domingo, 19 de junho de 2011

O jugo da mente - o caminho da libertação.

Quanto se percebe finalmente o significado da individualidade, também se entende a dimensão e custo que essa mesma individualidade tem para a Humanidade. Esse custo é bem mais elevado do que o valor individual, somadas todas as partes, por mais que se lhe queira atribuir só o seu valor somático, pois a origem de todos os males da Humanidade é fruto da preservação a todo o custo desse carácter egocentrista do ser.

Quando nascemos, o nosso espírito não vem limitado pelos instrumentos da individualidade – o ego. É o desenvolvimento da mente, instrumento do ser para racionalizar informação, através do desenvolvimento dos mecanismos do ego que produz essa separabilidade que nos dá a sensação de indivíduos únicos e é essa sensação que motiva a defesa da necessidade de preservação dessa individualidade através dos mecanismos egocêntricos.

Toda a sociedade está formada de forma a que se caminhe no sentido do afastamento da direcção da evolução espiritual, pois desde bem cedo, enquanto crianças, somos motivados a aprender a individualidade como o primordial dos valores e só a partir deste, se criam as tabelas de valores, leis, critérios, etc. que regem este nosso mundo. Veja-se que para uma criança, de forma natural, é difícil até aos 2 ou 3 anos entender o que é o “eu”, para a sociedade em que vivemos é bom quando a criança, percebe que ela é “eu” e os outros são o “tu”.

De forma cega, sob o ponto de vista da coexistência do desenvolvimento físico versus espiritual, o actual ciclo da Humanidade, não entende que estar a incentivar o surgimento destes mecanismos – do ego, sem que se incentivem simultaneamente e harmoniosamente mecanismos compensatórios que mantenham abertos centros perceptivos - da simultaneidade, se está a manter aberta a fonte de todos os males que ao longo da sua existência têm acompanhado o Homem e feito da sua estadia neste planeta, uma estadia dolorosa.

Uma criança, antes do seu “eu ” se manifestar, só exige o que é básico para sobreviver – alimentação, cuidados de saúde, higiene e afecto. Quando o “eu” se manifesta e para ela se torna ciente do “eu” e “tu”, surgem todas as características que mais tarde se formarão e afirmarão como conceitos de bem e mal, certo e errado, isto devido ao fenómeno que aporta o “meu” e o “teu”.

Veja-se o que é o ciúme – medo do “eu” perder o que se julga ser “meu”.

Veja-se o que é a inveja – o “eu”quer o que é “teu”.

Este é um cenário bastante negativo quanto se entende os truques da mente, mas esses truques vão muito mais alem, pois o jugo da mente é muito mais do que isto, se não bastasse, ela é quem limita a capacidade de termos acesso ao plano de consciência verdadeira, fazendo com que a nossa visão do mundo seja única também. Isto até pode parecer bom e seria se por acaso não houvesse em todos os seres humanos, a mesma perspectiva de individualidade, ou seja, por cada ser, existe uma percepção do mundo, assim sendo, por cada ser existe um mundo diferente de todos os outros. Por isso, para aquele que atingiu o entendimento do que significam os jugos da mente, sabe que por cada ser existe uma verdade para tudo, uma realidade, diferente de todas as outras.

Então como nos podemos entender se todos nós vemos o mundo de forma diferente? E temos certeza absoluta que a nossa visão do mundo é a correcta? Pois esta visão é verdade por imposição da nossa limitação perceptiva, só que nem disso temos ciência.

O que todos os seres tentam fazer é aceitar viver com o que os outros pensam ou com o que os outros julgam ser a realidade, mas acreditando ser a sua a verdadeira realidade. Nunca entendendo que o problema de todos nós está no facto de nenhuma das perspectivas ser a verdadeira, pois os limites da percepção afectam todos os seres desde o dia em que passamos a dizer: “eu” e “tu”.

Vivemos pois num mundo em que sentimos a todo o momento que saber viver é saber aceitar os defeitos dos outros, sem entender que nós somos parte desses defeitos. Quando saber viver é ter coragem para entender a verdade sem dogmas e sem medo do que os “outros” possam pensar de “nós”.

Enquanto o ser humano não entender os truques e jugos da mente, não sairá da prisão que é definido pelas religiões como “inferno”. Enquanto não entendermos que é no equilíbrio que a felicidade e harmonia se dão, nunca poderemos querer conhecer o caminho do “meio” – aquele que nos permite ter tudo o que julgamos não ser possível neste mundo.

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