Certamente que não se lembra da
época em que aprendeu a andar, nem a gatinhar, mas nessa época o seu sistema
neurológico, aquele que coordena as funções físicas voluntárias e
involuntárias, teve que aprender sobre o que são os órgãos necessários para que
esses movimentos ocorressem, quer o gatinhar quer o caminhar. Qualquer processo,
qualquer competência que tenhamos que aprender a levar a cabo, consciente ou
inconscientemente, voluntária ou involuntária, necessita que aprendamos sobre
um conjunto de aspetos que levam ao seu domínio, quer seja de caracter físico,
quer cérebro-mental.
Na sua maioria, o processo de
aquisição de informação necessária sobre o órgão ou conjunto de órgãos que irão
executar determinada competência humana, é quase imperecível, visto a aquisição
desse nível de conhecimento se ter que dar obrigatoriamente pelos tais motivos
básicos da sobrevivência, isso leva-nos a relegar o entendimento que devemos
ter sobre eles, ou na melhor das possibilidades, ter o mínimo de informação
necessária sobre o assunto. A própria sociedade criou a ideia, perigosa por
sinal, que só os especialistas devem ter conhecimento mais profundo sobre determinados
temas.
Assim, são as ideias
pré-concebidas, da própria sociedade que nos incentivam a não ter que entender
os processos que nos poderiam auxiliar a viver melhor, ou se preferirem, a entender
tudo o que não compreendemos sobre nós mesmos. Infelizmente, por muito que nos
custe aceitar, tudo o que não compreendemos, nada tem a ver com impossibilidade
face à capacidade de alcançar esse entendimento, mas sim por falta de empenho
nosso. Essa ideia, de que há assuntos que transcendem a capacidade do ser
humano chegar ao seu entendimento pleno, é uma perigosa ideia e ela é
responsável por nos colocar no estado em que nos encontramos enquanto raça – o
atual estado de ignorância.
Se queremos ter maior domínio sobre
o que entendemos pelo nosso destino, devemos aprender mais sobre nós e para
isso precisamos começar por refletir sobre o que somos, como nos damos conta da
existência, o que cria a perceção de nos sentirmos existir, na verdade – o que
representa e como se gera a consciência de estarmos vivos.
Em toda a minha vida, desde muito
jovem e com os recursos que ia tendo ao longo da minha breve existência, sempre
tentei responder a esta pergunta – como se gera a consciência que tenho de mim,
do mundo e dos outros, que me leva a sentir existir? Ao fazer esta pergunta e
ao tentar obter a resposta, nunca imaginei que para perceber tal questão,
necessitaria de perceber primeiro o cérebro e o fenómeno que é a mente. Hoje
torna-se simples para mim, entender que sem perceber o que é o cérebro, a mente
e como ambos se relacionam e funcionam, seria como querer compreender ou falar
um idioma, sem nunca ter ouvido ou treinado a prenuncia desse ou outro idioma,
ou seja, sem nunca ter feito uso dos órgãos fisiológicos responsáveis pela
comunicação oral.
No exemplo último, a competência
vem por imitação, por sistematização mecânica da audição ou da fala, com base
na imitação de quem já a domina. Como esta é um tipo de competência que se
materializa e pode ser comparado o seu domínio, através de audição e da
interpretação que fazemos, aqui é fácil, mantermos padrões de aferição entre os
que têm ou não têm domínio sobre ela. Já quando tentamos entrar no campo dos
temas mais transcendentes, não sendo as comparações quanto ao grau de
desenvolvimento tão óbvias assim, existe no entanto, uma logica básica a seguir
que torna mais efetivo um resultado positivo. Para tal, devemos conhecer
primeiro o órgão e o sistema de gera as perceções. É o nível de perceção gerado
por cada ser vivo, em geral, aqui em particular, por cada ser humano que cria a
ego-personalidade, por sua vez, a forma como cada um de nós entende o mundo, a
si próprio e os que o rodeiam.
O Hermetismo afirma e ensina que
esse fenómeno que se designa por mente, é algo que está para além do cérebro.
Assim olharemos para a mente como um algo mais sutil e para o cérebro como um
órgão fisiológico, sendo este último, aquele que materializa aquilo que podemos
chamar de movimentos mais densos da mente – pensamentos, mas também os
movimentos mais sutis - intuição. Materializar aqui significa, trazer para uma
simbologia/linguagem humana todo o conjunto de sensações e perceções que o
fenómeno mente, capta e para que se torne entendível, na perspetiva do
intelecto humano, precisa ser convertido em algo com significado para a compreensão.
O pensamento é o instrumento de que
a mente se serve para ler os registos que estão armazenados nas nossas
memórias. Vamos dar um exemplo alegórico como forma de simplificar o
entendimento básico sobre os processos e seus órgãos. Imagine um computador,
aquilo que é todo o hardware, podemos entende-lo como o nosso corpo
físico e todos os sistemas neurofisiológicos que o fazem funcionar.
Agora vamos falar sobre os
softwares – o sistema operativo, aqui seria o Ego, o conjunto de instrumentos
que juntos fazem funcionar, de forma básica, todo o hardware e simultaneamente,
suportam os restantes softwares que serão instalados. O disco rígido seria a
nossa capacidade de registar e tudo o que nele esteja contido, serão as nossas
memórias. Aqui o pensamento estaria representado pelo movimento em que a agulha
lê a informação contida no disco rígido.
A tela (ecrã) e tudo o que nela se
apresenta, o que surge como perceção no momento, é aquilo que entendemos como
tempo presente. Sendo o conjunto de informações registadas no disco rígido as
nossas memórias, são também o que entendemos por passado, pelo conjunto de
eventos/acontecimentos que já tivemos perceção.
O software a que designamos por
navegador de internet (browser), representa a intuição. Toda a informação que
existe na internet, ou seja, toda a internet, representa aquilo a que se pode
designar de Consciência Cósmica, onde pré-existem todos os eventos e todas as
ocorrências/possibilidades. Aqui o Hermetismo denomina de ETERNO AGORA.
O conjunto de suportes, a partir
dos quais o nosso disco pode receber informação, para além do ETERNO AGORA, são
então os suportes físicos como DVD´s, CD´s, pen-drive´s, cartões de memórias e
intra-redes. Estes, representam o conjunto de suportes a partir dos quais
constituímos dia-a-dia o nosso suporte de memórias internas. Eles equivalem os
conhecimentos/informações adquiridas durante a nossa educação académica, social
e cultural. Na verdade o seu conjunto termina por fazer parte e constituir, uma
parte importante do modo como o nosso sistema operativo (Ego) funcionará.
Mais tarde usaremos estes exemplos
como forma de ilustrar parte dos processos complexos que a mente, no seu
conjunto, origina. Mas então como funciona a mente, como nos damos conta, como
temos cons-ciência?
Para tentar auxiliar o entendimento
sobre a forma como registamos e como percebemos o mundo que temos como existência,
vamos socorrer-nos do Hermetismo e das suas disciplinas, neste caso, da
Numerologia Sagrada Pitagórica. A mente, no atual estado em que o ser humano se
encontra, estado encarnado neste plano denso/físico, ela é incapaz de
relacionar mais que um acontecimento/evento ao mesmo tempo. A mente humana, no
atual estado, não consegue percecionar em simultaneidade, aquilo a que as
religiões denominam, de certa forma, por Omnipresença, ou seja, conseguir estar
ou perceber vários eventos ou espaços simultaneamente.
O aparente limite para a
simultaneidade, está imposto pela necessidade de materialização das perceções
recebidas, na tela/ecrã que temos como perceção do tempo presente. Isto só se
consegue efetuar através do pensamento e aqui reside o limite, o pensamento, a
agulha de leitura da informação que está registada no disco rígido, só lê uma
quantidade limitadíssima da área do disco rígido, quase que poderíamos afirmar
na linguagem informática – dado a dado de cada vez. É o pensamento que gera a
aparente incapacidade de perceber mais que um evento em simultâneo, quando na
verdade, a mente consegue perceber em simultaneidade, mas não os consegue
materializar na tela (ecrã) mental (perceção que temos como momento presente),
registando assim nas memórias, para depois aceder, ou seja o pensamento ler, um
a um.
Vamos dar um exemplo para perceber
melhor este processo. A agulha (leitor) que lê o disco rígido (nossas
memórias), só consegue ler um dado de informação de cada vez, o que surge na
tela/ecrã do computador é o que percebemos como momento presente. Na verdade
esse momento presente é composto por um conjunto de dados a que a agulha
(pensamento) consegue aceder e agrupar num outro sistema que durante breves
segundos consegue manter vários dados juntos e organizados de forma a
mostra-los na tela/ecrã, gerando assim a imagem que se apresenta nessa tela/ecrã
(momento presente). A este sistema que cria uma imagem com base em alguns dados
capturados pelo pensamento e usando os recursos do Ego (software operativo),
poderemos designar memória virtual.
A perceção que temos como momento
presente é na verdade isto mesmo – uma memória temporária que regista durante
uns breves segundos um conjunto de dados/imagens/informações que representam
aquilo que compreendemos como existindo no momento presente. Porque esta
memória virtual é de duração breve, o pensamento, atualiza-a permanentemente e
isso termina por gerar aquilo que percebemos como decurso do tempo.
Assim é indispensável fixar que
qualquer que seja o grau de desenvolvimento de um ser humano, sem exceção,
temos uma limitação que é imposta pelo estado em que se materializa a mente,
naquilo a que muitos afirmam ser o sistema cerebral. Desde que estejamos a
falar de uma mente projetada num corpo físico (encarnada), esta estará sempre
limitada, sendo incapaz de atingir o estado a que o Hermetismo designa de simultaneidade
e que as religiões designariam de Omnipresença.
Outra limitação importante ou
característica que devemos estar cons-cientes, se pretendemos entender o
fenómeno complexo que é a mente, é o fato dela, quando materializada, neste
estado mais denso que entendemos pelo sistema cérebro-mental, ser incapaz de
perceber um evento/condição que não tenha como referencia um seu oposto. Na
verdade o que estou a afirmar é que a mente só se dá conta de parte do que de
fato existe, pois ela só consegue perceber/registar aquilo que tem um oposto, um
contraste/uma escala, ou seja, algo que se apresenta repetido. Sei que pode
parecer complexo para quem de depara pela primeira vez com tal tema, mas vamos
pedir a Pitágoras que nos ajude, veja o exemplo:
Imagine uma condição térmica de 30
graus centigrados e a ela vamos designar por – estado 1 (UM). Agora imagine que
não haveria no universo qualquer outro grau de temperatura, todo o universo,
estava a 30 graus centígrados. Nesta condição 1 (UM), embora houvesse a
temperatura, o ser humano, não tinha cons-ciência dela, pois era impercebível
para si, não havia outro grau para que a mente humana conseguisse identifica-la
como algo existente.
Então pense agora na possibilidade
de passar a haver uma outra condição, 5 graus centígrados, a ela designaremos
por - estado 2 (DOIS). Só com esta condição a mente passaria a ser capaz de
efetuar o registo, por comparação, da condição 1, com o surgimento da condição 2.
O registo, ou cons-ciência destas duas, é materializado mentalmente por - estado
3 (TRÊS) que gera a condição que entendemos por temperatura ou sensação térmica.
Assim é possível perceber que a
temperatura, só é consciencializável para a mente humana, porque existe mais
que uma ocorrência do fenómeno, ou seja, porque se repete em graus diferentes,
é possível para a mente, perceber o fenómeno em si. Em bom rigor, podemos
afirmar que tudo o que está na condição 1 (UM), embora exista no Universo
Creado, não é percebida pela mente humana, porque apenas registamos tudo o que
se manifesta dualisticamente. Por isso somos designados de seres duais, este é
o verdadeiro significado esotérico para tal termo. Vivemos um estado mental
limitado pela dualidade, ou se preferirem, condicionados à LEI UNIVERSAL que o
Hermetismo designa de Polaridade.
Aqui também se percebe que tudo o
que representa o Universo percebido, tudo que se manifesta como percetível para
a mente humana tem que está em condição trina, estado 3 (três). Assim
afirmamos, sem entendermos plenamente que o Universo é de características e
essencialmente tridimensional. Na verdade o que é tridimensional é a nossa
capacidade de percecionar e assim, apenas temos ciência do que se apresenta na
condição 3 (três) / tridimensionalmente.
Muito do que se manifesta no
Universo, não conseguimos ter perceção, basta para isso entender que sem haver
polarização/desdobramento de um determinado evento ou condição, a limitação a
que a mente humana está relegada, não permite a sua perceção. Muito do que são
até os fenómenos designados de paranormais derivam desta limitação, como iremos
verificando no contexto destes ensinamentos.
Voltando à Numerologia Pitagórica esotérica,
para nos ajudar a perceber a mente, podemos concluir que tudo aquilo que temos
perceção como existência, só acontece quando se desdobra, quando se polariza e
daí gera uma outra condição, permitindo à mente identifica-las e assim ter
consciência do que é gerado. No exemplo da temperatura, só com o surgimento da
condição de 5 graus centígrados (estado 2), é possível, à mente, ter
consciência do que é a temperatura. Podemos afirmar que para a mente humana,
tudo que é percebido e acontece desta forma.
Vamos deixar aqui um desafio para reflexão,
caso concorde com esta linha de entendimento Hermético. Não haverá tantos
eventos, fenómenos e condições no Universo que estando presentes, pelo simples
fato de termos uma limitação na condição mental, apenas temos perceção de uma
parte do que é toda a existência?
Resumindo, temos então que aquilo
que é a mente, no estado físico representado pelo sistema que gera a perceção
da existência (sistema cerebral), apresenta duas características que por si,
nos tornam reféns da maneira como vivemos e vemos a existência. Apenas
conseguimos perceber e ter presente um único evento de cada vez e só temos
perceção dos eventos que se polarizam/desdobram e se apresentam
tridimensionalmente.
Isto não significa que as
limitações da mente ou se preferirmos, o estado mais denso em que se manifesta
a mente, como sistema sutil de consciencialização do espirito, fiquem somente
por aqui. Para termos um melhor domínio da mente, devemos primeiro perceber
como ela funciona, o que ela representa, quais os seus limites e como ela
existe/se manifesta nos vários níveis da existência.
Ainda dentro dos aspetos mais relevantes
a ter em conta como principais mecanismos de limitação da mente, devemos ter
como referência o que comummente se compreende por EGO. Este não é
influenciado, nem influencia, diretamente as duas primeiras, mas é fundamental
na forma como olhamos o mundo, principalmente na forma como nos vemos e vivemos
nele.
Até aqui abordamos ligeiramente o
tema da mente e unicamente, na perspetiva em que as suas limitações influenciam
a forma como ela se manifesta. Estas condições, são inerentes ao atual estado físico
em que ela se projeta, ou se preferirem, são condições indissociáveis do estado
físico em que existimos, significando que estas duas condições são iguais e
permanentes para todos os seres, enquanto estivermos encarnados. Existe no
entanto um outro conjunto de condições limitantes para o sistema cérebro-mental
que tendo na base princípios idênticos para o seu funcionamento para todos os
seres, difere na forma como se apresenta. Estamos a falar do que a humanidade
entende por Ego.
Embora o Ego influencie a forma
como o ser depende da mente e esta se manifesta, por si, ele não é uma
característica da mente, apenas induz o modo em que nos manifestamos, enquanto
diferentes seres, no estado encarnado. Por si só, o Ego, é o fenómeno que
origina as diferenças percetivas entre os seres humanos. Enquanto as duas
primeiras características que aqui apresentamos, representam os mecanismos que
geram o limite a partir do qual a mente funciona, significando isso que todos
estamos condicionados a elas de forma idêntica, já o Ego, representa no seu todo,
o sistema que gera a individualidade. Enquanto as duas primeiras são
constituídas como condições inerentes aos planos da existência em si e o ser humano
nada pode fazer para a sua eliminação enquanto estiver no estado encarnado, o
Ego surge como condição suscitável de diferenciação entre os seres, assim como
passível de maior ou menor eliminação por cada um, dependendo da condição
individual em que nos encontremos.
Embora o Ego não seja propriamente
a mente ou parte dela, ele cria todo o conjunto de condicionantes para que a
mente se apresente no seu estado mais liberto/claro. Assim podemos afirmar que
o Ego, juntamente com os fenómenos que são o medo, o apego e a dúvida, são os
inimigos naturais da libertação plena, isto porque é através deles que a mente
fica condicionada à totalidade das suas capacidades.
Mas para entender melhor o Ego
devemos aqui mostrar uma imagem análoga. Imagine que aquilo que consideramos
Ego é uma caixa, onde nós estamos dentro. Essa caixa está totalmente vazia,
estando unicamente preenchida por cada ser individualmente em cada caixa. Todos
os seres humanos em estado encarnado, estão dentro da sua própria caixa. Ela,
tendo seis lados, esses lados são completamente opacos e a caixa completamente
estanque. Em todas as caixas (Egos), apenas existem seis pequenos orifícios que
permitem perceber o exterior – cinco destes, representam os sentidos físicos
(audição, visão, olfato, tato e paladar), o sexto sentido representa aquilo que
designamos por intuição.
A matéria de que é constituída a
caixa, é feita de um conjunto de ingredientes (códigos sociais, regras, ética,
conceitos, leis do homem, costumes, etc.), nem todas as caixas têm os mesmos
ingredientes, nas mesmas quantidades e proporções, por isso a densidade por que
essas caixas são constituídas (conjuntos dos códigos), determinam o tamanho,
posicionamento e formato dos seis orifícios (seis sentidos). Assim após estar
completamente constituído a caixa de cada um (Ego), é a densidade com que essa
caixa foi constituída que determina o formato, tamanho e posição dos orifícios
pelos quais podemos ter perceção do mundo exterior.
Já em adultos, quando a nossa caixa
está completamente constituída, é possível melhorar a perceção que temos do
mundo exterior, para isso, precisamos trabalhar a formatação dos códigos que
constituem a matéria que forma a nossa caixa e só isso permite que possamos
alterar a dimensão dos orifícios que ela tem para o exterior.
Aqui é importante perceber bem o
que é intuição e perceção, visto, serem dois mecanismos fundamentais no
funcionamento da mente. Perceção, na imagem do exemplo da caixa, é todo o
conjunto de sensações que conseguimos obter do mundo exterior a partir da
totalidade dos seis orifícios. Já intuição, é unicamente o que resulta da
perceção do sexto orifício, ou seja, é em si um sentido. Enquanto os cinco
restantes têm um carater mais denso, pois captam as condições que se encontram
em vibrações mais densas (físicas), o sentido intuição capta os níveis mais
sublimes das cinco primeiras, os estados vibracionais mais elevados dos cinco
sentidos. Mas a intuição, enquanto sentido sutil, é também o instrumento
fundamental de comunicação entre os vários estados em que a mente se manifesta.
Vamos entender melhor a última
afirmação. A mente, como já referi anteriormente, é algo que está para além do
que percebemos como sistema cerebral. Este último, é apenas uma expressão da
própria mente, ou seja, a materialização da mente no estado Malkut da árvore da
vida da cabala (o universo percebido/físico). Assim a mente, existe em várias
dimensões ou planos vibracionais, estes estados em que ela se
projeta/apresenta, representam o que entendemos por estados de cons-ciência. Assim
temos que a mente em si, existe em vários estados de manifestação, desde o
estado que conhecemos enquanto seres encarnados, sistema cérebro-mental, até ao
mais elevado estado em que ela se apresenta plenamente liberta, como CONSCIÊNCIA
CÓSMICA.
Quando se fala em Consciência Cósmica,
no Hermetismo, referimo-nos à MENTE CÓSMICA, se preferirmos - a UNIÃO de todas
as MENTES, de tudo o que existe manifestado e tudo o que existe Imanifesto.
Entre o estado de consciência a que estamos condicionados enquanto seres
encarnados e este estado plano a que designamos CONSCIÊNCIA / MENTE CÓSMICA,
existem vários estados em que a mente se apresenta. O canal de comunicação que
liga os vários estados em que a mente se manifesta, designa-se por intuição.
No exemplo do computador, podemos
identificar o estado de manifestação da mente mais baixo, como tudo o que
resulta da capacidade de gerar informação unicamente pela informação /dados
existentes dentro do computador e o estado elevado em que a mente se manifesta,
a própria internet em si e tudo o que ela contem. Sendo aquilo que mantem a
ligação do computador à internet, individualmente – o software navegador (browser),
representa a intuição do ser-espirito e coletivamente – as linguagens de
protocolos de comunicação de internet (TCP/IP, FTP,
HTTP, etc.), representando a linguagem em que se organiza a
informação na MENTE CÓSMICA.
Assim podemos começar a entender o
porquê do Hermetismo afirmar que a mente é um sistema que está muito para além
do entendimento que lhe damos quando nos referimos a ela como o instrumento físico-neurológico
que é o sistema cerebral, pois na verdade aquilo que a humanidade entende por
mente, é a sua expressão de manifestação mais densa, mais
desdobrada/descontinuada. Então aquilo que confundimos com a mente, é na
verdade, apenas, uma das suas formas de manifestação, a mais densa.
O Hermetismo ensina que tudo o que
se manifesta, aquilo que entendemos por existência, onde se inclui o que
compreendemos como mente, existe manifestado em vários níveis de vibração ou se
preferir, em vários níveis de desdobramento, concretamente – sete. Assim tudo o
que está manifestado, existe em vários outras condições, unicamente, apenas temos
perceção da sua existência, do seu nível sétuplo mais denso.
Tudo no Universo CREADO é sétuplo,
absolutamente tudo. No plano físico, vejam as cores em que o branco se
desdobra, são sete, aquelas que estão presentes na forma básica na natureza e
visíveis ao olho humano no fenómeno que é o arco-íris. As notas musicais, são
sete.
Os números são sete, agora afirmará,
não, os números são uma sequência de dez (0,1,2,3,4,5,6,7,8 e 9) e repetido ao décimo
primeiro número. Não, não é verdade. Os números manifestos, no estudo esotérico
das suas características, são apenas sete, isto porque os três primeiros (1,2 e
3), são na verdade apenas um único. A Numerologia Pitagórica estuda um lado dos
números que representam as características esotéricas que eles revelam para
quem domina o seu conhecimento.
Não iremos aqui aprofundar muito
sobre o assunto, mas ainda assim, lembra-se da analogia simbólica que
apresentei para revelar anteriormente a incapacidade da mente perceber parte da
existência? Quando refletimos com base no exemplo que representa a polarização
ou descontinuidade, através da representação do estado 1 (30 graus centígrados),
dos estado 2 (5 graus centígrados) e do estado 3, em que a consciencialização
da mente, só aqui, perceciona, por comparação entre os dois primeiros estados,
naquilo que passa a ter como sensação térmica ou temperatura.
Então, os significados esotéricos, no
estudo profundo da característica dos números, indica-nos, nessa conclusão que
em rigor, para a mente humana e assim para o que temos como existência, porque não
temos como perceber as duas primeiras condições (1 e 2), apenas devemos contar
a partir do número 3. Assim sob a leitura das ciências místicas, só existem qualidade
relativas a sete números manifestáveis – 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9. Aqui na escala Pitagórica,
o numero 3 assume na contagem aritmética exotérica da posição de 1, o 4 a posição
de 2 e assim sucessivamente. Agora perguntará – Então e o zero? Se o 1
corresponde ao estado mais sublime de tudo o que é manifesto, mas tão sublime
que a mente humana não consegue tem perceção dessa condição, o zero representa
a condição Imanifesta da CREAÇÃO. Aquilo que os cientistas ortodoxos afirmam
haver antes do big-bang, ou o que a física quântica diz ser o VAZIO QUANTICO. Para
o Hermetismo é isso mesmo, designa desde há séculos por NADA / Transcendente, o
ZERO da numerologia Pitagórica.
A aparente complexidade do que entendemos
ser a forma como se organiza o Universo, é apenas isso, desdobramentos
sétuplos. Tudo o que é de origem da manifestação, deriva de desdobramentos sétuplos.
Assim o primeiro estado dos planos da manifestação têm uma matriz bem simples,
a diversidade só ocorre porque essa primeira matriz sétupla se desdobra, cada
uma múltipla de mais sete e assim sucessivamente, gerando infinitos
desdobramentos de uma única condição na origem. Com a MENTE CÓSMICA, acontece
isso também, terminando no que temos como sistemas cérebro-mentais, aquilo que
entendemos pela nossa mente.
Assim tudo é sétuplo, os números
manifestos são sete e tudo o que se manifesta, apresenta-se descontinuado numa imensidão
de desdobramentos vibracionais sétuplos. Todas as condições Universais,
absolutamente todas, se podem reduzir à condição única mais sutil. A mente
também, ou melhor, a forma como ela se apresenta.
In:
Hermetismo para todos – a arte da libertação | Capitulo II – A mente e os seus limites.
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