Aquilo
que comummente se define por pensamento, quando nos debruçamos em maior
profundidade sobre o tema percebemos a necessidade de conciliar os termos aos
conceitos.
Para
que haja pensamento é necessário de existam memórias e para tal o ser Humano
tem que ter vivido acontecimentos num determinado período de tempo que lhe
permita conduzir o processo que se identifica como pensamento.
Um
ser Humano sem memória voluntária, viveria como um ser vegetal, pois unicamente
com a memória involuntária, aquela que lhe permite manter os processo vitais à
vida (respirar, o bater do coração, rins fígado, etc.), só o manteria nessa
condição de ser vegetal. Pois até mesmo os movimentos físicos, andar, correr,
etc., são processos aprendidos através da observação e comparação e que a
partir da repetição da memorização o ser Humano aprende a utilizar – treinando
a mente, ordenando a sua execução aos órgãos correspondentes.
Este
processo nada mais é do que uma visualização da memória, sendo esta ultima, uma
visualização de determinado acontecimento, no passado, a que a mente assistiu e
por incorporação de características suas, através do pensamento, assimilou como
parte de si.
É
desta forma que o ser Humano cria as suas memórias. Sendo assim, pode-se
afirmar que o que fazemos de facto no que designamos pelo acto de pensar, nada
é mais do que assimilar estereótipos, modelos, padrões, conceitos, ideias, etc.
do nosso entorno. Sendo o pensamento a formatação da informação recebida por
forma a dar-lhe uma linguagem individualizada, sendo aqui que reside a questão,
pois este processo de individualização, na nossa mente, cria a falsa ilusão de
que aquilo que dignamos por pensamento é algo genuinamente nosso, e não algo
colectivo que a mente formata para uma linguagem interna através do pensamento,
recorrendo à memória voluntária.
Conciliemos
então os termos aos conceitos…
Raciocinar
– Reorganizar o conjunto de informações recebidas, por comparações e
observações no tempo. Conjunto de acontecimentos que cronologicamente a nossa
mente entende como passados e para os
quais tem um contraste (= termo de comparação)
Pensar
– capacidade que uma ser humano tem de criar, (até uma criança tem ao exercer uma
brincadeira) através da sua pura imaginação, intuição, sem qualquer recurso a
termos comparativos de acontecimentos que lhe foram ensinados ou imputados.
Assim
a Incapacidade de pensar do ser encarnado, torna-se a única realidade do ser
humano no seu atual estado evolutivo, devido à incapacidade da mente actuar em ESTADO
“É” e porque ela precisa de divagar aleatoriamente como formar que “receber
informação” para mais tarde, através das recordações, processar o que se
designa por pensamentos, mas se deveria designar por raciocínios. Através dos
sistemas de visualizações dos acontecimentos comparativos passados (memórias)
que presenciou, incorpora a sua versão dos mesmos, tornando sua a vivencia /
memória (= pensamento).
Então
devemos concluir que o ato que julgamos ser o pensar, não é mais que
reorganizar memórias, coisas que após presenciarmos, tornamos nossas dando-lhe
de certa forma uma formatação própria. Já o verdadeiro ato de pensar, está
reservado para alguns seres e só quando se atinge um perfeito nível de controlo
dos mecanismos da mente e dentro destes do ego.
Assim,
por violento que nos possa parecer, grande parte dos seres humanos, deixam de
pensar entre os 5 a 7 anos de idade, altura em que aprendemos a “não-pensar”,
diga-se, por imposição do método formativo da sociedade, quando a partir deste
momento, começamos paulatinamente a aprender a calar a intuição e o ego
transforma o pensamento numa ilusão. O ato de manipular códigos, combinando-os
e reorganizando-os, criando assim tantas possibilidades diferentes que gera a derradeira
armadilha na mente, esta, impedida de pensar, julga ela que aquilo que a ocupa
é originalmente o seu pensamento.
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