“Quase sempre aquilo que vemos nos outros, é na verdade, um
reflexo do que somos.” AC
A
humanidade vive prisioneira de vários paradoxos, mas em nenhum deles, ela própria
está isenta de culpa. Em bom rigor, todos esses que a mantêm refém, são na
verdade, criados e mantidos por si. Então do que nos queixamos, se vivemos
eventos que nos desagradam, mas criados pelas consequências das nossas próprias
ações?!...
As
sociedades sofrem devido ao egoísmo dos que tudo têm e em nada se preocupam com
os que menos têm. Afirmamos e concordamos ser isto que faz toda a diferença e
de fato faz. Mas qualquer um de nós, mesmo aqueles que se consideram
prejudicados face aos que mais têm, alguma vez pararam para refletir sobre
todos os outros seres humanos que vivem no mundo com muito menos do que nós?!!
Então não é paradoxal, acusarmos aqueles que têm mais do que nós de nada
fazerem, quando desde sempre existiram muitos seres humanos lutando por
sobreviver e na verdade nós nunca pensamos neles ou em prestar qualquer ajuda?!
Como podemos criticar outros de algo que nós também fazemos e por incrível que
pareça, por vezes nem temos consciência disso.
Vivemos
sofrendo inúmeras injustiças, criadas com base em preconceitos sociais. Quem
nunca sofreu dessas injustiças preconceituosas? Na sua maioria, todas elas são
criados por códigos, incutidos desde o nosso nascimento. Então criamos códigos de
moral e ética, de certo e errado, de bom e mal, como forma de condicionarmos
comportamentos menos adequados na humanidade. Paradoxalmente estes tornam-se prisões, terminando por se tornar naquilo a
que denominamos preconceitos. Sempre e desde que esses conceitos éticos, estejam
em desacordo com os nossos interesses pessoais, chamamos-lhes - preconceitos. Quando
educamos os nossos filhos, quando exigimos dos que nos rodeiam comportamentos
ditos éticos ou morais, somos nós os primeiros responsáveis pela criação dos códigos
que levam aos comportamentos preconceituosos, pois esses códigos servem a ambas
as perspetivas, só dependendo da forma como o interesse da humanidade os possa
ver em cada caso e em cada momento.
Toda
a nossa existência tem como base o medo. Temos medo do futuro, devido à
incerteza do que ele nos reserva e esta incerteza tem por base o fato de não
ter controlo absoluto sobre todos os eventos. Sofremos no presente com esse
medo do futuro, sem sequer perceber que todas as respostas à resolução desses
medos, se encontram no passado. Tememos tudo porque criamos expetativas para o
futuro sem entendermos que as ações vividas no que vemos como passado, geraram
os medos de muitos outros e que as ações desses muitos outros, irão gerar a
origem das nossas próprias incertezas face ao futuro. Temos medo, porque não
controlamos o resultado dos eventos futuros e não o controlamos porque não
entendemos que todos os outros participam da construção desse nosso futuro.
Cada um de nós cria só parte desse futuro, mas todos juntos, definimos o futuro
de cada um e isso aterroriza-nos. Pois todos decidem sobre o nosso futuro e nós
aparentemente participamos só em parte nele, esquecendo que influenciamos uma
parte do futuro de toda a humanidade.
Somos
cocriadores dos eventos que geram mais tarde todos os nossos sofrimentos.
Unicamente temos dificuldade em perceber esta única realidade, porque enquanto
destinatários dos efeitos que ajudamos a criar, preferimos não acreditar que o
futuro de todos é feito por cada um de nós e que daquilo que cada um faz, dependemos
todos.
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