sexta-feira, 24 de junho de 2011

Os Se7e pecados mortais ou Se7e defeitos capitais

Nas ciências Herméticas e em particular na Alquimia Espiritual diz-se que por cada defeito capital existem sempre seus pólos opostos, aqueles a partir dos quais podemos, atenuar, anular ou neutralizar o efeitos dos primeiros, nas nossas vidas. Diz o Principio Hermético: No Universo tudo é dual, tudo tem seu oposto, à noite contrapõem-se o dia, ao sol a lua, à tristeza a alegria, ao feio o bonito, ao grande o pequeno, ao frio o calor, ao nascimento a morte…

Aquele que conhece os Princípios Herméticos e que os domina, domina o seu destino enquanto ser imortal.

Para as religiões, não é bem assim, pois nunca elas apresentam de forma clara, em tudo o que envolve a espiritualidade, soluções para ajudar o crente na correcta direcção da obtenção das respostas. Não interessa aqui analisar os motivos que as levam a tal atitudes, mas sim, ao contrário delas, apresentar respostas e soluções de forma tão clara quanto possível.

Também seria importante reflectir sobre a ligação entre os (dez) mandamentos da lei de Deus das religiões e a sua relação com os se7e pecados.

Sob o ponto de vista da Alquimia Espiritual, a aquilo designado normalmente por “Pecados Mortais”, gostaríamos aqui de corrigir de forma a retirar o peso que lhe foi atribuído ao longo dos tempos pela deformação e dar-lhe o verdadeiro sentido. Sentido esse que sendo negativo, afirma que é passível e possível dos seus efeitos, serem neutralizados e que em todos os seres humanos eles estão presentes desde o seu nascimento, sendo por isso naturais e não tendo o sentido diabólico, mas sim o sentido limitado não-divino que é característica do ser Humano na sua actual condição, devendo simplesmente ser trabalhados no sentido da sua neutralização, permitindo a evolução do ser. Deveria ser esse o sentido que as religiões obrigatoriamente deveriam promover junto dos crentes. Assim rebaptizemos o termo ao seu real e justo significado - Defeitos Cardeais ou Capitais.

Através das ciências Herméticas é possível, ao ser, encontrar o devido equilíbrio, conseguindo que os efeitos negativos exercidos pelos defeitos capitais se atenuem e em ultima análise até se anulem. Já os iniciados mais adiantados, sabem e dominam por completo os seus efeitos, mantendo-se fora do seu domínio. Mas para atingir esses níveis de controlo, é necessário fazer o percurso todo e como diz o mestre, “o caminho faz-se, caminhando”.

Como afirmava São Tomás de Aquino ou o Padre António Vieira, existem se7e filhas por cada defeito capital, aos quais também devemos dedicar a devida atenção e simultaneamente encontrar o seu pólo oposto ou filha da virtude oposta que neutralize o primeiro nas nossas vidas. Grande parte das vezes, não nos damos conta do defeito que arrastamos no nosso dia-a-dia, porque exactamente o que arrastamos é uma filha dos designados defeitos capitais e passa grande parte das vezes despercebida como tal. Ai reside uma das grandes armadilhas da sua hierarquia.

Por exemplo; São Tomás de Aquino determina sete características como filhas da Acídia.
Desespero – quando o homem considera que o objectivo pretendido tornou-se impossível de ser alcançado, por quaisquer meios, gerando um abatimento que domina o seu afecto.
Pusilanimidade – covardia, falta de ânimo, falta de coragem para encarar um trabalho árduo e que requer deliberação.
Divagação da mente – é quando um homem abandona as questões essenciais e se instala nos prazeres exteriores, permanecendo com sua mente rondando assuntos do âmbito material.
Torpor – estado de abandono onde a pessoa ignora a própria consciência.
Rancor – ressentimento contra outros, o que acaba gerando uma agressividade. Está relacionado à Ira.
Malícia – Está ligada directamente ao materialismo e á Luxúria.
Preguiça – a falta de vontade ligada aos esforços físicos.

Diz-se que por cada filha (o) do defeito capital, existem, no mínimo, três filhos (as) da virtude que se lhe opõem. Dependendo das nossas características e necessidades devemos saber procurar as que melhor nos servem como neutralizadora do defeito capital ou de suas filhas. Para isso é importante conhecermo-nos, pois esse será sempre o primeiro passo no sentido da alquimia espiritual.

As se7e virtudes Vs. os Se7e defeitos Capitais:

– Preguiça ou Acídia Vs. HUMILDADE

Ira Vs. DILIGÊNCIA

Inveja Vs. PACIÊNCIA

Gula Vs. CARIDADE

Luxúria Vs. TEMPERANÇA

Avareza Vs. CASTIDADE

Orgulho Vs. MAFNANIMIDADE

– Preguiça ou (Acídia é a Preguiça da procura espiritual). A virtude cardeal relacionada com ela é a HUMILDADE. É necessário lembrar que estamos sempre falar em termos espirituais dentro da alquimia. Na sua origem, a Humildade (Humilitas) está relacionada a “fazer o seu trabalho sem esperar reconhecimento e sem esperar por recompensas”

Ira (Defeito Capital) – a DILIGÊNCIA é por contra-ponto a virtude capital ou cardeal, ou seja, a capacidade de guiar a energia e a capacidade de produzir de maneira efectivamente produtiva.

INVEJA - Defeito capital. Hoje em dia, as pessoas utilizam-se do termo “inveja” de forma errada. O seu sentido original quer dizer “Caminhar segundo o passo espiritual de outra pessoa”. Ter inveja de outra pessoa é tomar seu próprio caminho com base nos esforços e resultados obtidos por outras pessoas. A Inveja como a conhecemos hoje é a parte material do defeito capital original.
Por esta razão que a Virtude cardeal associada é a PACIÊNCIA. A paciência é a capacidade de caminhar (espiritualmente) no seu próprio ritmo. Não é sinónimo de “lerdeza” ou de “calma” ou de “ir devagar”… ir devagar é para gente devagar! Ter paciência é ter a capacidade de avançar no seu próprio passo.

GULA, como já era de se esperar este defeito capital está associado à fartura e a prosperidade. Sendo o defeito a gula, a virtude contra-posta a ele é a caridade. Aqui fartura e prosperidade no sentido dos excessos. A Gula é absorver o que não se necessita, ou o que é excedente. Pode manifestar-se em todos os quatro planos (espiritual, emocional, racional e material). Claro que a igreja distorceu o sentido original da alquimia, adaptando-a para o mundo material, então hoje em dia, gula é sinónimo apenas de “comer muito”. A virtude relacionada é a CARIDADE. A caridade lida com a maneira que tratamos nossos excessos. Ao contrário de consumi-los sem necessidade, devemos doa-los para quem não os possui. A caridade não está relacionada apenas com dinheiro, mas também aos 4 elementos da alquimia (espiritual, emocional, racional e material). Este texto, por exemplo, faz parte dos meus projectos de caridade intelectual.

LUXÚRIA - Defeito capital que quer dizer no seu sentido original “deixar-se dominar pelas paixões”. Em português, luxúria foi completamente deturpado e levado apenas para o sentido físico e sexual da palavra, mas seu equivalente em inglês (Lust) ainda mantém o sentido original (pode-se usar expressões como “lust for money”, “lust for blood”, “lust for power”). A melhor tradução para isso seria “obsessão”. A luxúria tem efeito na esfera espiritual quando a pessoa passa a ser guiada pelas suas paixões ao contrário da sua racionalidade. Para chegar ao auto-conhecimento, é necessário domar suas paixões.
A virtude associada é a TEMPERANÇA (do latim temperatia), ou a virtude de quem é moderado.

AVAREZA (avaritia) é o defeito capital. Caracterizado pelo excesso de apegos pelo que se possui. Normalmente associa-se avareza apenas ao significado materialista, de juntar dinheiro, mas a sua manifestação nos outros elementos (espiritual, emocional e mental) é mais subtil e perniciosa. A avareza é a origem de todas as falsidades e enganos. A virtude associada é a CASTIDADE, ou a pureza dos costumes. Do latim Castitas, quer dizer “de sentimentos puros”. Normalmente a associação errada de “sentimentos puros” com a palavra “castidade” usada de maneira incorrecta leva à associação de “abstinência sexual” com “pureza”, esquecendo que esta pureza é Espiritual.

Orgulho - A virtude cardeal é a MAGNANIMIDADE. A capacidade de brilhar e iluminar os outros ao seu redor. A virtude de brilhar pelo recto pensar, recto falar e recto agir. Assim como o orgulho é o pior de todos os vícios, a magnanimidade é a maior de todas as virtudes

Exercício:
Usando os Princípios Herméticos: Polarização e Ritmo “anular” / “neutralizar” os efeitos dos defeitos capitais.

Identificar e caracterizar o “fenómeno” a que pertence cada defeito capital enquanto pólo desse fenómeno, devendo trabalhar o pólo oposto.

Ou, caso não sejam pólos opostos (defeito e a virtude capitais)

Então: identificar a virtude que se opõem ao defeito e ai através do Ritmo trabalha-lo em simultâneo em sintonia com o ritmo do defeito em causa – conseguindo neutralizar os efeitos do defeito capital através dos efeitos da ritmo da virtude que se lhe opõem

Usando a polarização e o ritmo.

Exemplo:

2º defeito capital – Ira - A ira é o mau uso da energia, de forma agressiva. Em vez de direccioná-la para acções positivas: trabalho, família, desporto, ajuda ao próximo, etc. , a pessoa canaliza este excesso de energia de forma destrutiva)

2º virtude capital – Diligencia (Exercício: procurar actividades positivas que contraponham e simultaneamente consumam essas energias).

? Como devemos usar os Princípios da Polarização e Ritmo para melhorar na nossa vida os efeitos nefastos dos defeitos capitais?

1º Saber quais os nossos maiores defeitos capitais, os que estão a influenciar negativamente a nossa vida?

2º Identificar as virtudes que a ele se podem contrapor e que melhor se adequam a nós ou à nossa realidade.

3º Criar numa agenda de trabalho no sentido de termos presente no nosso dia-a-dia essa virtude que tem que ser trabalhada permanentemente como forma de anular os efeitos do defeito ou defeitos capitais.

Conclusão: Certamente que após uma ou duas semanas, como máximo, os efeitos se farão sentir. Depois desses efeitos de manifestarem, pense: Isto é um exercício dos mais simples e básicos do Hermetismo, quase infantil. Imagine-se ao adquirir conhecimentos Herméticos, como a sua vida pode mudar. Pois as ciências Herméticas são isso mesmo, a libertação do ser, através da verdade e do conhecimento.

Já dizia o mestre Jesus: “Conhece a verdade – ela te libertará” “O que eu faço, tu podes fazer também”

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