Logo
depois do primeiro bater de coração, o nosso corpo, ainda um feto, estará
preparado para receber um novo espirito, o nosso espirito. Na verdadeira fase
final de gestação, é definida já em função das características e escolhas do
espirito que nele irá encarnar. Mais ou menos quando da primeira batida do
coração, a consciência-espirito que nele escolhe encarnar, começa a ter
pequenos flashes, lentamente ele vai-se habituando, de novo, ao condicionalismo
que é estar retido num corpo físico e ao mesmo tempo, vai preparado a adequação
desse corpo às características que necessitará para vivenciar o conjunto de
experiencias que o levaram a encarnar.
É
assim que reencarnamos, deixando lentamente esse outro mundo onde vivemos,
muitos de nós, à semelhança do que acontece quando abandonam este mundo, também
ao abandonar esse outro mundo, de novo nesta direção, quase não têm consciência
clara do que irá ocorrer. Muitos de nós apenas seguimos instintos, sentimos
impulsos, presenciamos flashes de algo que não percebemos com clareza, de algo
que é na realidade a nossa vontade, o nosso QUERER SUPERIOR, mas que mesmo
nesse estado em que ai vivemos, não é para muitos de nós, claro. Não julgue que ao passar para esse estado de
consciência tudo se torna claro, tudo lhe será mostrado e tudo entenderá. Essa
é mais uma etapa, mais um estado e se está a ler esta reflexão é porque em
algum momento, o seu QUERER, decidiu regressar a esta existência e não ascender
aos verdadeiros estados de consciência, onde um dia perceberemos que vivemos verdadeiramente
ai e é onde está esse nosso QUERER.
Quando
encarnamos plenamente, levamos alguns anos terrestres para nos habituarmos a
saber coordenar a nossa consciência-espirito, com os órgãos fisiológicos que
geram a perceção da existência – sistema nervoso e principalmente aquilo que
muitos entendem por cérebro, mas pretendem referir-se como sendo o complexo
fenómeno que é a mente. Esta ultima, transcende e simultaneamente, une o mundo
físico ao mundo espiritual. Neste primeiro período da nossa nova encarnação, o
espirito vai adormecendo lentamente e transformando-se naquilo que entendemos
por mente, esta por sua vez, vais sendo formatada, com códigos, conceitos, criando
aquilo que podemos considerar a capa com que toda a mente viverá – o ego.
Aproximadamente 5 a 7 anos depois de ter culminado o ato da gestação, através do
nascimento, o espirito fica finalmente aprisionado dentro do corpo que
escolheu, apenas reconhecendo o que entendemos por mente.
Este
é o ato do renascer espiritual nos planos baixos da existência, este é o ato
que todos olvidamos quando despertamos para mais um ciclo de encarnação. Muitos
de nós, voltamos de novo, convictos que precisamos livrar-nos dos códigos, de
conceitos e preconceitos (preconceitos = códigos + conceitos) que não nos
permitiram, mesmo nesse outro plano onde estivemos, ter o entendimento que
julgávamos possível e necessário. Estando nesse plano, aquele que muitos chamam
de céu | inferno | purgatório, todos nomes que se dão, para um nível que devemos
entender ser um outro estado de consciência, apenas isso, muitos julgam poder
entender tudo o que aqui, neste plano físico, nem se preocupam em entender.
Assim quase todos terminam por viver ai, como vivem aqui, como que nem querendo
questionar, preferindo repetir, repetir, voltar, voltar vezes sem conta, sem
saber quantas vezes já reiniciamos todo o processo de novo. Basta para isso,
olvidar que já o fizemos e sempre que através de sonhos, sensações, flashes e
outras formas de linguagem recebemos pequenas partes dessas outras
experiencias, preferimos fazer o que fazemos aos sonhos – “Ah, mas que sonho
estranho, ainda bem que foi apenas isso - um sonho”.
Julgamos
que podemos relegar tudo para que alguém um dia resolva, ai por vezes aquilo
que chamamos consciência, alerta-nos para a necessidade de cumprir o verdadeiro
motivo porque viemos a este mundo e novamente nós, por acídia pura, entregamos
tudo nas mãos da fé, expressa naquilo que as religiões acabaram por ter que
apresentar como respostas, para apaziguar as necessidades mais profundas do
nosso espirito, mas que nós teimamos em recalcar. Que culpa têm as religiões da
nossa acídia? São elas responsáveis de todos nós não queremos procurar o nosso
caminho, não queremos cumprir a missão para que encarnamos?! Elas apenas fazem
o que nós lhes pedimos, afinal de contas, somos nós que as criamos.
Estes
são pensamentos de todos deveríamos colocar-nos, exames de consciência,
profundos e não exames da consciência criada pela sociedade, pelos códigos do
certo e errado, pelo que aparentemente pode e não pode ser feito. Posso roubar,
desde que seja subtil na forma como roubo. Posso fazer tudo o que possa
prejudicar outros, desde que o faça ao abrigo dos códigos da sociedade, das
leis do homem, dos preceitos das religiões oficializadas. Somos julgados por
nós mesmo e esse julgamento é feito com base nos códigos que uns e outros ao
longo da existência da humanidade, vamos criando, como forma de nos
governarmos. Mas o importante é não ser descoberto socialmente da quebra de
alguns desses códigos, quando na realidade, todos já os quebraram,
absolutamente todos.
Não
julgue que tudo o que tem sido por si feito, não será por si, alvo de
julgamento. Esse dia chegará para todos e ai não contam os códigos, as leis do
homem e muito menos aqueles que o próprio homem inventou como sendo as leis de
DEUS. Nesse dia, como já ocorreu antes, noutras vidas que você teve, enfrentará
a sua própria consciência e será ela o seu juiz. Não há LEI mais justa que esta
LEI de DEUS, a do autojulgamento e não há maior bondade que a bondade SUPEREMA
da plenitude que ELE nos dá através do livre-arbítrio. Mas são estas duas
condições, estas duas mãos que nos guiam, mas também são elas que nos castigam.
Assim não se esqueça que devemos a todo o momento fazer profundos exames de
consciência para nós e sobre nós mesmo.
Encare isso como um treino para o derradeiro momento.
Hoje,
depois de todo o meu trajeto de vida, olho para mim, como que se num espelho me
visse e pergunto-me – “Afinal quem és tu?”. Qual foi o prepósito que te trouxe?
Porque fiz o que fiz, como e de que forma me deixei iludir, enredando naquilo
que a vida me tornou?!... Pergunto-me como será esse dia em que me encontrei
comigo mesmo, depois de ter usado do meu livre-arbítrio, olhando para o que fiz
dele, questiono-me como me julgarei. Será certamente um julgamento justo, disso
não duvido. Já não sei, quanto ao resultado desse julgamento, mas procuro não
me deixar levar pelas aparentes armadilhas que a vida me coloca. Já errei
quanto baste, já cedi aos instrumentos do ego, da duvida, do medo, dos códigos
criados pela sociedade para me afastar do verdadeiro caminho, pelo qual decidi
vir a este plano.
Mesmo
não sabendo qual o meu caminho, sei que ele não se fará cumprindo aquilo que a
sociedade encara como o correto, o que deve ser feito. Esse pode ser mais um
caminho ardiloso, como muitos outros que tenho seguido, pois todos eles são
montados com base no certo e errado que aprendi quando me enredei nos truques
que me trouxeram distraído até aqui. Como pode ser certo, só porque, mesmo
agindo de forma que prejudique muitos outros, mas dentro da lei do homem e ser
errado, a humilde tentativa que deu errado, mas cometida pela entrega plena, na
tentativa do beneficio comum?!! Não quero este tipo de códigos que me julgam
pelo que foi o resultado, na perspetiva dos seus interesses, mas que nunca
olham para o genuíno motivo que me levou a iniciar tal ação. No meu dia de julgamento, quando em plena
consciência me tiver que condenar, preferido que essa condenação seja porque
não resistir a assimilar alguns desses códigos sociais perfeitamente aberrantes
e isso me ter feito perder tempo e envolver-me ainda mais. Mas ainda é tempo,
ainda posso recuperar o suficiente para fazer o que tenho por fazer.
Olho
para a minha vida e penso – “…errei quando disse a um amigo que não o podia
ajudar financeiramente e na verdade não podia mesmo, ou errou ele quando se
aproximou de mim, alegando amizade?!!” “…errei quando me divorciei que alguém
que ainda muito jovem, por capricho, decidiu engravidar e só após 6 meses
informar?!!” “..errei quando por várias vezes me envolvi na criação de empresas
e durante pouco ou muito tempo, essas empresas asseguraram postos de trabalho,
mas como tudo na vida tendo um ciclo. Começa e termina?!!” “…errei quando o meu
próprio filho, depois de se tornar adulto, olhando para mim, com esses códigos
da sociedade, me julgou por algo que não sou?!!”, “…errei quando confiando num
amigo de juventude e mais tarde advogado, depositando nas suas mãos, dinheiro
que ele deveria usar para efetuar pagamentos de uma empresa que ai se
extinguia, o usou em proveito próprio e mais tarde num ato de pleno abuso
imoral, aproveitou-se do desmantelamento do património advindo para lucrar e
fazer lucrar outros??!!!” “…errei quando tentei criar projetos para gerar
postos de trabalho, quando muitos, imensos, se aproximaram, ofuscados pela vil
intenção, alegando apenas empenho e malogrado o arranque desses projetos, todos
mostram as intenções que os levavam a tal proximidade??!!”.
Como
posso estar errado eu??!! Essa é a questão que me importa conhecer, pois não
procuro vinganças, já o fiz, mas não faço mais, já me levaram por esse caminho,
mas já não me levam mais. Procuro encontrar-me, procuro ter a certeza das
justeza com que vivo esta vida. Embora saiba que esta mesma vida, até chegar
aqui, teve que me mostrar os caminhos errados. Mas esses caminhos errados,
estão longe do entendimento que muitos julgam ser certo ou errado. Pobres,
tristes dos que vivem nesse engano, como um dia eu também vivi, convicto que
sabia o que fazia, do que era certo e errado, preocupado com o julgamento que
os outros fariam, sem sequer perceber que o único julgamento que importa, terá
lugar num único momento e nesse momento irei estar só, serei só eu. Por isso
hoje faço-me essa pergunta – Estarei errado, por ser tão genuíno, por tentar
ser o que seria se não tivesse preso ao que outros possam pensar, ao que a
sociedade possa julgar de mim?!!!
Hoje
olho para a vida que vivi, olho para o caminho que fiz e pergunto-me o que
ainda preciso fazer, antes de terminar
este meu momento de existência que chamamos vida. Em vários momentos do meu dia
a dia, imagino o meu momento derradeiro. Enquanto muitos fazem tudo por não
pensar nele, hoje eu faço dessa reflexão o modo natural de me preparar para
algo que só eu posso fazer. Imagino-o porque devo manter uma constante critica
e nível profundo de autojulgamento que me mantenha alinhado com aquilo que pode
ser um caminho que aparentemente errado, nos códigos sociais, é na verdade um
dos verdadeiros caminhos que me podem levar um dia a sair da encruzilhada que
se chama reencarnação.
Hoje
quase me consigo lembrar dos momentos, em que estando noutro plano, resolvi
encarnar e dessa encarnação, cumprir um objetivo. Mas tenho momentos em que
percebo em plenitude o que me trouxe aqui, momentos de lucidez plena que depois
se ofuscam pelas regras a que todos estamos sujeitos – códigos, conceitos e a
importância que atribuímos ao julgamento dos outros. Ardis do próprio ego que
nos limita a todos e nos remete a todos, a uma única condição, condenados a
viver em ciclos, de reencarnação em reencarnação, enredados no que não importa,
envoltos pelo aparente conforto ilusório a que estes planos nos obrigam. Somos
seres Omnipotentes, a viver estados de incapacidade.
Quantas
vidas eu vou QUERER voltar a viver até me dar conta?!! E você, quantas vidas já
viveu?! Quantas vidas vai QUERER viver mais, sem que o despertar aconteça?!! Ainda
é tempo, ainda pode valer a pena, basta que faça o primeiro gesto nesse
sentido, basta que perca o medo, basta que questione, mas logo depois, abandone
a duvida que quando não abandonada, paralisa o QUERER. Ainda é tempo de eu
cumprir os desígnios que me mandaram aqui, ainda é tempo para mim e para
si….AINDA É TEMPO.