domingo, 9 de outubro de 2011

O vencido vencedor.



Um dia o coração perguntou à mente:
- Porquê tem que ser sempre como você quer e nunca minha opinião conta, para nossas decisões?
A mente habituada a argumentar com o coração de forma a que a sua vontade fosse sempre a que vencia, respondeu:
- Não é sempre a minha opinião, você acaba sempre por concordar comigo, quando eu mostro minha opinião, certo?! Então é nossa opinião que acaba por ser a escolhida, pois a partir do momento em que você concorda, ela também passa a ser sua.
Ai, vendo a argumentação da mente, o coração, recolocou a pergunta:
- Então porquê nunca você concorda com minhas opiniões?
- Eu tento compreende-las e aceita-las, ai contraponho para que você me elucide, mas no meio desse questionamento, você desiste de suas opiniões, não sou eu que discordo, no final, é você que desiste delas. – Disse a mente.


A conflitualidade entre a mente e o coração está presente no nosso dia-a-dia e em tudo e todos os actos que envolvem seres Humanos, tanto em relações de trabalho, como nas relações pessoais. A aparente vitoria que a mente leva a cabo sobre o coração, é na verdade o maior acto de nobreza e entrega que um ser pode alcançar – o despojo total e incondicional do egocentrismo em prol do outro, neste caso, por parte do coração.
Enquanto existir na emoção a nobreza do desprendimento pelo acto do amor, a razão representará sempre a alternativa da decisão.  Mas, entenda-se que bem lá no fundo, mesmo sendo a decisão da razão, ela estará sempre condicionada ao querer da emoção.  
A verdadeira proeza está em saber constantemente ceder o suficiente e necessário para que nunca exista de facto o cenário de conflitualidade aberta, mesmo que aparentemente o vencedor seja o vencido.

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