O
ser na sua actual condição humana, vive afastado das questões que realmente
importam. Quase todos, de forma geral, vivemos
esta vida em função do nosso dia a dia e sempre preocupados com os
aspectos que julgamos serem os básicos para a nossa sobrevivência. Quando questionados
sobre o tempo que deveríamos dedicar às questões da imortalidade – as questões
espirituais, a resposta é quase sempre a mesma: “Não tenho tempo”, “Primeiro
preciso me preocupar com as questões básicas de sobrevivência”. Certo é que se
olharmos para o que são as nossas questões básicas de sobrevivência,
rapidamente concluímos que são tudo menos isso. O nosso egoísmo, a nossa
ambição em queremos ter cada vez mais e seguirmos os padrões sociais de
consumismo, levam-nos a cegar quanto ao entendimento dos verdadeiros valores e
seu equilíbrio.
Se
fosse por condições básicas de sobrevivência, então deveríamos olhar para os
seres humanos que sob-vivem com verdadeiramente condições básicas, olhando para
África, Ásia, América Latina, etc., mas certamente que não poderíamos viver
desse modo, no entanto, serviria para percebermos o que são condições bem
básicas.
Esta
ambição leva-nos a todos os males que padece a humanidade, há quem pense que se
conseguíssemos terminar com esta característica humana, cessariam todos os fenómenos
que levam a humanidade a viver em constante sofrimento, o que muitos entendem e
afirmam ser o viver o inferno na terra. Mas até mesmo essa forma de pensar é
resultado dos artifícios do ego, pois o que realmente o ser procura é o seu
bem-estar pessoal, que cesse o seu sofrimento. Sempre que um ser humano atingiu
níveis de conforto material nesta vida, imediatamente deixa de se preocupar verdadeiramente
com os designados males do mundo, pois para ele, esses deixaram de ter efeitos
sobre si. Então, mesmo sabendo da sua existência, eles existem como que
teoricamente, pois os seus efeitos são sobre si e os seus, virtuais.
Difícil
é compreender tal atitude, mas não deixa de ser assim. Mais difícil é aceitar
que aqueles que compreendendo-a, sabem e têm plena ciência que esta condição
humana é fundamental para que a evolução da humanidade enquanto raça imortal se
faça.
Poucos
são os seres que atingem esse nível de entendimento, pois para que isso
aconteça existe um longo caminho a ser percorrido. Esse caminho é
essencialmente de auto-transformação do ser através do conhecimento e
entendimento de si mesmo, mesmo antes do estudo, entendimento e compreensão dos
seus semelhantes e do mundo que o rodeia.
O
ser espiritual, neste mundo denso, desde o primeiro dia em que inicia a sua
busca até atingir os seus mais elevados potenciais permitidos a este seu estado,
tem que passar por todo um conjunto de condições humanas que lhe permitam
desenvolver esse conjunto de potencialidades que todo o ser trás consigo ao
nascimento.
Para
que essas condições de vivencias e ensinamentos se concretizem em aprendizagem,
é necessário que o ser crie as condições para a sua ocorrência, muitos julgam,
porque esperam por elas passivamente que estas condições são obra da sorte, mas
os que as conquistam, sabem que elas são adquiridas com esforço, entrega e dedicação
constantes. Nada aqui é fruto do acaso ou da sorte.
Assim
ao ser que atinge tal estado de ciência, no esoterismo, designamos por iniciado,
mas para atingir tal nível e são poucos que o atingem, o candidato inicia-se
enquanto busca-dor na procura do caminho. Quando atinge parte do nível de ciência
que lhe permite entender, interpretar e lidar com parte dos mistérios do Cosmos,
ai ele passa a ver este mundo Imanente sob a perspectiva do que se designa
pelos olhos do peregrino da senda. Só muito depois de muitas vivencias e experiências
acumuladas alguns seres que vêm ao mundo denso e por todo um conjunto de
circunstancia divinas, chegam ao estado de iniciado.
Potencialmente
o ser que atinge este nível em alguma reencarnação, já teve que se ter vindo
preparando em outra (s) encarnações,
pois não é possível que um espírito esteja preparado para tal evolução enquanto
ser encarnado numa só. Por isso no esoterismo designamos como “circunstancias
divinas”, pois este trabalho é um culminar da evolução espiritual, quer
repetido já neste mundo denso noutras reencarnações, quer nos seguintes planos
subtis, onde esse espírito permanece, se preparando para sua evolução e
consequentemente para as sucessivas reencarnações necessárias.
Como
podemos entender e saber interpretar o estado próximo do derradeiro estado
final para o nível de iniciado?
O
ser encarnado que está próximo, ou mesmo, sem ter noção disso ainda, já seja um
iniciado, é aquele que apresenta
um conjunto de experiencias e vivencias que quase ninguém gosta de ter
vivenciado, pois estas apresentam-se como tudo o que o ser humano considera
desagradáveis, violentas, desconfortáveis, desumanas, indesejáveis, etc.
Aqueles que presumivelmente atingirão nesta encarnação tal estado, ao longo
dessa sua vida terrena, passarão por experiencias extremas, levando-o a
experimentar e ter ciência de tudo, principalmente das designadas polaridades
de tudo o que o mundo Imanente apresenta.
Viverá
como rei e como mendigo.
Passará
cenários de guerras e paz.
Conhecerá
os mais belos prazeres do mundo material e os seus opostos.
Saberá
o que é o mais profundo amor, mas também seu oposto. Quer dele em relação aos
outros, quer dos outros a si.
Conhecerá
a saúde e a doença, entendendo-as.
Entenderá
o dom do nascimento e da morte.
Conhecerá
a desilusão profunda, quando entender a ilusão.
Sentirá
na pele as mais atrozes reacções do ser humano, mas também as mais belas vindas
dos seus sentimentos.
Mas
acima de tudo conhecer-se-á a si, antes de tentar compreender os seus
semelhantes e os fenómenos do mundo Imanente.
Entenderá
o seus semelhantes e o seu mundo. Compreenderá plenamente todos os porquês.
Carregando
consigo todo o peso do mundo nos seus ombros, permanecerá sempre sereno, mesmo colocado perante situações e eventos que
para o comum dos seres seriam insuportáveis. Pois o iniciado conhece na essência
a verdade única que por limitação do ser teve de se fragmentar para dar
lugar ao mundo Imanente com o objectivo de
o servir no seu caminho de regresso ao seu verdadeiro lar.
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