“Toda a Humanidade é digna de compaixão;
contudo, individualmente considerados, somos ainda, muitas vezes, mesquinhos. Grande
parte dos seres humanos assemelha-se assim a bonecos de corda. A imagem pode
parecer algo dura mas tenta ilustrar uma atitude muito vulgarizada: as pessoas
surgem neste mundo, mexem-se muito, fazem e dizem muitas coisas (um
considerável número das quais, talvez, completamente inúteis); entretanto,
nunca se questionaram por que e para que estão aqui; que é isso que nelas
palpita como vida, lhes permite movimentar-se, pensar, ter sentimentos; que
sentido real e profundo deve ter as suas existências. Quando o fazem, em grande
parte dos casos rapidamente se entregam nos braços de alguma crença mais ou
menos simplista ou, quando mais pertinazes, tornam-se fanáticos desta ou daquela
Igreja (ou de qualquer outro sucedâneo). É infelizmente raro o genuíno
investigador, que busca incessantemente a verdade, que não tem medo de
enfrentar as questões e ver o mundo tal qual ele é, que exige respostas profundas,
firmes e consistentes”.
Título original: "Le
Démiurge" ( assinado com o pseudônimo T. Palingénius ).
Publicado inicialmente na revista La Gnose, novembro/ dezembro
de 1909 e janeiro de 1910.
Constitui o capítulo I do livro Mélanges, Paris, ed. Gallimard,
1976.
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