[ “A nossa vida
acontece em função das nossas decisões, certamente que sim, mas as cicatrizes
que transportamos, são fruto das decisões que permitimos e deixamos nas mãos de
outros.”
AC ]
Há
tantos nomes para Deus como crenças acerca do que Ele é, ou se pretenderem,
existem tantos nomes para Deus como perceções temos Dele. Quase todos afirmam
que o seu deus é o único e verdadeiro. Assim sendo os não crentes riem-se, pois
destas crenças, gera-se a situação caricata de quem vê de fora a questão,
afirmar – “?Organizem-se. Mas então, quem tem razão? Se o deus de cada um é
diferente dos outros e todos afirmam ser o seu o verdadeiro, quem tem razão? ”.
Na
verdade todos têm razão e nenhum tem a verdade absoluta. Todos os deuses da
humanidade existiram de uma forma ou de outra. Na pior das possibilidades,
existiram enquanto Egrégoras – entidades mentais resultante da fé e do culto
pelos seus crentes. Se acreditarmos no conceito de Universo Mental e dai, se
aceitarmos que a vida no próximo nível da existência é gerada em função do que
a nossa mente crê ser realidade, então na verdade, quando morrermos, certamente
se acreditarmos num determinado deus, num céu, anjos, etc., viveremos essa
realidade. Isso se na nossa consciência e perante o autojulgamento feito,
merecermos o direito de viver junto dele.
Mas
então cada um ou cada grupo, viverá a presença do seu deus. Um deus não
Creador, mas sim criado pelos seus fieis. Paradoxal?! Já nesse plano próximo,
mesmo estando junto do nosso deus, o deus da nossa fé, da nossa crença, não
estaremos sequer próximos do Creador. Aquele que originou este e os planos
seguintes que temos como existência é sem margem para duvidas o seu Creador,
todo o iniciado conhecedor da verdadeira Tradição sabe isso. Mas é ele o
verdadeiro DEUS? É a sua presença a derradeira e o mais elevado estado de
consciência? Os cavaleiros Templário afirmavam que não, através dos seus
comportamento podemos constatar isso, através das mensagens veladas, protegidas
como símbolos só entendíveis para os Iniciados, eles colocavam junto com
figuras santas, anjos, etc., do cristianismo, imagens pagãs, desconhecidas da
crença cristã, mas simbolicamente, afirmava o seu conhecimento sobre o conteúdo
da Arca da Aliança e do propósito da Creação.
Muitos aceitam sem questionar o porquê de
tantos deuses e todos eles diferentes. Outros questionam todos os outros,
aceitando apenas aqueles que lhe afirmaram ser o verdadeiro, sem que haja uma
razão para crer nele, a não ser a tal fé. Muitos outros questionam tudo e todos,
sem querer abrir a sua mente à racionalidade e dai, tentar perceber o porquê de
todos os seres humanos terem deuses diferentes e destes, se algum merece alguma
credibilidade.
Aos
deuses das civilizações do passado, afirmamos que os seus crentes, foram
levados pela ignorância a criar as crenças que permitiram a existência de todos
eles. A questão que podemos levantar, então é relativamente ao fato de, na
atualidade, estarmos livres dessa ignorância, pois se no passado, foi ela a
responsável por acreditarmos em várias conceções erradas de Deus, porque será
alguma da atual conceção de Deus, a correta?! Para ser uma delas a correta,
terá que estar, por traz da sua conceção ou entendimento, a plena cientificação
e um profundo estado de consciência. Para alem do fato de se uma está correta,
todas as outras estarão erradas, certo?!
Quem
estuda profundamente este tema, reconhece a incapacidade da mente finita
entender e consciencializar algo que é transcendente e infinito, assim sendo,
podemos usar o pensamento Hermético que diz – “Como pode o finito ter dentro de
si o entendimento do infinito, como pode o infinito estar contido no finito?”.
Então se pretendermos aproximar-nos do que é o entendimento sobre o que
representa Deus, deveremos apenas começar por aceitar que nunca, enquanto seres
finitos, teremos a mínima condição para o entender em plenitude. Poderemos sim,
à medida que a nossa consciência se torne mais clara, neste e em outros planos
da existência, ir tendo uma imagem mais clara Dele, mas nunca a verdadeira
imagem.
Nunca
um espelho poderá refletir a totalidade da existência, como nunca uma ínfima
parte da Creação poderá representar a capacidade de entender na sua totalidade essa
Creação, quanto mais o próprio Creador. Somos essa ínfima parte que procura
criar constantemente conceitos à imagem da sua limitada capacidade para os
perceber, quando na verdade, deveríamos perceber que dessa nossa limitação,
nascem todas as distorções e só aceitando tal fato, nos poderemos harmonizar
com a existência. Mas teimamos em nos julgar o centro do Universo, julgamos ser
a Humanidade o motivo da Creação, levando ao sentimento ridículo que o DEUS
vive em função da nossa existência, quando na verdade é exatamente ao
contrário.
Como
podemos querer entender o verdadeiro DEUS, se nem conseguimos conhecer-nos a nós
mesmos, ao mundo em que vivemos, a todos os que junto de nós vivem e até aos
outros planos da existência? Como podemos querer entender algo que está tão
longe de tudo isto, quando nem percebemos algo tão básico, quando comparado com
a transcendência que é DEUS - a nossa própria mente? Ridícula a presunção
humana. Quando qualquer homem da ciência afirma perentoriamente que o mundo
espiritual não existe. Ridícula a presunção humana quando um homem da fé afirma
que sabe o que existe para alem deste plano da existência, sem sequer ter
condição para ter realizado esse conhecimento, resguardada a sua afirmação, na
incapacidade de constatação geral da humanidade.
Esquecemos
que um dia, todos enfrentaremos o derradeiro momento. Crente e não crente. Existindo
ou não existindo o mundo espiritual, uma coisa é certa, o derradeiro momento é
uma verdade inquestionável, pois após o ato inicial do ciclo que é a vida,
representado pelo nascimento, só existe uma verdade que todos podemos aceitar –
o fim desse ciclo, a morte física e neurológica. Nesse dia, no dia derradeiro,
todo aquele que afirma não existir o mundo espiritual – comprovará a sua
afirmação e todo aquele que afirma conhecer esse mundo, sem o conhecer na
realidade, sentirá o mesmo que o primeiro – o medo derivado da ignorância, da
negação dos primeiros ou do autoengano dos segundos.
No
derradeiro momento todos, sem exceção, nos depararemos com a única e
inquestionável verdade. Para isso, mesmo que não tenhamos condições para
constatar essa verdade, mesmo assim, deveríamos ter a honestidade para connosco
e deixar de nos enganarmos, só para demonstrar aos outros que não temos medo,
ou que temos plena convicção naquilo que afirmamos serem as nossas certezas. O
método mais prudente, para aqueles que nunca conseguiram de verdade, constatar
se existem os planos espirituais e existindo, como serão, a melhor forma de
lidar com tal realidade, não passa por a atual atitude de quase toda a
humanidade, mas sim, manda a prudência que se criem várias possibilidades e
mentalmente, prepara-nos para elas.
Vamos
fazer uma reflexão prática. Imagine que
cria um conjunto de possibilidades para o caso de haver existência para alem
desta. Quanto mais coerentes e diversas forem essas hipóteses, mais bem
preparado estará, é como alguém que se prepara para viajar para um sitio que não
sabe como é ou o que lá irá encontrar. A melhor forma de se preparar num caso
desses, é prever todas as possibilidades e assim aquilo que será esse clima,
idioma, cultura, forma de vida em geral, andará dentro da escala que previu.
Não será exatamente como as que previu, mas estará certamente mais bem
preparado do que se nada tivesse feito, comportando-se como que se nunca fosse
ter de fazer essa viagem.
Agora
vamos imaginar a versão dos não crentes. Se por acaso tudo terminar com o fim
desde ciclo de vida e assim confirmando-se aquilo que é a versão da ciência
ortodoxa quando explica que a vida é unicamente um fenómeno fisiológico e
neurológico. Se assim for, porque ter medo?! Medo de quê? Se tudo terminar ali,
com o ato que é a morte, não havendo existência não há sofrimento, não haverá
inferno, ou céu, não haverá necessidade de autojulgamento ou de qualquer
punição. Apenas deixaremos que ter função e isso significará que voltaremos a
ser o que eramos antes do nascimento, na perspetiva do ato de ter consciência –
nada. Bem pior do que isto, é a possibilidade que existir algo depois desta
existência e ai é como ir fazer a tal viagem sem qualquer preparação.
Se
não há nada depois desta existência, se tudo não é mais que um conjunto de
reações fisiologias e neurológicas, então pergunto – “Lembra-se do quanto
sofria antes da nascer neste plano?” Se não
e se a condição a que voltamos na versão dos não-crentes, será essa, então, não
voltaremos à mesma condição anterior?! Certo! Nessa condição não havia sofrimento,
pois não havia consciência de nada e assim sendo, voltaremos a ela.
Na
verdade temos medo da morte, mas nunca refletimos sobre o motivo desse medo. O
motivo do medo da morte, é igual para os que não acreditam haver mais nada para
alem desta existência e para os que acreditam haver. Na verdade temos medo, não,
de não sabermos o que ocorrerá, temos medo de perder a individualidade. O medo
da morte é igual para os crentes e não crentes, pois esse medo é sobre a
sensação de deixar de se sentir – EU SOU. Deixar de existir, é o medo de
perder-se como ser individual e não somente o desconhecido, por si. Se não
fosse assim, porque os não crentes teriam medo de morrer, se para eles, não há
desconhecido?!
Perante
a ignorância gerada pelo desconhecimento destes temas, podemos não querer
admitir, mas a atitude dos não crentes não é muito diferente da dos crentes
pela fé cega. Ambos têm em comum o medo de adentrar nestes temas ou então pela
acídica em que preferem permanecer, acabam ambos, por adiar qualquer conclusão para
alem da que seja a mais simples para os seus medos – crer pela fé que não
questiona nada ou não crer em nada. Sempre que precisamos que resolver as
nossas fobias, precisamos ir à sua origem, isso exigir, coragem, trabalho e
esforço árduo. Exige possivelmente conhecer e ter como verdades, realidades que
preferimos enfrentar o mais tarde possível. Mas não se iluda, pois todos
teremos que as enfrentar um dia e nesse dia, teremos que o fazer
solitariamente.
(...)
(...)
In: Livro – “A
origem dos mistérios, verdades e mentiras. Capitulo XIII – Inimigo publico
numero um.”
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