sábado, 19 de novembro de 2011

?Todos queremos ser felizes, mas temos coragem de o ser?


Um dia, ao acordar pela manhã, ela percebeu a decisão que tinha tomado, tal decisão tinha sido tida algum tempo atrás, mas inconscientemente e até ai ela acabou sempre por evitar a confrontação da sua decisão e inerentemente da sua condição emocional. Refugiou-se sucessivamente no trabalho como forma de evitar ter que pensar em tal assunto, esperando que tudo se resolvesse com o tempo, de forma natural. 
Como pode alguém criticar tal atitude quando, quase todos, em várias circunstâncias da nossa vida, faz e fez exactamente isso. Quantas vezes é bem mais fácil, esperar que no tempo, as circunstancias se ajustem à nossa necessidade, como que se de um milagre se tratasse, como que se o universo fosse obrigado a faze-lo, sem que haja da nossa parte qualquer esforço, pois só o facto de existirmos já nos dá esse direito, de esperar que a justiça universal seja aquela que sempre nos favorece e nos resolver todos os nossos problemas de forma satisfatória.
Nos últimos anos tinha dado vários avisos ao seu companheiro no sentido de corrigir o que estava mal que ela sabia estar a colocar em causa a continuidade da sua relação. Por isso, quando tomou tal decisão, já não era possível ter qualquer tipo de dúvidas quanto ao seu fim, isso era inquestionável. Assim, tomada a decisão de romper, só seria necessário esperar que tudo o resto, o tempo resolvesse. Já não havia sentimento que sustentasse uma relação amorosa, embora existisse carinho pela outra pessoa, esse carinho apensas significava que o oposto do amor também não existia – o ódio. Então!..tudo se resolveria, o tempo acabaria por fazer o seu ex-companheiro entender e ultrapassar. Já as suas sombras, os seus dilemas, as questões internas por resolver, essas, ela nem deu pela sua existência, até ao dia em que toda a sua postura emocional foi colocada em causa pelo inesperado…
Sem querer, sem procurar, inesperadamente sucedeu o reencontro com um antigo conhecido, esse momento, esse instante, alterou por completo a sua aparente tranquilidade, tudo isto porque, deste reencontro, nasceu uma paixão arrebatadora e inesperada. Ambos se deixaram envolver arrebatadamente, fulminantemente e tal paixão trouxe rapidamente todo o turbilhão de instabilidades interiores que afinal tinham ficado por resolver. Vivendo das pressões do fim de uma relação e dos medos da forma arrebatadora com que esta paixão a tinha confrontado, não aguentou.  Cedeu à tentação do caminho mais fácil.
Sempre que sentimos que estamos a perder o controlo, mesmo que essa perda de controlo seja maravilhosa, criamos condições para que algo pare, para que a racionalidade regresse. Quase sempre essa sensação de voltar à zona de conforto, essa sensação de controlo, através da aparente temperança que a racionalidade cria, traz consigo a factura, a cobrança desse aparente conforto.


Sempre que não estamos dispostos a correr o risco em prol da nossa felicidade, eliminando a possibilidade da emoção se colocar no timão das decisões da nossa vida, devemos estar preparados para o risco de ter que pagar a conta. Ganhando o aparente controlo e voltando à racionalidade, extinguimos também a centelha que alimenta a chama da paixão que mesmo correndo risco, é a única que nos leva à felicidade plena, ao amor eterno e sincero.
Para se ter o melhor, devemos aceitar correr riscos…ou então resignarmo-nos aos resultados.  

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