domingo, 24 de março de 2013

Os caminhos da magia - a libertação e o aprisionamento.


"Nunca saberemos quem somos, sem antes percebermos o que fazemos aqui." AC


Todo o estudante ou busca-dor (a) que adentra pelos caminhos do esoterismo, deve estar consciente dos vários perigos que esses caminhos apresentam. O maior perigo de todos, em todas as ciências do esoterismo, está presente sutilmente na própria genuinidade dessas ciências. Desde a magia, alquimia, cabala e a própria filosofia esotérica, mesmo quando autenticas, representam enormes perigos para todo o que a busca conhecer. Quando ocorrer o chamamento que leva o ser na busca, esse chamamento no seu significado mais puro, representa a procura do espírito pela libertação dos estados de aprisionamento. Os maiores inimigos da libertação, o busca-dor encontra quando adentra no conhecimento ARCANO que as ciências ocultas apresentam. As ciências ocultas que designamos de magia ou alquimia, por exemplo, tanto podem auxiliar na libertação, como podem ser instrumentos de fortalecimento do aprisionamento.
Olhe-se para todos os denominados magos ou alquimistas, o que eles conseguiram, sob o ponto de vista do verdadeiro objetivo do que representa a evolução espiritual – a libertação do espírito dos planos de aprisionamento?! Até podem adquirir enormes qualidades de manuseamento dos procedimentos mágicos e alquímicos, mas como isso apenas conseguem aumentar o seu envolvimento nos níveis em que esses processos são válidos e assim simultaneamente, aumentar o seu grau de envolvimento com os planos que tornam validos tais fenómenos.
Todo o Iniciado sabe que existem dois caminhos, a que o manuseamento das ciências ocultas podem levar – o fortalecimento do envolvimento nestes planos ou o auxílio destas no processo de libertação. Ter permanentemente a clareza de perceber a diferença e assim manter-se afastado da atração que geram os efeitos que a magia e alquimia pode provocar quando usada para influenciar a existência tal qual a conhecemos, é o grande segredo do Iniciado para reconhecer os limites até onde estas ciências servem um ou outro caminho.
Usando a magia, tanto é possível adquirir poder e influenciar a existência de forma a beneficiar-nos nos planos da materialidade, conseguindo simultaneamente um maior envolvimento e aprisionamento, assim como usando-o de forma sábia, podemos desenvolver os mecanismos que nos tornam seres livres e assim conseguirmos interpretar todos os truques em que estamos mergulhados, permitindo a nossa libertação – o regresso ao nosso verdadeiro estado de consciência – a plena libertação.
Quando procurar desenvolver os seus conhecimentos acerca das ciências ocultas, procure primeiro ter certeza do que pretende conseguir com elas e mais importante ainda, tenha consciência das consequências resultantes da forma como o seu manuseamento se dará. Aqui vale a frase milenar, vinda da experiência – “Toda a causa, origina a correspondente consequência”.  

quinta-feira, 14 de março de 2013

sábado, 9 de março de 2013

A arte da libertação – Hermetismo para todos.


Tudo terminava como tinha começado. Motivado pelo querer saber, acabei por entender que aquilo que todos procuramos e pensamos estar algures nos confins do mundo, afinal, sempre esteve bem perto de nós, tão perto que mais, seria impossível…


O caminho tinha sido longo, as cicatrizes que transportava eram profundas, bem marcadas, mas estavam totalmente curadas. Ninguém faz uma viagem destas sem se magoar, sem ter que recuperar. Os erros fazem parte da jornada, são eles que nos direcionam no caminho certo e para isso temos que arriscar. Sem arriscar não há erros, mas sem arriscar não há caminho, não há nada, apenas o medo, a dúvida e o apego à nossa zona de conforto, ao conhecido.
Tinha partido para esta viagem, frágil, acompanhado apenas pelos fantasmas de toda uma vida - o medo, a dúvida e o apego ao meu mundo. Nada mais levava comigo. Movido apenas por uma breve e ténue VOZ que por vezes me chamava para a necessidade de lutar contra estes fantasmas.
Mas que voz era esta e porque me incomodava constantemente?! Porque lhe dava importância?! Porque não seguia a minha vida, como todos os outros?!
Vivia uma vida normal, como qualquer outro. Não poderia afirmar que era diferente de tantos outros. Mas não é isso a felicidade alcançável? Que mais podemos querer da vida? Podemos pedir mais?
Essa voz, quando a conseguia ouvir, dizia-me que sim. Era possível ter muito mais, era possível atingir a plenitude, ter tudo, ser absoluta e permanentemente feliz. Se isso fosse possível então eu queria atingi-lo. Mas algo me dizia que isso poderia ser algo irrealizável ou pior ainda, mesmo podendo ser alcançável, para tal, seriam pedidos grandes sacrifícios.
Estaria eu preparado para esses sacrifícios, estaria eu disponível para correr o risco de me lançar em algo que pode nem ser realizável?! Tantos medos, tantas dúvidas e apenas uma certeza – do apego ao conforto da realidade que me era familiar.
Tinha que ser diferente dos outros?! Se quase todos se mantinham no conforto aparente do seu mundo conhecido. Era assim que vivia a maioria da Humanidade, embora houvesse uma pequeníssima minoria que tivesse tido a coragem de correr o risco, os resultados alcançados por essa pequena minoria, não eram minimamente compensadores. Bastava olhar para aqueles que tinham feito essa opção.
Na sua maioria vivem uma vida de alienados, na verdade, é como se não vivessem. Certamente que o objetivo da existência, passa por vivermos e não por nos isolarmos de tudo e de todos. Mesmo que isso seja feito na tentativa de nos libertarmos dos tais fantasmas que todos transportamos, como uma herança que recebemos com o nascimento e que se vai fortalecendo com o decurso da nossa vida.
 Mesmo não sabendo se aquela voz que me instigava era confiável, mesmo sabendo do insucesso dos que se atreveram a correr o risco, mesmo assim, não podia condenar-me à certeza representada no aparente conforto com que até ali a minha vida tinha sido vivida. Tinha que tentar…
Iniciei o meu caminho, convicto que sabia o que procurar, apenas precisava descobrir onde procurar.
Não foi diferente, este meu início, este meu erro primordial, de tantos outros que se atrevem a tentar fazer esse caminho. Todos partem para essa busca, convencidos que sabem o que procurar. Na realidade, não é errada essa ideia, pois à luz da consciência que temos na época, somos movidos pelo que acreditamos ser verdade. Mesmo que mais tarde se compreenda que aquilo que pensávamos ser a verdade, era afinal uma imagem destorcida e condicionada, pela forma limitada como víamos o mundo nessa época, mesmo assim, é essa realidade distorcida que nos motiva à procura que termina por nos permitir ter uma consciência mais clara, levando-nos a perceber o equivoco, mas também levando-nos para outro nível de perceção do mundo e de nós.
Isto é semelhante à imagem que a alquimia espiritual plasma no significado da pedra filosofal. Todo o aprendiz alquímico, aventura-se no estudo da alquimia com um objetivo inicial que nunca é aquele que termina por resultar no que é expresso quando o aprendiz alcança todas as etapas da alquimia. Na verdade, o aprendiz procura a alquimia, com o objetivo de conseguir produzir aquilo que é, no seu lerdo entender, a pedra filosofal.   
Na sua maioria, dos que se iniciam esta busca, poucos são os que persistem e chegam ao fim, pois em pouco tempo, quase todos, percebem que afinal o que eles procuravam não é de alcance fácil, precisando de dedicação sincera e entrega plena. Mas mesmo aqueles que têm condições para se manter no processo de aprendizagem, necessitam de muito tempo e só após todo esse tempo, chegam a perceber que para além do empenho, entrega e dedicação sincera, o alcance da tal desejada pedra filosofal, reserva-lhe algo inimaginável. Na realidade, aquilo que a alquimia faz de mais relevante, não é dar a fonte da vida eterna ou a capacidade de transformar vil, em nobre metal, no sentido literal do termo, mas sim no sentido mais elevado do termo.
Para todo o que consegue persistir na busca alquímica, aquele que era o objetivo inicial, transforma-se e transforma o aprendiz alquímico de tal maneira que ele percebe que o verdadeiro valor está naquilo em que ele se transformou e não no que ele aprendeu a transformar. Assim, mesmo sabendo como fazer, deixa de ter valor para o alquimista, o metal precioso e a capacidade de prolongar a vida física, pois ele sabe que existe a eternidade, sabe como chegar a ela e que nela, existem padrões de valores que transcendem, aqueles que ele aprendeu como transformar.
Assim como a alquimia, também outros caminhos, nos podem levar à transmutação da condição de ignorância à condição de Sabedoria. A transformação do ser em SER.

Extrato do livro_ A arte da libertação – Hermetismo para todos.

domingo, 3 de março de 2013

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A Águia e a Galinha
Uma metáfora da condição humana


Era uma vez um camponês que foi a floresta vizinha apanhar um pássaro para mantê-lo em sua casa. Conseguiu pegar um filhote de águia. Coloco-o no galinheiro junto com as galinhas. Comia milho e ração própria para galinhas. Embora a águia fosse o rei/rainha de todos os pássaros. Depois de cinco anos, este homem recebeu em sua casa a visita de um naturalista. Enquanto passeavam pelo jardim, disse o naturalista:
- Esse pássaro aí não é galinha. É uma águia.
- De fato – disse o camponês. É águia. Mas eu criei como galinha. 
Ela não é mas uma águia. Transformou-se em galinha como as outras, apesar das asas de quase três metros de extensão. 
- Não – retrucou o naturalista. Ela é e será sempre uma águia.
Pois tem um coração de águia. Este coração a fará um dia voar ás alturas. - Não, não – insistiu o camponês. Ela virou galinha e jamais voará como águia. Então decidiram fazer uma prova. O naturalista tomou a águia, ergueu-a bem alto e desafiando-a disse: - já que você de fato é uma águia, já que você pertence ao céu e não a terra, então abra suas asas e voe! A águia pousou sobre o braço estendido do naturalista. Olhava distraidamente ao redor. Viu as galinhas lá em baixo, ciscando grãos. E pulou para junto delas. O camponês comentou: 
- Eu lhe disse, ela virou uma simples galinha! 
-Não – tornou a insistir o naturalista. Ela é uma águia. 
E uma águia será sempre uma águia. Vamos experimentar novamente amanhã. 
No dia seguinte, o naturalista subiu com a águia no teto da casa. Sussurrou-lhe: 
- Águia, já que você é uma águia, abra as suas asas e voe! 
Mas quando a águia viu lá em baixo as galinhas, ciscando o chão, pulou e foi para junto delas. 
O camponês sorriu e voltou à carga: 
-Eu lhe havia dito, ela virou galinha! 
-Não – respondeu firmemente o naturalista. Ela é águia, possuirá sempre um coração de águia. Vamos experimentar ainda uma ultima vez. Amanhã a farei voar. 
No dia seguinte, o naturalista e o camponês levantaram bem cedo. Pegaram a águia, levaram para fora da cidade, longe das casas dos homens, no alto de uma montanha. O sol nascente dourava os picos das montanhas. O naturalista ergueu a águia para o alto e ordenou-lhe: 
- Águia, já que você é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, abra suas asas e voe! 
A águia olhou ao redor. Tremia como se experimentasse nova vida. Mas não voou. Então o naturalista segurou-a firmemente, bem na direção do sol, para que seus olhos pudessem encher-se da claridade solar e da vastidão do horizonte. 
Nesse momento, ela abriu suas potentes asas, grasnou com o típico kau-kau das águias e ergue-se, soberana, sobre se mesma. E começou a voar, a voar para o alto, a voar cada vez mais para o alto. Voou... voou... até confundir-se com o azul do firmamento... 

E Aggrey terminou conclamando: 

- Irmãos e irmãs, meus compatriotas! Nós fomos criados à imagem e semelhança de Deus! Mas houve pessoas que nos fizeram pensar como galinhas. E muitos de nós ainda acham que somos efetivamente galinhas. Mas nós somos águias. Por isso, companheiros e companheiras, abramos as asas e voemos . Voemos como as águias. Jamais nos contentemos com os grãos que nos jogarem aos pés para ciscar. 

( Leonardo Boff)

sexta-feira, 1 de março de 2013

A hora do Peregrino

"Quando queremos seguir o nosso caminho, aquele que é genuinamente o NOSSO, devemos caminhar sozinhos e de olhos postos unicamente nele, sem nos iludirmos com tantos outros, mesmo que aparentemente mais  fáceis." AC


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