segunda-feira, 1 de outubro de 2012

O sofrimento e o livre-arbítrio.

Vivemos em sofrimento constante, assim se faz o dia-a-dia da humanidade. Não nos damos conta que esse sofrimento é na verdade resultado da nossa liberdade de decidir sobre nós mesmos. Unicamente a liberdade de podermos decidir sobre nós mesmos também nos transmite a obrigação e inerentemente a responsabilidade sobre tais atos.

A incapacidade de perceber o motivo do sofrimento, advém do fato de nos mantermos distraídos dessa verdade, da origem da causa que nos leva a manter-nos neste ciclo interminável – Umas vezes, desejos geram expectativas, expectativas geram desilusões e desilusões geram sofrimento. Outras vezes,  desejos geram expectativas, expectativas geram  realizações desses desejos, realizações geram novas expectativas e finalmente, expectativas geram sofrimentos.
Porque sofremos? Ou melhor ainda. Porque queremos sofrer?
Sofremos porque estamos permanentemente insatisfeitos, sofremos porque queremos sempre algo mais, para alem do que já possuímos. Quer seja algo material ou até algo imaterial, queremos sempre mais, mais e mais, nunca nos damos por satisfeitos.
Então o sofrimento é algo inerente à vida ou apenas ao querer do ser humano?
Os outros seres vivos, não sofrem? Aparentemente não percebemos neles esse tipo de emoções – sofrimento gerado a partir da expectativa insatisfeita?
Afirmamos que sim, é comum presenciar animais que sofrem fruto de expectativas malogradas.  Veja-se o caso de um cachorro que é abandonado pelo seu dono, ele sofre pelo abandono.
Então podemos concluir que os animais irracionais têm querer?
Afirmamos que não, no exemplo anterior, o querer é o do dono do cachorro, ou seja, o cachorro sofre, porque a expectativa que o dono criou nele, foi a que ele (dono) transferiu de si, para o animal, influenciando a mente do animal e induzindo-o ao sofrimento, quando as atitudes que o dono tinha para com o cachorro não se perpetuaram, como eram esperado pelo cachorro – ter a companhia do homem sempre. Não é que o homem tenha demonstrado no dia-a-dia isso exatamente, mas para o animal, foi essa a expectativa criada em função do que o homem gerou resultado do seu querer.
Então a capacidade de gerar sofrimento é algo não-inerente à vida, mas sim só ao “querer”, sendo este ultimo aquilo a que designamos por “discernimento” ou “livre-arbítrio”. Só através do mecanismo do discernimento | livre-arbítrio é possível criar cenários mentais, a partir destes cenários idealizados pela mente do ser dotado de discernimento, ele e os que por ele são influenciados, autoinduzem-se uma expectativa face ao cenário criado e o sofrimento em maior ou menor grau, resulta do grau de expectativa criada face ao cenário induzido pela mente criadora.   
Então sofremos, tendo por base os cenários por nós criados ou induzidos por terceiros e em resultado disso, das expectativas criadas, por nós, a partir dai.
Podemos concluir então que o sofrimento é algo inerente à vida, desde que essa forma de vida tenha a possibilidade de perceber a indução de um cenário criado por uma mente dotada de discernimento. Então, o sofrimento é algo inerente à vida, já a capacidade de gerar sofrimento é algo unicamente inerente ao ser humano.  

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