terça-feira, 1 de novembro de 2011

Os tempos que vivemos…


Vivemos tempos estranhos, confusos e incertos quanto ao estado social a que nos habituamos. Toda a estranheza, confusão e incertezas derivam da forma como somos confrontados com o futuro, face ao que sempre fomos informados que seria, caso fizéssemos as escolhas correctas. Socialmente aceites, quase todos, vivemos e decidimos as nossas vidas em função dos códigos que sempre nos incutiram que sendo cumpridos, garantiriam que o nosso futuro fosse relativamente tranquilo. Estudar, tirar um curso, escolher o emprego certo, no sito certo. Emprego de estado principalmente, pois o estado é o mais estável dos empregadores. Correr o menor numero de riscos possíveis, saber fazer as escolhas, ter amigos nos sitos certos, para termos acesso às oportunidades certas, cumprir as regras da formatação social, mesmo que elas não coincidam com as leis ou até com aquilo que deveria ser justo, importante é cumprir os códigos que nos tornam aceites e desta forma teremos a estabilidade e segurança que desde sempre na nossa educação nos foi incutida como necessária para ser aceite socialmente.
Vivemos tempos diferentes, estranhos, onde finalmente percebemos que afinal talvez tivesse valido a pena olhar mais para dentro de nós e decidir a partir dos sentimentos sinceros e genuínos, em detrimento das atitudes tidas em função dos ditos comportamentos padronizados e aceites que todos sabíamos serem incorrectos e injustos. Quantos de nós, em determinada altura na nossa vida não foi já beneficiado, por algum tido de decisão ou acontecimento resultante deste fenómeno e que mesmo estando consciente da sua origem, mantivemos como aceite, usufruindo dele, esquecendo a sua ilegitimidade?
Sim vivemos tempos diferentes, estranhos, confusos, mas não tempos injustos. Vivemos os tempos que devido ao nosso comportamento colectivo, permitimos que surgissem. Sempre criticamos todos aqueles que por um motivo ou por outro, usufruíram de algo que não lhe era devido, mas nunca questionamos e examinamos se até hoje, em maior ou menos escala, também já o fizemos, isto porque, também para todos nós, existem dois pesos e duas medidas. Nós e os outros. Assim tudo o que directa ou indirectamente nos afecte, terá sempre pesos diferentes, do que afecta os outros, na hora de avaliarmos se devemos catalogar como bom ou mau – certo ou errado – positivo ou negativo. Este comportamento levou ao estado actual, em que cada qual sempre procurou a seu próprio benefício, sem que nada nem ninguém se tenha preocupado com garantir a parte comum.
O ser Humano é por natureza um ser individualista e por conseguinte, egocentrista. Assim devemos compreender que a reacção de querer o melhor para nós mesmo, é perfeitamente Humana, independentemente de certa ou errada, está-nos com ADN enquanto raça, nunca podendo evita-la por completo. No entanto, também é certo que o ser Humano distingue-se dos restantes seres vivos por um conjunto de características que fazem dele a raça dominante, embora ele não tenha até hoje usado de forma adequada tais características que o tornam dominante, mesmo assim, sabendo que somos todos parte do problema, não queremos admiti-lo e sem que assim seja, será difícil fazermos parte da solução.

Sim, vivemos tempos exigentes,tempos que nos pedem para repensarmos na forma como temos gerido as características que nos tornaram a raça dominante, para avaliarmos se valeu a pena, cada um de nós, olhar só para si e depositar tudo só do nosso lado, esquecendo a dedicação e partilha comum. Não se pede ao ser Humano, a cada um de nós que deixe de ser o que é, um ser individual, apenas se pede que olhemos todos um pouco para aquela parte que é de todos.
Mas como? Como podemos mudar agora depois de tantos anos a sermos educados para ser eu, só depois nós e quase nunca tu? Aquilo que nos protege enquanto seres, também é o responsável pelos efeitos que levaram ao actual estado em que o nosso mundo se encontra.   O nosso ego protege a nossa individualidade enquanto ser, mas só aparentemente, ou se pretenderem, só momentaneamente, pois nós não somos na realidade seres individuais, mas sim partes de um TODO. Por isso, nunca a atitude que leva o ser ao aparente beneficio egocêntrico, será a solução, pois esta será sempre ilusória, temporária e limitada.
Mas como sair então desta encruzilhada? Como pode a Humanidade abandonar algo que é parte da sua principal característica enquanto raça? Como pode o ser acreditar que só dedicando no seu dia-a-dia parte de si aos outros, pode resolver os seus próprios problemas?

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