“Todo aquele que diz conhecer a sabedoria, deve saber que
ela é livre e desse saber, deverá resultar a humildade de deixa-la liberta,
para que ela se mantenha fértil” AC
As religiões
têm sido propostas enquanto sistemas de auxilio para que a humanidade possa
recuperar a sua ligação ao seu verdadeiro plano da existência. A espectativa
humana é que elas, nas suas várias linguagens, nos tornem seres salvos do que
elas designam por padrões infernais, levando-nos assim aos planos a que elas
denominam - paraíso ou céu.
As
correntes místicas, por sua vez, tentam ir um pouco mais longe e criam na
humanidade uma expetativa mais profunda, tentando assim chegar a todos aqueles
que não acreditam que o espirito humano seja aquilo que as religiões afirmam e
muito menos que DEUS, o céu e o inferno, sejam o que as religiões ensinam.
Estas, trazem à humanidade a proposta de que o espirito humano, aqui
aprisionado, se pode tornar liberto. Tal libertação estando representada pelo
estado de recordação plena do que o espirito humano é na realidade, mas poucas
ou nenhumas, conseguem chegar a um consenso sobre o que representa esse estado
pleno, tornando o simples entendimento, inalcançável para a maioria da
humanidade.
Por
outro lado, a humanidade espera e desespera por um sistema que traga aquilo que
é o seu maior desejo – respostas, entendimentos plenos e resultados. Ao longo
dos tempos a humanidade tem dado mais crédito aos vários sistemas que se apresentam
como as derradeiras soluções para o regresso do ser efémero à consciência de
ser eterno, do que, de fato, esses mesmos sistemas mereciam, pois qualquer
deles, nunca apresentou verdadeiros resultados.
Mesmo
assim, pelo fato de parte da humanidade acreditar que um dia nascerá um sistema
capaz de o fazer, ela, continua a manter vivas essas expetativas através de profecias criadas e mantidas ao longo dos
tempos, como uma chama de fé inabalável que apenas muda o seu formato de
cultura para cultura, de época para
época. Mas na essência, tais profecias, representam, todas elas, o grito de
desespero da humanidade clamando por ajuda e reafirmando que continua a
acreditar que DEUS não a abandonou. Como dizendo: “Sei que estás ai, sei que um
dia virás de verdade e que nesse dia, o sofrimento, a mentira, a ignorância e a
escuridão, terminarão”.
Até
mesmo as próprias religiões e as correntes místicas, acreditam em tal fato,
pois são as próprias que criam e mantêm essas profecias, sendo tal ato a
demonstração clara que elas admitem a sua incapacidade de auxiliar a
humanidade. Elas, ao cria-las, admitem a sua impotência na resolução do
problema e para tal, deixam nas mãos da fé, das doutrinas proféticas que criam,
a esperança de que DEUS ou um seu Emissário, venha e traga a verdadeira, a derradeira
solução.
Embora
todas chamem a si e em nome da sua verdade, a vinda dum Avatar, dum Emissário
Divino que resolverá o que elas em toda a existência não conseguiram resolver,
nenhuma diz com exatidão como, quando e em que moldes isso ocorrerá. Devido ao
fato de nenhuma delas saber de fato sequer se, como e quando essa resposta
poderá surgir. Entretanto ao longo da historia vamos tendo remédios, ténues
tentativas daquilo que a historia da humanidade foi registando como vindas de
Emissários e quando a sua partida acontece sem que a humanidade tenha o seu
drama de existência resolvido, inventam-se mais umas quantas versões
justificativas para o insucesso, criam-se mais uns quantos supostos regressos
desses ou outros Emissários. Assim vão negando a verdade sobre a farsa do
resultado e do comprimento da profecia em concreto, assim vai-se mantendo por
mais uns séculos a humanidade na expetativa, na crença, na fé de que é preciso
saber esperar, que ainda não estávamos preparados e por isso não foi agora.
O
fato delas não admitirem que erram, mesmo sabendo que a intenção é positiva,
mas não reconhecendo que não conhecem tudo, que os seus altos signatários não
têm acesso às verdades todas, que todas elas são criações humanas, como tal,
sujeitas ao erro e à falibilidade humana. Tal fato cria algumas correntes de
descrentes, abrindo a porta para a criação de correntes místicas e religiões
falsas, originadas com prepósitos ligados ao lado negativo.
Desta
forma a humanidade vive envolvida por grupos de religiões e correntes místicas,
umas falsas e outras autenticas na sua intenção, mas que não conseguem sequer
explicar-nos: quem somos, porque existimos
nesta dimensão, que outras dimensões existem, como podemos voltar à origem, ou
até, se há origem.
Como
podem as religiões verdadeiras pedir à humanidade que tenha fé, se é isso que
ela tem tido, sem nunca em troca tenha recebido qualquer beneficio efetivo?
Como
podem as correntes místicas ditas autenticas, afirmar que a humanidade não está
preparada para receber as suas verdades que os libertará, se elas nunca
trouxeram essas verdades uma linguagem
humana, simples e eficaz?
Como
podem ambas acusar a humanidade de se deixar levar por seitas, se são elas
próprias que criam o estado de incerteza e a incapacidade da humanidade
distinguir o que é verdadeiro do que é falso?
Como
podemos criticar aqueles que se refugiaram no ato de desacreditar em tudo e em todos os sistemas,
teorias e filosofias místico-religiosas?
São
pois responsáveis todos os que afirmam conhecer o que na realidade desconhecem,
mesmo que o façam na tentativa de manter a humanidade apaziguada. Uma mentira é
sempre uma mentira, mesmo que a sua intenção seja positiva. São pois
responsáveis todos os que afirmem conhecer a LUZ, saber descrever as cores do
arco-íris, ensinar sobre sutilidade de uma paisagem no horizonte, desde que
estes que afirmam e os que os ouvem, sejam seres não dotados da visão – cegos.
Basicamente
é assim que vive a humanidade, na condição de seres a quem lhes foi tirada a
visão, por algum motivo que ninguém ainda conseguiu explicar, guiada pelos seus
semelhantes que a única diferença para todos os outros é afirmarem que um dia já
viram a LUZ e nós acreditamos neles.
Somos
cegos guiados por cegos, seres eternos esquecidos da nossa verdadeira condição
e missão, acreditando que precisamos de um salvador. Mas apenas precisando de
alguém que veja verdadeiramente a LUZ, que nos mostre o caminho, para que
todos, sem exceção, seguindo esse caminho, possamos chegar à mesma condição de
acordados ou recordados. Não devemos pois esperar por algo ou alguém que venha
através de fenómenos extraordinários. Tudo o que precisamos é de algo ou alguém
que tenha o verdadeiro conhecimento, nessa condição, de forma simples e humana,
nos ensine, para que todos voltem à sua condição primordial.
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