sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Reflexão sobre o cérebro, a mente e o espirito.

Há evidencias cientificas que confirmam que o cérebro reage milésimos de segundos antes dos eventos ocorrerem, criando assim os fenómenos de prontidão psíquica e fisiológica que o ser humano ativa, enquanto ação/reação perante os eventos.
Conclui-se assim, para que determinada reação seja desencadeada pelo corpo e ocorra no momento em que ela é necessária, precisa que antes o cérebro tenha “adivinhado” a necessidade da ação, antes de ter ocorrido, ou seja, o cérebro precisa “prever” os milésimos de segundos seguintes (futuro), pois a ordem que ele dispara aos órgãos que deverão intervir, precisa desse décalage de antecipação para que a reação ocorra no momento exato à necessidade do evento. É esta a versão da ciência ortodoxa.
A ciência até hoje não conseguiu justificar o fenómeno, apenas conseguindo regista-lo e confirmar a sua ocorrência. Se acrescida a esta constatação, a visão milenar das ciências esotéricas e os seus conhecimentos arcanos, é possível desbloquear estes aparentes paradoxos gerados pela incapacidade de conseguir compreender e dar coerência efetiva a estas constatações.  
Aparentemente o que a ciência reconhece é contraditório sob a perspetiva cientifica, pois para que tal ocorra, significa afirmar que o cérebro prevê o futuro, conseguindo saber o que será necessário ordenar aos órgãos, alguns instantes antes, para assim a ordem ser dada a tempo desses órgãos reagirem sincronizados com o acontecimento para que são chamados a responder. Então a ciência está a afirmar que o cérebro percebe o futuro, sem que o ser humano seja consciente desse fato?!
Só pode ser assim, pois o ser humano, não se dá conta desta ação, ele apenas age perante o acontecimento / evento. Mas para que a resposta seja simultânea ao evento, tem que ser prevista instantes antes, certo?! É a ciência ortodoxa que o afirma, não o hermetismo. Esta constatação gera um paradoxo. Como pode o cérebro ter acesso a esta informação, quando o ser humano, do ponto de vista da consciência, não se dá conta de tal antecipação, ou seja, não é consciente dela?!
 Será que o cérebro vê o futuro? Como isso ocorre, sem que nos possamos dar conta? A estas perguntas, a física quântica ainda não conseguiu responder. Basta ler o livro escrito por William Arntz, Betsy Chasse e Mark Vicente – “Afinal, o que sabemos nós?”, onde eles explicam esta encruzilhada em que a física quântica se encontra, sem que dela saibam sair, apontado apenas algumas possibilidade quando se chama à física quântica as visões de alguns místicos e mestre das ciências esotéricas.
Muitos confundem, julgando que o hermetismo, à semelhança de outras correntes esotéricas, trata de forma idêntica, áreas temáticas como a cabala, alquimia, filosofia, magia, etc. Na verdade é um erro, quando se vê o estudo milenar dos conhecimentos herméticos dessa forma, pois seu o estudo, investigação e desenvolvimento é em muito, a base do atual método cientifico ortodoxo, visto na sua base, assentarem os mesmo princípios de orientação, pesquisa, constatação e comprovação cientifica.
Assim, apresentaremos aqui uma abordagem da ciência hermética, relativa aos seus estudos e pesquisa mais desenvolvidos nesta matéria. Alguns deles nunca, até hoje, trazidos de forma desvelada aos não-iniciados nos mistérios que tais conhecimentos envolvem. Desta forma, iremos dar uma ajuda ao ramo da ciência irmã (física quântica), para trazer uma nova visão aos paradigmas existentes, a saber:
Na linguagem científica do estudo hermético, conclui-se, à semelhança da física quântica que há uma certeza – é verdadeira a afirmação da física quântica, o cérebro tem que conseguir antecipar o evento, antes dos órgãos que estarão envolvidos, devam responder. Pois existe um instante de tempo, necessário para a ordem do cérebro chegar a esses órgãos. Mas, no entendimento da visão hermética, está a ser cometido um erro. A física quântica e aqui toda a ciência conhecida da humanidade, deixa escapar um fato importante, uma possibilidade que gera o erro, esta prende-se com o fato de se pensar que a ação / evento que tem que ser respondida pelos órgãos, ocorre no presente. Este é o verdadeiro erro que gera a encruzilhada.
Como?! – Perguntará o leitor. - Está a insinuar que o que percebemos por realidade, não ocorrer no presente?!
Sim, é isso mesmo. Tudo o que o ser humano tem ciência, tudo o que entendemos por realidade, quando ocorre de fato, não nos damos conta dela, apenas a percebemos, apenas temos consciência dela, no mínimo, alguns instantes depois.
Tal conceito, pode até violentar o entendimento ortodoxo, pois se correto, altera por completo a forma como entendemos o tempo e aquilo que percebemos como realidade presente, passado e futuro. Claro! Mas é isso que tantos iniciados dominando as ciências esotéricas afirmam, sem que o resto da humanidade perceba de fato. Nada do que percebemos, nada do que vivemos, acontece no presente. Tudo, absolutamente tudo, tem lugar no passado. Nunca aquilo que pensamos ser a realidade, o presente e o que sentimos, é tido no presente. O presente ocorre sem que seja percebido pela consciência, mas o nosso sistema de sensores, regista-o e o cérebro processa-o, no verdadeiro presente. Aqueles instantes antes, de termos consciência disso, esse é o verdadeiro presente.
O que estou a afirmar é que, o que temos como realidade, já ocorreu instantes antes, de quando nos damos conta. Por isso e na verdade, o que o cérebro faz não é nada de extraordinário, pois não prevê qualquer futuro, apenas recebe dos sensores responsáveis pelas perceções e regista em tempo real (no momento em que ocorre de fato).
Então por quê tal evento se torna consciencializável para o ser humano, só, instantes depois?
Para aceder ao conhecimento que contem tal resposta, precisamos entender como se processam os fenómenos que geram aquilo que entendemos como realidade. Devemos começar por distinguir os processos fisiológicos, no que ao cérebro se refere, dos processos da mente, no que aos processos de consciência, se deve entende. Ambos são necessários para que o ser humano tenha a experiencia da existência e nela do que se entende por realidade (o nosso “aparente” presente).
Os processos mais densos, mais fisiológicos, ligam os órgãos que recebem as informações do exterior do ser humano (os cinco sentidos), ao órgão que processa toda esta informação (o cérebro, órgão físico). Todos estes mecanismos, ocorrem num complexo conjunto de processos de caracter fisiológico perfeito. Este conjunto é o mais poderoso computador que alguma vez já existiu, mas todos estes processos não geram por si a consciência. O cérebro faz de forma maravilhosa o processamento de todos os dados recolhidos e cria a rede de neurónios que poderemos designar por memórias (simples, conexas, superficiais, intermédias e profundas), o mesmo é dizer - a nossa base (banco) de dados interna.
Mas como se dá a consciência e o que é ela?
Como se processa e o que tem que ocorrer para o ser humano ter acesso ao que entendemos por consciência que nos leva a considerar-nos existir e a fazer parte dessa tal realidade?   
Responderia – O pensamento.
É aquilo que designamos por pensamento que serve de instrumento para que ocorra o processo de “de nos darmos conta = termos consciência de”. Mas o que é o pensamento? Pensamento é a forma de movimento usada pela mente, a forma como ela se move dentro dos processos mais densos, quando usa o órgão cérebro para aceder à base de dados interna (o conjunto de memórias constituídas por todos os dados recebidos e armazenados, através da constituição das redes de neurónios).
Então importa aqui também distinguir e compreender o que representa a mente, visto estar a afirmar que o pensamento é o instrumento que a mente usa para se movimentar, dentro dos processos mais densos, dentro do sistema cerebral, para ter acesso aos registos das perceções externas do mundo físico que estão guardados em memória.
Então o que é a mente? – Perguntará o leitor.
O hermetismo afirma e ensina que esse fenómeno que se designa por mente, é algo que está para além do cérebro. Assim olharemos para a mente como um algo mais sutil e para o cérebro como um órgão fisiológico, sendo este último, aquele que materializa aquilo que podemos chamar de movimentos mais densos da mente – pensamentos, mas também os movimentos mais sutis - intuição. Materializar aqui significa, trazer para uma compreensão da linguagem humana todo o conjunto de sensações e perceções que o fenómeno mente capta, e para que se torne entendível, na perspetiva do intelecto humano, precisa ser convertido em algo com significado para a compreensão (=consciência da realidade).
Essa compreensão (=consciência da realidade = consciência no nível da tridimensionalidade) é feita através dos vários conjuntos de redes de neurónios e das diversas conexões que podem ser feitas entre esses inúmeros neurónios, gerando assim infinitas associações que vão das mais básicas para a mais complexas, mas sempre a partir da estruturação e conexão de segmentos de neurónios, em que cada um representa uma sensação, uma experiencia, uma ideia humana básica.
Por exemplo, quando aprendemos uma cor (azul), no cérebro, cria-se um nerónio que assume esse registo, sempre que aprendemos sobre as diversas tonalidades de azul, a cada nova tonalidade, a cada escala de nova perceção, gera-se um novo neurónio. Para os sons, cheiros, letras, sons, imagens, movimentos, etc., para cada perceção, do mais básico concetual humano, o cérebro tem que o ter como um registo e para isso gera um neurónio específico para tal.
Para conceitos mais complexos, ele inicia um processo de associações de vários neurónios básicos existentes, perceções já registadas, gerando assim através de conexões entre certos nerónios, uma rede que ativada, cria um conjunto logico que, por si, representa um conceito ou ideia mais complexa.
Por exemplo, uma laranja (fruto). A imagem de uma laranja, junta numa só rede que interconecta vários neurónios que, por si, tem uma representação bem genérica, mas que quando associados, entre si, e ligados num processo encadeado e logico, geram toda a perceção do fruto laranja. Cor (laranja), textura da casca, experiência do tato ao retirar a sua casca, textura interior, sabor, cheiro, grau de doçura, acidez, etc.
Para um conceito cerebral do que pode representar a imagem dum fruto como a laranja, por muito simples que seja para o processo cerebral, quando comprado com outras concetualizações humanas, mas só um processo destes, obriga a que o cérebro tenha constituídos um enorme conjunto e complexa rede de nerónios, que juntos geram toda a perceção do que é uma laranja, o que representa, como se sente, sabe, etc., para os sentidos do ser humano, que por sua vez, geram aquilo que podemos entender a base de dados (informação disponível sobre) onde a mente através do pensamento poderá aceder para assim gerar, enquanto nível de consciência da laranja. 
O pensamento é o instrumento de que a mente se serve para ler os registos que estão armazenados nas nossas memórias (redes de neurónios). Vamos dar um exemplo alegórico como forma de simplificar o entendimento básico sobre os processos e seus órgãos. Imagine um computador, aquilo que é todo o hardware, podemos entende-lo como o nosso corpo físico e todos os sistemas neurofisiológicos que o fazem funcionar.
Agora vamos falar sobre os softwares – o sistema operativo, aqui seria o ego, o conjunto de instrumentos que juntos fazem funcionar, de forma básica, todo o hardware e simultaneamente, suportam os restantes softwares que serão instalados. O disco rígido seria a nossa capacidade de registar e tudo o que nele esteja contido, serão as nossas memórias. Aqui o pensamento estaria representado pelo movimento, e a agulha que lê a informação contida no disco rígido.
A tela (ecrã) e tudo o que nela se apresenta, o que surge como perceção no momento, é aquilo que entendemos como tempo presente (realidade). Sendo o conjunto de informações registadas no disco rígido as nossas memórias, são também o que entendemos por passado, pelo conjunto de eventos/acontecimentos que já tivemos perceção e daí foram registados enquanto tal.
O software a que designamos por navegador de internet (browser), representa a intuição. Toda a informação que existe na internet, ou seja, toda a internet, representa aquilo a que se pode designar de Consciência Cósmica, onde pré-existem todos os eventos e todas as ocorrências/possibilidades. Aqui o Hermetismo denomina de ETERNO AGORA e a física quântica designa de CAMPO. 
O conjunto de suportes, a partir dos quais o nosso disco pode receber informação, para além do ETERNO AGORA, são então os suportes físicos como DVD´s, CD´s, pen-drive´s, cartões de memórias e intrarredes. Estes, representam o conjunto de suportes a partir dos quais constituímos dia-a-dia o nosso suporte de memórias internas. Eles equivalem os conhecimentos/informações adquiridas durante a nossa educação académica, social e cultural. Na verdade o seu conjunto termina por fazer parte e constituir, uma parte importante do modo como o nosso sistema operativo (ego) funcionará. 
Mais tarde usaremos estes exemplos como forma de ilustrar parte dos processos complexos que a mente, no seu conjunto, origina. Mas então como funciona a mente, como nos damos conta, como temos cons-ciência?
Para tentar auxiliar o entendimento sobre a forma como registamos e como percebemos o mundo que temos como existência, vamos socorrer-nos no hermetismo, das suas disciplinas, neste caso, da Numerologia Pitagórica. A mente, no atual estado em que o ser humano se encontra, estado encarnado neste plano físico da tridimensionalidade, ela é incapaz de relacionar mais que um acontecimento/evento ao mesmo tempo. A mente humana, no atual estado, não consegue percecionar em simultaneidade, aquilo a que as religiões denominam, de certa forma, por Omnipresença, ou seja, conseguir estar ou perceber vários eventos ou espaços-tempos simultaneamente.
A esta incapacidade, a física quântica identifica, não como tal, mas afirma que na dimensão quântica, existem todas a potencialidades do surgimento do evento, até ao momento em que o observador, observa. Ai dá-se a materialização no plano da tridimensionalidade, apenas de uma das possibilidades existentes. Na realidade a física quântica, não percebendo ainda, está a afirmar, isso mesmo: “…estando presentes todas as possibilidades, de um evento, na presença da consciência limitada à tridimensionalidade, apenas se consciencializa uma possibilidade do evento, de cada vez”.
O aparente limite para a simultaneidade, está imposto pela necessidade de materialização das perceções recebidas, na tela/ecrã que temos como perceção do tempo presente (realidade). Isto só se consegue efetuar através do pensamento e aqui reside o limite, o pensamento, a agulha de leitura da informação que está registada no disco rígido, só lê uma quantidade limitadíssima da área do disco rígido, quase que poderíamos afirmar na linguagem informática – dado a dado (bit a bit) de cada vez. É o pensamento que gera a aparente incapacidade de perceber mais que um evento em simultâneo, quando na verdade, a mente consegue perceber em simultaneidade, mas não os consegue materializar na tela (ecrã) mental (perceção que temos como momento presente=realidade), registando assim nas memórias, para depois aceder, ou seja o pensamento ler, um a um.
Vamos dar um exemplo para perceber melhor este processo. A agulha (leitor) que lê o disco rígido (nossas memórias), só consegue ler um dado de informação de cada vez, o que surge na tela/ecrã do computador é o que percebemos como momento presente (realidade). Na verdade esse momento presente é composto por um conjunto de dados a que a agulha (pensamento) consegue aceder e agrupar num outro sistema onde durante breves instantes consegue manter vários dados juntos e organizados de forma a mostra-los na tela/ecrã, gerando assim a imagem que se apresenta nessa tela/ecrã (momento presente=realidade). A este sistema que cria uma imagem com base em alguns dados capturados pelo pensamento e usando os recursos do ego (software operativo), poderemos designar memória virtual ou temporária.
A perceção que temos como momento presente é na verdade isto mesmo – uma memória temporária que regista durante uns breves segundos um conjunto de dados/imagens/informações que representam aquilo que compreendemos como existindo no momento presente (realidade). Porque esta memória virtual é de duração breve, o pensamento, atualiza-a permanentemente e isso termina por gerar aquilo que percebemos como decurso do tempo (ação que cria a ilusão de movimento, do passado para o futuro=ilusão do presente).
Assim é indispensável fixar que qualquer que seja o grau de desenvolvimento de um ser humano, sem exceção, temos uma limitação que é imposta pelo estado em que se materializa a mente, naquilo a que muitos afirmam ser o sistema cerebral. Desde que estejamos a falar de uma mente projetada num corpo físico (encarnada), esta estará sempre limitada, sendo incapaz de atingir o estado a que o hermetismo designa de simultaneidade e que as religiões designariam de Omnipresença.  
Outra limitação importante ou característica que devemos estar cientes, se pretendemos entender o fenómeno complexo que é a mente, é o fato dela, quando materializada, neste estado mais denso que entendemos pelo sistema cérebro-mental, ser incapaz de perceber um evento/condição que não tenha como referencia um seu oposto. Na verdade o que estou a afirmar é que a mente só se dá conta de parte do que de fato existe, pois ela só consegue perceber/registar aquilo que tem um oposto, um contraste/uma escala. Sei que pode parecer complexo para quem se depara pela primeira vez com tal tema, mas vamos pedir a Pitágoras que nos ajude com um exemplo:
Imagine uma condição térmica de 30 graus centigrados e a ela vamos designar por – estado 1 (UM). Agora imagine que não haveria no universo qualquer outro grau de temperatura, todo o universo, estava a 30 graus centígrados. Nesta condição 1 (UM), embora houvesse a temperatura, o ser humano, não tinha cons-ciência dela, pois era impercebível, não havia outro grau para que a mente humana conseguisse identifica-la como algo existente.
Então pense agora na possibilidade de passar a haver uma outra condição, 25 graus centígrados, a ela designaremos por - estado 2 (DOIS). Só com esta condição a mente passaria a ser capaz de efetuar o registo, por comparação, da condição 1, com o surgimento da condição 2. O registo, ou cons-ciência destas duas, é materializado mentalmente por - estado 3 (TRÊS) que gera a condição que entendemos por temperatura ou sensação térmica (consciência de).
Assim é possível perceber que a temperatura, só é consciencializável para a mente humana, porque existe mais que uma ocorrência do fenómeno, ou seja, porque se repete em graus diferentes, é possível para a mente, perceber o fenómeno em si. Em bom rigor, podemos afirmar, tudo o que está na condição 1 (UM), embora exista no Universo Creado, não é percebida pela mente humana, porque apenas registamos tudo o que se manifesta dualisticamente, polarizando-se. Vivemos um estado mental limitado pela dualidade, ou se preferirem, condicionados à LEI UNIVERSAL que o Hermetismo designa de Polaridade.
Aqui também se percebe que tudo o que representa o Universo percebido, tudo que se manifesta como percetível para a mente humana tem que está em condição trina, estado 3 (três). Assim afirmamos, sem entendermos plenamente que o Universo é de características e essencialmente tridimensional. Na verdade o que é tridimensional é a nossa capacidade de percecionar e assim, apenas temos ciência do que se apresenta na condição 3 (três) / tridimensionalmente.
Muito do que se manifesta no Universo, não conseguimos ter perceção, basta para isso entender que sem haver polarização/desdobramento de um determinado evento ou condição, a limitação a que a mente humana está relegada, não permite a sua perceção. Muito do que são até os fenómenos designados de paranormais ou a matéria escura da ciência ortodoxa, derivam desta limitação, como iremos verificando no contexto e a luz deste novo conhecimento.
Voltando à Numerologia Pitagórica, para nos ajudar a perceber a mente, podemos concluir que tudo aquilo que temos perceção como existência, só acontece quando se desdobra, quando se polariza e daí gera uma outra condição ou escala, permitindo à mente identifica-las e assim ter consciência do que é gerado. No exemplo da temperatura, só com o surgimento da condição de 25 graus centígrados (estado 2), é possível, à mente, ter consciência do que é a temperatura. Podemos afirmar que para a mente humana, tudo é percebido e acontece desta forma.
Vamos deixar aqui um desafio para reflexão, caso concorde com esta linha de entendimento hermético. Não haverá tantos eventos, fenómenos e condições no Universo que estando presentes, pelo simples fato de termos uma limitação na condição mental, devido à tridimensionalidade em que se manifesta a cons-ciência, apenas temos perceção de uma parte do que é toda a existência, gerando aquilo que é para nós a realidade? Mas é nossa realidade possivelmente bem diferente da realidade para uma consciência que esteja fora dos limites que este fenómeno da tridimensionalidade impõe.
Resumindo, temos então que aquilo que é a mente, no estado físico representado pelo sistema que gera a perceção da existência (sistema cerebral-mental), apresenta duas características que, por si, nos tornam reféns da maneira como vivemos e vemos a existência e como surge a realidade. Apenas conseguimos perceber e ter presente um único evento de cada vez e só temos perceção dos eventos que se polarizam/desdobram e se apresentam tridimensionalmente no espaço-tempo.
Isto não significa que as limitações da mente ou se preferirmos, o estado mais denso em que se manifesta a mente, como sistema sutil de consciencialização do espírito, fiquem somente por aqui. Ainda dentro dos aspetos mais relevantes a ter em conta como principais mecanismos de limitação da mente, devemos ter como referência o que comummente se compreende por ego. Este não é influenciado, nem influencia, diretamente as duas primeiras, mas é fundamental na forma como olhamos o mundo, principalmente na forma como nos vemos e vivemos nele.
Até aqui abordamos ligeiramente o tema da mente e unicamente, na perspetiva em que as suas limitações influenciam a forma como a consciência se manifesta. Estas condições, são inerentes ao atual estado físico em que ela se projeta, ou se preferirem, são condições associáveis ao estado físico (três dimensões do espaço-tempo) em que existimos, significando que estas duas condições são iguais e permanentes para (quase) todos os seres, enquanto estivermos e vivermos na tridimensionalidade. Existe no entanto um outro conjunto de condições limitantes para o sistema cérebro-mental que tendo na base princípios idênticos para o seu funcionamento para todos os seres, difere na forma como se apresenta e esta diferenciação, afeta a forma como percebemos a realidade. Estamos a falar do que a humanidade entende por ego.
Embora o ego influencie a forma como o ser depende da mente e esta se manifesta, por si, ele não é uma característica fisiológico, nem da mente, apenas induz o modo em que nos manifestamos, enquanto diferentes seres, pois é este que diferencia a modo como avaliamos a tal realidade. Por si só, o ego, é o fenómeno que origina as diferenças percetivas entre os seres humanos. Enquanto as duas primeiras características que aqui apresentamos, representam os mecanismos que geram o limite a partir do qual a mente funciona, significando isso que todos estamos condicionados a elas de forma idêntica, já o ego, representa no seu todo, o sistema que gera a individualidade, a diferença ou o prisma em que cada um vê / percebe a realidade.
Enquanto as duas primeiras são constituídas como condições inerentes aos planos da existência tridimensional, o ego surge como condição suscitável de diferenciação entre os seres, assim como passível de maior ou menor eliminação por cada um. Embora o ego não seja propriamente a mente ou parte dela, ele cria todo o conjunto de condicionantes para que a mente se apresente no seu estado mais ciente e daí se possa originar uma visão mais ou menos clara.
Para entender melhor o ego vou mostrar uma imagem análoga ao exemplo que estou a usar, por forma a auxiliar a compreensão. Imagine que aquilo que consideramos ego é uma caixa, onde nós estamos dentro. Essa caixa está totalmente vazia, estando unicamente preenchida por cada ser, individualmente e em cada caixa. Todos os seres humanos em estado encarnado, estão dentro da sua própria caixa. Ela, tendo seis lados, esses lados são completamente opacos e a caixa completamente estanque. Em todas as caixas (egos), apenas existem seis pequenos orifícios que permitem perceber o exterior – cinco destes, representam os sentidos físicos (audição, visão, olfato, tato e paladar), o sexto sentido representa aquilo que designamos por intuição.
A matéria pela qual é constituída a caixa, é igual para todas as caixas e aqui poderemos fazer a analogia destas com as duas condições limitantes que descrevemos anteriormente, concretamente; forma analógica em que a mente funciona e a sua limitação face à simultaneidade. Os orifícios estão cobertos por ligeiras camadas, translucidas. A matéria de que são constituídas estas camadas que cobrem os orifícios, são feitas de um conjunto de ingredientes (códigos sociais, regras, ética, conceitos, leis do homem, costumes, etc.), nem todas as camadas destes orifícios, das várias caixas, têm os mesmos ingredientes, nas mesmas quantidades e proporções, por isso a densidade por que esses orifícios, nas caixas, são constituídas (conjuntos dos códigos), determinam a sua translucidez, posicionamento e formato dos seis orifícios (seis sentidos). Assim após estar completamente constituído a caixa de cada um, é a densidade com que as camadas que cobrem os orifícios dessa caixa foram constituídas que determina a perceção do mundo exterior, da realidade percebida, que cada um irá ter.
Já em adultos, quando a nossa caixa está completamente constituída, é possível melhorar a perceção que temos do mundo exterior, para isso, precisamos trabalhar a formatação dos códigos que constituem a matéria que forma a menor translucidez dos orifícios da nossa caixa e só isso permite que possamos alterar a visão para o exterior.
Aqui também é importante perceber bem o que é intuição e perceção, visto, serem dois mecanismos fundamentais no funcionamento da mente. Perceção, na imagem do exemplo da caixa, é todo o conjunto de sensações que conseguimos obter do mundo exterior a partir da totalidade dos seis orifícios. Já intuição, é unicamente o que resulta da perceção do sexto orifício, ou seja, é em si um sentido.
Enquanto os cinco restantes têm um carater mais denso, pois captam as condições que se encontram em vibrações mais densas (físicas), o sentido intuição, capta os níveis mais sublimes das cinco primeiras, os estados vibracionais mais elevados dos cinco sentidos. Mas a intuição, enquanto sentido sutil, é também o instrumento de comunicação entre os vários estados em que a mente se manifesta. Poderemos afirmar que intuição está para o espirito, no seu estado mais puro, como o pensamento está para o estado denso do sistema cérebro-mental, quanto à cons-ciência.
Vamos entender melhor a última afirmação. A mente, como já referi anteriormente, é algo que está para além do que percebemos como sistema cerebral. Este último, é apenas uma expressão da própria mente, ou seja, a materialização da mente no estado Malkut da árvore da vida da cabala (o universo percebido/físico). Assim a mente, existe em várias dimensões ou planos vibracionais, estes estados em que ela se projeta/apresenta, representam o que entendemos por estados de cons-ciência. Assim temos que a mente em si, existe em vários estados de manifestação, desde o estado que conhecemos enquanto seres encarnados, sistema cérebro-mental (tridimensionalidade), até ao mais elevado estado em que ela se apresenta plenamente liberta, como CONSCIÊNCIA CÓSMICA.
Quando se fala em Consciência Cósmica, no hermetismo, referimo-nos à MENTE CÓSMICA, se preferirmos - a UNIÃO de todas as MENTES, de tudo o que existe manifestado e tudo o que existe In-manifesto. Entre o estado de consciência a que estamos condicionados enquanto seres encarnados e este estado plano a que designamos CONSCIÊNCIA / MENTE CÓSMICA, existem vários estados em que a mente se apresenta. O canal de comunicação que liga os vários estados em que a mente se manifesta, designa-se por intuição ou movimento mais sutil da cons-ciência.
No exemplo do computador, podemos identificar o estado de manifestação da mente mais baixo, como tudo o que resulta da capacidade de gerar informação unicamente pela informação /dados existentes dentro do computador e o estado elevado em que a mente se manifesta, a própria internet em si e tudo o que ela contem. Sendo aquilo que mantem a ligação do computador à internet, individualmente – o software navegador (browser), representa a intuição individualizada e coletivamente as linguagens de protocolos de comunicação de internet (TCP/IP, FTP, HTTP, etc.), representando a linguagem em que se organiza a informação na MENTE CÓSMICA.
Assim podemos começar a entender o porquê do hermetismo afirmar que a mente é um sistema que está muito para além do sentido que lhe damos quando nos referimos a ela como o instrumento físico-neurológico que é o sistema cerebral, pois na verdade aquilo que a humanidade entende por mente, é a sua expressão de manifestação mais densa, mais desdobrada/descontinuada. Então aquilo que confundimos com a mente, é na verdade, apenas, uma das suas formas de manifestação, a mais densa.
O hermetismo ensina que tudo o que se manifesta, aquilo que entendemos por existência, onde se inclui o que compreendemos como mente, existe manifestado em vários níveis de vibração ou se preferir, em vários níveis de desdobramento, concretamente – sete. Assim tudo o que está manifestado, existe em vários outras condições, unicamente, apenas temos perceção da sua existência, do seu nível sétuplo mais denso.
Tudo no Universo CREADO é sétuplo, absolutamente tudo. No plano físico, vejam as cores em que o branco se desdobra, são sete, aquelas que estão presentes na forma básica na natureza e visíveis ao olho humano no fenómeno que é o arco-íris. As notas musicais, são sete.
Os números são sete, agora afirmará, não, os números são uma sequência de dez (0,1,2,3,4,5,6,7,8 e 9) e repetido ao décimo primeiro número. Não, não é verdade. Os números manifestos, no estudo esotérico das suas características, são apenas sete, isto porque os três primeiros (1,2 e 3), são na verdade apenas um único. A Numerologia Pitagórica estuda um lado dos números que representam as características esotéricas que eles revelam.
Não iremos aqui aprofundar muito sobre o assunto, mas ainda assim, lembra-se da analogia simbólica que apresentei para revelar anteriormente a incapacidade da mente perceber parte da existência? Quando refletimos com base no exemplo que representa a polarização ou descontinuidade, através da representação do estado 1 (30 graus centígrados), do estado 2 (25 graus centígrados) e do estado 3, em que a consciencialização da mente, só aqui, perceciona, por comparação entre os dois primeiros estados, naquilo que passa a ter como sensação térmica ou temperatura.
Então, o significado esotérico, no estudo da característica e qualidade esotéricas dos números, indica-nos, nessa conclusão, que em rigor, para a mente humana e assim para o que temos como existência (realidade percebida), porque não temos como perceber as duas primeiras condições (1 e 2), apenas devemos contar a partir do número 3. Assim sob a leitura das ciências esotéricas, só existem qualidade relativas a sete números manifestáveis – 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9.
Agora perguntará – Então e o zero? Se o 1 corresponde ao estado mais sublime de tudo o que é manifesto, mas tão sublime que a mente humana não consegue tem perceção dessa condição, o zero representa a condição INEFÁVEL da CREAÇÃO. Aquilo que os cientistas ortodoxos afirmam haver no NADA, referindo-se estes somente ao plano da matéria, ou o que a física quântica diz ser o CAMPO QUÂNTICO. Para o hermetismo é isso mesmo, designa desde há séculos por NADA / Transcendente, o ZERO da numerologia Pitagórica, o RA Egípcio.
A aparente complexidade do que entendemos ser a forma como se organiza o Universo, é apenas isso, desdobramentos sétuplos. Tudo o que é de origem da manifestação, deriva de desdobramentos sétuplos. Assim o primeiro estado dos planos da manifestação têm uma matriz bem simples, a diversidade só ocorre porque essa primeira matriz sétupla se desdobra, cada uma múltipla de mais sete e assim sucessivamente, gerando infinitos desdobramentos de uma única condição na origem. Com a MENTE CÓSMICA, acontece isso também, terminando no que temos como sistemas cérebro-mentais, aquilo que entendemos pelas nossas mentes. 
Tudo é sétuplo, os números manifestos são sete e tudo o que se manifesta, apresenta-se descontinuado numa imensidão de desdobramentos sétuplos. Todas as condições Universais, absolutamente todas, se podem reduzir à condição única mais sutil. A mente também, ou melhor, a forma como ela se apresenta.
Voltando à questão de – “…em que tempo (passado ou presente) vivemos a realidade?”. A resposta à forma como, e o porque só percebemos a realidade no passado, está na capacidade de perceber os processos que limitam o conjunto que, é todo o fenómeno de nos darmos conta, de termos consciência de sermos e existirmos nesta realidade – a mente, enquanto sistema que reúne o lado físico (cérebro) à consciência pura (espirito) e às condições em que ela se apresenta.
Essas condições, referem-se às leis do universo e à forma como essas leis condicionam as características do plano físico que conhecemos por tridimensionalidade espacial, assim como ao que resulta da tridimensionalidade temporal. São os efeitos destas condições que designamos por, condição analógica do sistema cérebro-mental e a não-simultaneidade, que reunidas, representam uma barreira à mente, levando a que ela se apresente limitada.
Os fenómenos que condicionam a perceção do tempo, na problemática que a física quântica refere, na afirmação - “…o ser humano não consegue, de forma consciente, percecionar a realidade no momento presente”, estão diretamente relacionados com os efeitos que a condição de tridimensionalidade provoca na consciência. Sem perceber com maior profundidade o que gera a tridimensionalidade, em que outras dimensões a consciência se pode manifestar e como essas condições afetam o que temos como existir, como percebemos a realidade, ou seja, como se manifesta a consciência individualizada, nunca perceberemos o porquê da ilusão do tempo (passado, presente e futuro).
Porquê a referência a conceitos de outras dimensões que não correspondem a esta em que a matéria e realidade que conhecemos se processam?
Porque para perceber como se gera aquilo que percecionamos como realidade coletiva, precisa de iniciar-se na capacidade de perceber como se origina a ilusão de tempo cronológico. Este deve ser percebido, não só, à luz da tridimensionalidade, como também da quarta e quinta dimensão. Pois o comportamento do tempo-espaço é peça fundamental para a materialização de como se gera como consciência da realidade comum e este comportamento tempo-espacial é diferente, quando exposto a diferentes dimensões. Se o tempo-espaço tem comportamentos diferentes quando exposto a dimensões diferentes e se as leis da terceira dimensão são influenciadas e influenciam as restantes, então é fundamental perceber como essa interação ocorre.
Na tridimensionalidade esse comportamento, obedece a uma sequência em que os eventos são colocados no espaço e tempo, obedecendo a movimentos nas três dimensões dos dois fatores, concretamente;
O espaço aqui obedece à lei da física do movimento – altura, largura e cumprimento ou seja, movimento lateral, cima/baixo, frente/traz. Já o tempo, comporta-se nesta dimensão obedecendo aos eixos do movimento – passado, presente e futuro. Sendo ambos dependentes um do outro, significa isto dizer que todo o movimento, todos os eventos, ações, ocorrências inerentes e interdependentes, ou seja, todo o conjunto de eventos e ações que geram a existência, depende do tempo e este depende do espaço. Aqui o movimento é feito preferencialmente por ângulos retos. *(ver desenvolvimento do tema, nas monografias sobre as leis de 4ª e 5ª dimensão)
Na 4ª dimensão – o tempo apenas obedece a uma sequência em que o movimento é feito no espaço-tempo em função da consciência, aquilo que se mentaliza e não aquilo que se materializa. Aqui o movimento é feito por ângulos curvos. *(ver desenvolvimento do tema, nas monografias sobre as leis de 4ª e 5ª dimensão)
Na 5ª dimensão – O tempo-espaço é algo moldável, onde aquilo que entendemos como passado, presente ou futuro, parecem existir no mesmo espaço. Nesta dimensão o observador, a consciência, não se move, mas sim é o espaço-tempo que se verga à consciência, independentemente de este ser um aparente passado, presente ou futuro, todos eles, independente da sua relatividade para a consciência de 3ª dimensão, existem dentro do mesmo espaço. Aqui o movimento inexiste ou seja, existe de forma não racional para o entendimento humano, pois todos os eventos se realizam num só espaço-momento. Aqui o movimento não existe para a consciência, mas sim, de forma paradigmática ao entendimento humano, a condição de movimento, aqui, é uma característica inerente à própria inexistência de espaço. *(ver desenvolvimento do tema, nas monografias sobre as leis de 4ª e 5ª dimensão) Ex: filme Interestelar

**Ângulos curvos = evento mental não condicionado ao espaço. Ângulos retos = evento mental condicionado ao tempo-espaço

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