com a única e inquestionável verdade. Para isso, mesmo que não tenhamos condições para constatar essa verdade, mesmo assim, deveríamos ter a honestidade para connosco e deixar de nos enganarmos, só para demonstrar aos outros que não temos medo, ou que temos plena convicção naquilo que afirmamos serem as nossas certezas. O método mais prudente, para aqueles que nunca conseguiram de verdade, constatar se existem os planos espirituais e existindo, como serão, a melhor forma de lidar com tal realidade, não passa por a atual atitude de quase toda a humanidade, mas sim, manda a prudência que se criem várias possibilidades e mentalmente, prepara-nos para elas. 
Vamos fazer uma reflexão prática.  Imagine que cria um conjunto de possibilidades para o caso de haver existência para alem desta. Quanto mais coerentes e diversas forem essas hipóteses, mais bem preparado estará, é como alguém que se prepara para viajar para um sitio que não sabe como é ou o que lá irá encontrar. A melhor forma de se preparar num caso desses, é prever todas as possibilidades e assim aquilo que será esse clima, idioma, cultura, forma de vida em geral, andará dentro da escala que previu. Não será exatamente como as que previu, mas estará certamente mais bem preparado do que se nada tivesse feito, comportando-se como que se nunca fosse ter de fazer essa viagem. 
Agora vamos imaginar a versão dos não crentes. Se por acaso tudo terminar com o fim desde ciclo de vida e assim confirmando-se aquilo que é a versão da ciência ortodoxa quando explica que a vida é unicamente um fenómeno fisiológico e neurológico. Se assim for, porque ter medo?! Medo de quê? Se tudo terminar ali, com o ato que é a morte, não havendo existência não há sofrimento, não haverá inferno, ou céu, não haverá necessidade de autojulgamento ou de qualquer punição. Apenas deixaremos que ter função e isso significará que voltaremos a ser o que eramos antes do nascimento, na perspetiva do ato de ter consciência – nada. Bem pior do que isto, é a possibilidade que existir algo depois desta existência e ai é como ir fazer a tal viagem sem qualquer preparação.
Se não há nada depois desta existência, se tudo não é mais que um conjunto de reações fisiologias e neurológicas, então pergunto – “Lembra-se do quanto sofria antes da nascer neste plano?”  Se não e se a condição a que voltamos na versão dos não-crentes, será essa, então, não voltaremos à mesma condição anterior?! Certo! Nessa condição não havia sofrimento, pois não havia consciência de nada e assim sendo, voltaremos a ela.
Na verdade temos medo da morte, mas nunca refletimos sobre o motivo desse medo. O motivo do medo da morte, é igual para os que não acreditam haver mais nada para alem desta existência e para os que acreditam haver. Na verdade temos medo, não, de não sabermos o que ocorrerá, temos medo de perder a individualidade. O medo da morte é igual para os crentes e não crentes, pois esse medo é sobre a sensação de deixar de se sentir – EU SOU. Deixar de existir, é o medo de perder-se como ser individual e não somente o desconhecido, por si. Se não fosse assim, porque os não crentes teriam medo de morrer, se para eles, não há desconhecido?!
Perante a ignorância gerada pelo desconhecimento destes temas, podemos não querer admitir, mas a atitude dos não crentes não é muito diferente da dos crentes pela fé cega. Ambos têm em comum o medo de adentrar nestes temas ou então pela acídica em que preferem permanecer, acabam ambos, por adiar qualquer conclusão para alem da que seja a mais simples para os seus medos – crer pela fé que não questiona nada ou não crer em nada. Sempre que precisamos que resolver as nossas fobias, precisamos ir à sua origem, isso exigir, coragem, trabalho e esforço árduo. Exige possivelmente conhecer e ter como verdades, realidades que preferimos enfrentar o mais tarde possível. Mas não se iluda, pois todos teremos que as enfrentar um dia e nesse dia, teremos que o fazer solitariamente.
(...)

In: Livro – “A origem dos mistérios, verdades e mentiras. Capitulo XIII – Inimigo publico numero um.”

sábado, 8 de dezembro de 2012

AINDA É TEMPO.




Logo depois do primeiro bater de coração, o nosso corpo, ainda um feto, estará preparado para receber um novo espirito, o nosso espirito. Na verdadeira fase final de gestação, é definida já em função das características e escolhas do espirito que nele irá encarnar. Mais ou menos quando da primeira batida do coração, a consciência-espirito que nele escolhe encarnar, começa a ter pequenos flashes, lentamente ele vai-se habituando, de novo, ao condicionalismo que é estar retido num corpo físico e ao mesmo tempo, vai preparado a adequação desse corpo às características que necessitará para vivenciar o conjunto de experiencias que o levaram a encarnar.
É assim que reencarnamos, deixando lentamente esse outro mundo onde vivemos, muitos de nós, à semelhança do que acontece quando abandonam este mundo, também ao abandonar esse outro mundo, de novo nesta direção, quase não têm consciência clara do que irá ocorrer. Muitos de nós apenas seguimos instintos, sentimos impulsos, presenciamos flashes de algo que não percebemos com clareza, de algo que é na realidade a nossa vontade, o nosso QUERER SUPERIOR, mas que mesmo nesse estado em que ai vivemos, não é para muitos de nós, claro.  Não julgue que ao passar para esse estado de consciência tudo se torna claro, tudo lhe será mostrado e tudo entenderá. Essa é mais uma etapa, mais um estado e se está a ler esta reflexão é porque em algum momento, o seu QUERER, decidiu regressar a esta existência e não ascender aos verdadeiros estados de consciência, onde um dia perceberemos que vivemos verdadeiramente ai e é onde está esse nosso QUERER.
Quando encarnamos plenamente, levamos alguns anos terrestres para nos habituarmos a saber coordenar a nossa consciência-espirito, com os órgãos fisiológicos que geram a perceção da existência – sistema nervoso e principalmente aquilo que muitos entendem por cérebro, mas pretendem referir-se como sendo o complexo fenómeno que é a mente. Esta ultima, transcende e simultaneamente, une o mundo físico ao mundo espiritual. Neste primeiro período da nossa nova encarnação, o espirito vai adormecendo lentamente e transformando-se naquilo que entendemos por mente, esta por sua vez, vais sendo formatada, com códigos, conceitos, criando aquilo que podemos considerar a capa com que toda a mente viverá – o ego. Aproximadamente 5 a 7 anos depois de ter culminado o ato da gestação, através do nascimento, o espirito fica finalmente aprisionado dentro do corpo que escolheu, apenas reconhecendo o que entendemos por mente.
Este é o ato do renascer espiritual nos planos baixos da existência, este é o ato que todos olvidamos quando despertamos para mais um ciclo de encarnação. Muitos de nós, voltamos de novo, convictos que precisamos livrar-nos dos códigos, de conceitos e preconceitos (preconceitos = códigos + conceitos) que não nos permitiram, mesmo nesse outro plano onde estivemos, ter o entendimento que julgávamos possível e necessário. Estando nesse plano, aquele que muitos chamam de céu | inferno | purgatório, todos nomes que se dão, para um nível que devemos entender ser um outro estado de consciência, apenas isso, muitos julgam poder entender tudo o que aqui, neste plano físico, nem se preocupam em entender. Assim quase todos terminam por viver ai, como vivem aqui, como que nem querendo questionar, preferindo repetir, repetir, voltar, voltar vezes sem conta, sem saber quantas vezes já reiniciamos todo o processo de novo. Basta para isso, olvidar que já o fizemos e sempre que através de sonhos, sensações, flashes e outras formas de linguagem recebemos pequenas partes dessas outras experiencias, preferimos fazer o que fazemos aos sonhos – “Ah, mas que sonho estranho, ainda bem que foi apenas isso - um sonho”.
Julgamos que podemos relegar tudo para que alguém um dia resolva, ai por vezes aquilo que chamamos consciência, alerta-nos para a necessidade de cumprir o verdadeiro motivo porque viemos a este mundo e novamente nós, por acídia pura, entregamos tudo nas mãos da fé, expressa naquilo que as religiões acabaram por ter que apresentar como respostas, para apaziguar as necessidades mais profundas do nosso espirito, mas que nós teimamos em recalcar. Que culpa têm as religiões da nossa acídia? São elas responsáveis de todos nós não queremos procurar o nosso caminho, não queremos cumprir a missão para que encarnamos?! Elas apenas fazem o que nós lhes pedimos, afinal de contas, somos nós que as criamos.
Estes são pensamentos de todos deveríamos colocar-nos, exames de consciência, profundos e não exames da consciência criada pela sociedade, pelos códigos do certo e errado, pelo que aparentemente pode e não pode ser feito. Posso roubar, desde que seja subtil na forma como roubo. Posso fazer tudo o que possa prejudicar outros, desde que o faça ao abrigo dos códigos da sociedade, das leis do homem, dos preceitos das religiões oficializadas. Somos julgados por nós mesmo e esse julgamento é feito com base nos códigos que uns e outros ao longo da existência da humanidade, vamos criando, como forma de nos governarmos. Mas o importante é não ser descoberto socialmente da quebra de alguns desses códigos, quando na realidade, todos já os quebraram, absolutamente todos.
Não julgue que tudo o que tem sido por si feito, não será por si, alvo de julgamento. Esse dia chegará para todos e ai não contam os códigos, as leis do homem e muito menos aqueles que o próprio homem inventou como sendo as leis de DEUS. Nesse dia, como já ocorreu antes, noutras vidas que você teve, enfrentará a sua própria consciência e será ela o seu juiz. Não há LEI mais justa que esta LEI de DEUS, a do autojulgamento e não há maior bondade que a bondade SUPEREMA da plenitude que ELE nos dá através do livre-arbítrio. Mas são estas duas condições, estas duas mãos que nos guiam, mas também são elas que nos castigam. Assim não se esqueça que devemos a todo o momento fazer profundos exames de consciência para nós e sobre nós mesmo.  Encare isso como um treino para o derradeiro momento.
Hoje, depois de todo o meu trajeto de vida, olho para mim, como que se num espelho me visse e pergunto-me – “Afinal quem és tu?”. Qual foi o prepósito que te trouxe? Porque fiz o que fiz, como e de que forma me deixei iludir, enredando naquilo que a vida me tornou?!... Pergunto-me como será esse dia em que me encontrei comigo mesmo, depois de ter usado do meu livre-arbítrio, olhando para o que fiz dele, questiono-me como me julgarei. Será certamente um julgamento justo, disso não duvido. Já não sei, quanto ao resultado desse julgamento, mas procuro não me deixar levar pelas aparentes armadilhas que a vida me coloca. Já errei quanto baste, já cedi aos instrumentos do ego, da duvida, do medo, dos códigos criados pela sociedade para me afastar do verdadeiro caminho, pelo qual decidi vir a este plano.
Mesmo não sabendo qual o meu caminho, sei que ele não se fará cumprindo aquilo que a sociedade encara como o correto, o que deve ser feito. Esse pode ser mais um caminho ardiloso, como muitos outros que tenho seguido, pois todos eles são montados com base no certo e errado que aprendi quando me enredei nos truques que me trouxeram distraído até aqui. Como pode ser certo, só porque, mesmo agindo de forma que prejudique muitos outros, mas dentro da lei do homem e ser errado, a humilde tentativa que deu errado, mas cometida pela entrega plena, na tentativa do beneficio comum?!! Não quero este tipo de códigos que me julgam pelo que foi o resultado, na perspetiva dos seus interesses, mas que nunca olham para o genuíno motivo que me levou a iniciar tal ação.  No meu dia de julgamento, quando em plena consciência me tiver que condenar, preferido que essa condenação seja porque não resistir a assimilar alguns desses códigos sociais perfeitamente aberrantes e isso me ter feito perder tempo e envolver-me ainda mais. Mas ainda é tempo, ainda posso recuperar o suficiente para fazer o que tenho por fazer.
Olho para a minha vida e penso – “…errei quando disse a um amigo que não o podia ajudar financeiramente e na verdade não podia mesmo, ou errou ele quando se aproximou de mim, alegando amizade?!!” “…errei quando me divorciei que alguém que ainda muito jovem, por capricho, decidiu engravidar e só após 6 meses informar?!!” “..errei quando por várias vezes me envolvi na criação de empresas e durante pouco ou muito tempo, essas empresas asseguraram postos de trabalho, mas como tudo na vida tendo um ciclo. Começa e termina?!!” “…errei quando o meu próprio filho, depois de se tornar adulto, olhando para mim, com esses códigos da sociedade, me julgou por algo que não sou?!!”, “…errei quando confiando num amigo de juventude e mais tarde advogado, depositando nas suas mãos, dinheiro que ele deveria usar para efetuar pagamentos de uma empresa que ai se extinguia, o usou em proveito próprio e mais tarde num ato de pleno abuso imoral, aproveitou-se do desmantelamento do património advindo para lucrar e fazer lucrar outros??!!!” “…errei quando tentei criar projetos para gerar postos de trabalho, quando muitos, imensos, se aproximaram, ofuscados pela vil intenção, alegando apenas empenho e malogrado o arranque desses projetos, todos mostram as intenções que os levavam a tal proximidade??!!”.
Como posso estar errado eu??!! Essa é a questão que me importa conhecer, pois não procuro vinganças, já o fiz, mas não faço mais, já me levaram por esse caminho, mas já não me levam mais. Procuro encontrar-me, procuro ter a certeza das justeza com que vivo esta vida. Embora saiba que esta mesma vida, até chegar aqui, teve que me mostrar os caminhos errados. Mas esses caminhos errados, estão longe do entendimento que muitos julgam ser certo ou errado. Pobres, tristes dos que vivem nesse engano, como um dia eu também vivi, convicto que sabia o que fazia, do que era certo e errado, preocupado com o julgamento que os outros fariam, sem sequer perceber que o único julgamento que importa, terá lugar num único momento e nesse momento irei estar só, serei só eu. Por isso hoje faço-me essa pergunta – Estarei errado, por ser tão genuíno, por tentar ser o que seria se não tivesse preso ao que outros possam pensar, ao que a sociedade possa julgar de mim?!!!
Hoje olho para a vida que vivi, olho para o caminho que fiz e pergunto-me o que ainda preciso fazer,  antes de terminar este meu momento de existência que chamamos vida. Em vários momentos do meu dia a dia, imagino o meu momento derradeiro. Enquanto muitos fazem tudo por não pensar nele, hoje eu faço dessa reflexão o modo natural de me preparar para algo que só eu posso fazer. Imagino-o porque devo manter uma constante critica e nível profundo de autojulgamento que me mantenha alinhado com aquilo que pode ser um caminho que aparentemente errado, nos códigos sociais, é na verdade um dos verdadeiros caminhos que me podem levar um dia a sair da encruzilhada que se chama reencarnação.
Hoje quase me consigo lembrar dos momentos, em que estando noutro plano, resolvi encarnar e dessa encarnação, cumprir um objetivo. Mas tenho momentos em que percebo em plenitude o que me trouxe aqui, momentos de lucidez plena que depois se ofuscam pelas regras a que todos estamos sujeitos – códigos, conceitos e a importância que atribuímos ao julgamento dos outros. Ardis do próprio ego que nos limita a todos e nos remete a todos, a uma única condição, condenados a viver em ciclos, de reencarnação em reencarnação, enredados no que não importa, envoltos pelo aparente conforto ilusório a que estes planos nos obrigam. Somos seres Omnipotentes, a viver estados de incapacidade.
Quantas vidas eu vou QUERER voltar a viver até me dar conta?!! E você, quantas vidas já viveu?! Quantas vidas vai QUERER viver mais, sem que o despertar aconteça?!! Ainda é tempo, ainda pode valer a pena, basta que faça o primeiro gesto nesse sentido, basta que perca o medo, basta que questione, mas logo depois, abandone a duvida que quando não abandonada, paralisa o QUERER. Ainda é tempo de eu cumprir os desígnios que me mandaram aqui, ainda é tempo para mim e para si….AINDA É TEMPO.