domingo, 24 de julho de 2011

Os se7e sentidos Herméticos

Todos os seres em geral têm órgãos que funcionam como equipamentos sensoriais que servem para que ele receba informação do mundo que o rodeia de forma a que este possa interagir com ele. Desde a mais básica forma de vida até à mais subtil, todos interagem com o seu mundo e consequentemente interpretam esse mundo, em função da capacidade desses sensores. Nesta escala, deveremos considerar desde o ser mineral, até a mais elevada forma de vida espiritual, onde o ser humano não é excepção. É bom ter como referencia o facto de o ser humano se encontrar, nesta escala, mais próximo do grau de complexidade sensorial do mineral do que do ser mais desenvolvido espiritualmente, tudo isto dentro do designado mundo Imanente, mas em ambos os planos; físico e espiritual.

Numa perspectiva esotérica, existem no ser humano, três classes diferentes de sentidos sensoriais, os que apresentam estrutura física de captação para o seu fim funcional, o que apresenta uma estrutura puramente espiritual e um outro que utiliza os dois – os meios físicos, potencializados pelo meio espiritual. No primeiro grupo, encontram-se os órgãos – olhos (visão), ouvidos (audição), aparelho bocal (paladar), aparelho respiratório superior (olfacto) e superfície da pele (tacto). No segundo junta-se-lhes a intuição e finalmente no terceiro a percepção nos seus vários níveis.

Aos cin5o sentidos que são do conhecimento comum, acresce-se-lhe o se6to, aquele em que poucos acreditam e mesmo os que nele crêem e falam, pouca importância lhe dão – a intuição. Este é sem dúvida o que mais polémica, debate e dúvidas levanta em toda a forma de pensamento, quer seja ele, cientifico, filosófico ou religioso. Em qualquer quadrante, no que ao nível do seu entendimento se refere, cada um atribui-lhe níveis de interpretação funcionais deferentes, no entanto, qualquer dessas tentativas de interpretação e entendimento, efectua a abordagem numa perspectiva errada. Isto não se passa somente com a intuição, mas com todos os restantes sentidos, no entanto, porque este e o se7imo são de longe os mais subtis de todos, esta mesma subtileza aumenta significativamente as dificuldades de compreensão face aos restantes cin5o.

Quando pensamos na sua verdadeira importância, no seu verdadeiro impacto na nossa vida, percebemos que todos eles, todos, são responsáveis por tudo o que somos, pelo modo como agimos, como vivemos, como vemos o mundo e os outros seres. A grande maioria, usa unicamente os primeiros cin5o e de forma muito limitada, involuntariamente, o se7imo. No caso do se6to - a intuição, muitas vezes ela está presente para quase todas as situações e em todos os seres humanos, no entanto, pelo facto de termos desaprendido a utilizá-la, quase nenhum de nós a percebe e interpreta, assim, não usando a seu favor as grande vantagens que esta poderia proporcionar.

Paradoxalmente, o facto de não usarmos, todo ou em parte, um ou mais destes sentidos, isso, particulariza-nos, individualizando ainda mais as nossas características e por sua vez a forma como vemos e vivemos esta encarnação. Assim, todas as diferenças aparentes que caracterizam a individualidade do ser humano, partem da forma como temos desenvolvidos os sentidos – equipamentos de recolha sensorial física e espiritual. Todo o ser, a partir do seu nascimento, se irá apoiar nestes e da forma como venham a ser desenvolvidos, daí, resultarão as suas características como ser, aparentemente único, na perspectiva dualista.

O mundo que identificamos como o mundo real, à nossa volta, o mundo físico, é o conjunto de informações recebidas dos órgãos sensoriais que temos disponíveis para recolher essa informação exterior e levar à nossa mente. Neste sentido, podemos afirmar que o mundo que sentimos, temos como presente e como nossa realidade, está condicionado pelo grau de desenvolvimento desses órgãos de recolha de informação, daí podermos afirmar que se questionarmos a falibilidade desses órgãos, então podemos concluir, sem qualquer dúvida, que existem inúmeros detalhes neste mundo que por insuficiência sensorial, não conseguimos detectar, mas que estão presentes neste mundo. Caso exista um ser com maior grau de desenvolvimento dos sensores necessários para detectar essas informações que nos escapam a nós, então para esse ser, o seu mundo, poderá ser mais fidedigno que o nosso, mais completo e obviamente, independente da interpretação que lhe quisermos dar, mas será certamente diferente do nosso.

O grau de desenvolvimento destes sentidos sensoriais, não depende de factores genéticos ou hereditários, na grande maioria das vezes depende do grau de desenvolvimento que se lhes dá. Todos eles, sem excepção, são susceptíveis de desenvolvimento e treino. O que ocorre quase sempre é que deixamos que todos eles se desenvolvam em função do que nos afirmam serem as nossas necessidades, quando quem nos “orienta”, nem tem a noção de tal facto, pois o que as ciências educativas, no que toca ao desenvolvimento do ser, fazem é pura e simplesmente dedicar-se aos aspectos secundários - aos dados ou informações que o ser deve recolher e não dá prioridade ao incentivo a um maior desenvolvimento dos órgãos que recolhem essas informações.

Por exemplo: se numa criança desde a nascença lhe incutirmos o treino no ouvido para a musica, se pretendermos, para um tipo de musica em particular, o que ocorrerá é que está mesma criança terá mais desenvolvido que outras, em comparação, a sua sensibilidade musical. Ora isto não é um facto genético, como a ciência tenta afirmar normalmente, mas sim um facto de influencia por treino de um determinado órgão de recolha sensorial. Normalmente numa família onde existem músicos, é bem comum que as crianças que crescem nesse meio, favorável a um maior desenvolvimento da sensibilidade musical, venham a ter maiores apetências sensoriais para a musica e concretamente para esse tipo de musica e não outra. O mesmo acontece com muitos outros órgãos, se reflectirmos, veremos que o que encaramos como hereditário ou genético, no que aos órgãos sensoriais se refere, não são mais que maior grau de treino desde o nascimento de forma natural, por exemplo, por influencia do meio familiar em que nascemos. Numa família de professores a tendência a ter crianças que sejam professores é maior, numa família de matemáticos a tendência a ter crianças que venha a sê-lo é maior, de músicos, de ginastas, de bailarinos, etc.

Para quem nasceu surdo os sons existem, mas existem sob a forma de vibração. Quando no mundo de um surdo, se emitem sons, o que este ser recebe são vibrações no seu corpo. Então para um surdo os sons existem, mas o mundo dos sons, a musica, os sons emitidos pelo ruído de um carro a passar, etc. são muito diferentes que do mundo do ser que utilize o órgão da audição – os ouvidos, no entanto, para o surdo, existem os sons, só que ele sente-os e não os ouve. Então o seu mundo é bastante diferente só por este simples facto.

Para um ser que nasceu sem visão, continua a existir o sol e a lua, mas no seu mundo, estes estão presentes de forma bem diferente. O sol para um cego é sentido, por outros órgãos sensoriais, ele sente o seu calor na pele e pela intensidade desse calor, reconhece até se estamos com pleno sol, enublado, etc.

Estes exemplos, simples, demonstram bem como pequenas diferenças nos órgãos sensoriais podem alterar substancialmente a forma como o mesmo ser pode sentir, ver e interpretar o mundo – o seu mundo. Basta por vezes que se melhore um destes órgãos para que a sua realidade se altere, por vezes substancialmente.

Imagine-se agora quando introduzimos aqui a análise dos dois sentidos sensoriais mais subtis, até porque, um deles e o seu grau de desenvolvimento, influencia directamente os restantes, até mesmo os primeiros cin5o, os que têm um cariz mais físico.

Todos reconhecemos que o desenvolvimento da intuição, está ligada a uma maior ou menor actividade esotérica e mística, isto é, também esta necessita de treino e trabalho especifico para o seu desenvolvimento, neste caso de trabalho efectuado sob a perspectiva espiritual. Mesmo para o ser que de forma natural, conseguiu manter este sentido no seu nível de desenvolvimento pré-natal, mesmo para este, é susceptível de maior grau de desenvolvimento com o devido treino e trabalho direccionado para esse fim.

Já a percepção não sendo aparentemente tão subtil, não é por isso menos complexa e os seus graus de aplicabilidade e as influências sobre todos os restantes sentidos são de suma importância, subsequentemente é a partir deste e da interacção com os restantes que se forma o mundo aos nossos olhos. Então poderíamos mesmo afirmar que a percepção e o seu grau de desenvolvimento influencia todos os restantes sentidos e esta caracteriza-nos, definindo a forma como interpretamos o mundo imanente.

Sob o ponto de vista esotérico, a percepção e o seu grau de desenvolvimento, no ser, jogam um papel fundamental. Concretamente para o Hermetismo o seu desenvolvimento é fundamental, pode-se dizer mesmo que só à medida que esta se desenvolve, só assim, é possível ao Hermetista, avançar nos seus estudos e consequentemente no seu grau de desenvolvimento. O verdadeiro estudante de Hermetismo precisa de expandir a sua percepção para, ao estudar, experimentar esses conhecimentos, colocando-os em prática. Ora isso só é possível, quando os níveis da percepção correspondem ao nível dos temas estudados, sem o qual, os temas e matérias abordadas, não farão qualquer sentido para ele.

O conhecimento Hermético tem por base a experimentação, sendo assim, tudo o que se apresenta ao estudante sob o ponto de vista teórico, para se substanciar como conhecimento de facto, deve ser experimentado, para tal a percepção joga um papel de vital importância, pois é esta que permite ao estudante expandir os restantes sentidos de forma a atingir os níveis de sensibilidade necessários para que se produzam as condições de experimentação.

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