quinta-feira, 19 de maio de 2011

O futuro da Humanidade e os actuais paradoxos.

No pensamento Hermético até um paradoxo é conciliável, pois o que está em cima é como o que está em baixo e o que está em baixo é como o que está em cima.
A geração de ´68 foi sem duvida a geração que tinha como orientação a defesa da politica como instrumento para mudar o mundo. Desde o Maio de ´68 e até aos anos ´80 durou uma visão nos jovens que alterou comportamentos e deu uma nova face ao mundo. O pensamento de que através da politica era possível resolver as dicotomias do mundo, criou uma onda comportamental que marcou de facto o mundo moderno, mas diga-se em abono da verdade, fracassou quanto aos seus reais objectos. Conseguindo unicamente alterar a forma como o mundo moderno é comandado, mas paradoxalmente, são as gerações que se indignaram e que pediram as mudanças com vista à obtenção de um objectivo colectivo de justiça que hoje dirigem o mundo e são eles mesmos que justificam, através dos seus actuais estatutos e percursos, o insucesso da nobreza nos objectivos iniciais - a igualdade para todos.
A geração que se lhe seguiu, a partir dos anos ´80 e até aos nossos dias, foi a designada geração da moral. Ajuda humanitária, médicos sem fronteiras, UNESCO, UNICEF, a sopa dos pobres, trabalho comunitário, rotários, bancos alimentares, etc., etc. Sendo de facto importantes na resolução de problemas pontuais, em determinados períodos e circunstancias, sob o ponto de vista que nos interessa analisar – resolução definitiva dos problemas de desigualdades do mundo, não apresenta qualquer resultado que se preveja venha a ser o sucesso necessário que a Humanidade procura, como definitivo – a igualdade para todos de forma permanente. Aqui importa cita o provérbio Chinês “…se lhes queres matar a fome dá-lhes pescado, se pretendes matar-lhes a pobreza, ensina-lhes a pescar.”.
Em abono da verdade, devemos afirmar que estas correntes quando surgem, são de facto genuínas nos seus objectivos. São algumas circunstancias, quer induzidas oportunistamente por interesses instalados, quer pela sua utopia face aos objectos ou ambas que têm vindo a torná-las no que terminam por ser. Isto sob o ponto de vista individual é verdade, no entanto, sob o ponto de vista, colectivo, não será exactamente assim, ou melhor dizendo, isto sob o ponto de vista exotérico, é verdade, no entanto, sob o ponto de vista esotérico, não será bem assim.
Então qual solução que se consegue obter a partir do pensamento esotérico para tal problemática? 
Numa perspectiva esotérica a ética só ganha importância para o ser Humano, só faz sentido para ele, porque a espiritualidade foi, de vez, abandonada. A ética substitui a verdadeira espiritualidade numa espécie de catálogo de códigos e valores individuais, dogmas que nos são transmitidos desde e a partir do momento em que nascemos. Em grande parte quem criou o monstro - “falsa espiritualidade”, foram as religiões ou seja, a necessidade de ter códigos padronizados que aprendemos desde bem cedo, “o bem e o mal”, o “certo e o errado”, “justo e injusto”, etc., etc., - no fundo o que designamos de pensamento ético. Ao dogmatizar sobre a verdade Divina, com o objectivo de sustentar os seus sistemas hierárquicos de governação e para tal envolvendo a perspectiva dualística do ser Humano num processo sem retorno de individualização dele próprio, as religiões promoveram o afastamento do verdadeiro sentido da evolução Humana – o desenvolvimento espiritual.
Por sua vez a moral nada mais é que a ética impregnada de um cariz colectivo, na tentativa das religiões conciliarem o inconciliável – entenda-se: resolver o paradoxo criados por elas próprias, ao misturarem características da unicidade - espiritualidade, com características da dualidade - moralidade. Se assim é, se pretendemos resolver o paradoxo deixado pelas religiões, importa então falar de espiritualidade e não moralidade, pois a primeira, sendo genuinamente o caminho para a transmutação para um ser Humano mais perfeito, sem necessidade de regras, sendo o verdadeiro caminho, é também e em simultâneo a união de toda a Humanidade com o TODO. Isto porque através da ampliação da consciência, o ser Humano percebe que a sua evolução depende da evolução colectiva, pois não existem eu´s, de facto o que existe é o EU, onde todos temos lugar. Então para quê códigos que nos obriguem a ter condutas dignas para com nós próprios? Desta forma o ser Humano percebe que se torna obsoleta a necessidade de tais códigos. O que precisamos de facto, são guias que nos mostrem a verdade que nos leva a esse caminho. Se o caminho da espiritualidade nos permite alcançar isto, então é ela - espiritualidade, o vértice que junta a base do paradoxo criado e deixado pela religião: Moral – Ética. Sendo a moral e a ética pólos da mesma coisa – a “espiritualidade imposta e distorcida”, em que a moral seria a tentativa numa visão dualista, da imposição colectiva da ética, sendo esta ultima, uma imposição do que a espiritualidade Unísta (a verdadeira e única espiritualidade) alcança de forma voluntária e natural , então temos que ambas – moral e ética, não são mais que uma deformação da verdadeira solução para que se resolva permanentemente o que desde sempre o ser Humano procurou resolver – igualdade para todos de forma voluntária e fraterna - de todos para todos. Isto só se alcança através do caminho espiritual e para tal é necessário que toda a Humanidade caminhe, lado a lado e esteja em condições de o fazer. Então até para resolvermos o actual paradoxo que a Humanidade enfrenta, no que à distribuição de bens materiais se refere – igualdade para todos, só o poderemos fazer, conciliando-o através de um outro, com a Lei do paradoxo Divino. A igualdade material (estando neste conceito contidos todos os anseios do Homem – paz, riqueza, saúde, educação etc.) que os Homens tanto procuram, só se resolve à luz da ESPIRITUALIDADE.

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