domingo, 7 de abril de 2013

A mente e os seus limites.


Certamente que não se lembra da época em que aprendeu a andar, nem a gatinhar, mas nessa época o seu sistema neurológico, aquele que coordena as funções físicas voluntárias e involuntárias, teve que aprender sobre o que são os órgãos necessários para que esses movimentos ocorressem, quer o gatinhar quer o caminhar. Qualquer processo, qualquer competência que tenhamos que aprender a levar a cabo, consciente ou inconscientemente, voluntária ou involuntária, necessita que aprendamos sobre um conjunto de aspetos que levam ao seu domínio, quer seja de caracter físico, quer cérebro-mental.
Na sua maioria, o processo de aquisição de informação necessária sobre o órgão ou conjunto de órgãos que irão executar determinada competência humana, é quase imperecível, visto a aquisição desse nível de conhecimento se ter que dar obrigatoriamente pelos tais motivos básicos da sobrevivência, isso leva-nos a relegar o entendimento que devemos ter sobre eles, ou na melhor das possibilidades, ter o mínimo de informação necessária sobre o assunto. A própria sociedade criou a ideia, perigosa por sinal, que só os especialistas devem ter conhecimento mais profundo sobre determinados temas.
Assim, são as ideias pré-concebidas, da própria sociedade que nos incentivam a não ter que entender os processos que nos poderiam auxiliar a viver melhor, ou se preferirem, a entender tudo o que não compreendemos sobre nós mesmos. Infelizmente, por muito que nos custe aceitar, tudo o que não compreendemos, nada tem a ver com impossibilidade face à capacidade de alcançar esse entendimento, mas sim por falta de empenho nosso. Essa ideia, de que há assuntos que transcendem a capacidade do ser humano chegar ao seu entendimento pleno, é uma perigosa ideia e ela é responsável por nos colocar no estado em que nos encontramos enquanto raça – o atual estado de ignorância.
Se queremos ter maior domínio sobre o que entendemos pelo nosso destino, devemos aprender mais sobre nós e para isso precisamos começar por refletir sobre o que somos, como nos damos conta da existência, o que cria a perceção de nos sentirmos existir, na verdade – o que representa e como se gera a consciência de estarmos vivos.
Em toda a minha vida, desde muito jovem e com os recursos que ia tendo ao longo da minha breve existência, sempre tentei responder a esta pergunta – como se gera a consciência que tenho de mim, do mundo e dos outros, que me leva a sentir existir? Ao fazer esta pergunta e ao tentar obter a resposta, nunca imaginei que para perceber tal questão, necessitaria de perceber primeiro o cérebro e o fenómeno que é a mente. Hoje torna-se simples para mim, entender que sem perceber o que é o cérebro, a mente e como ambos se relacionam e funcionam, seria como querer compreender ou falar um idioma, sem nunca ter ouvido ou treinado a prenuncia desse ou outro idioma, ou seja, sem nunca ter feito uso dos órgãos fisiológicos responsáveis pela comunicação oral.
No exemplo último, a competência vem por imitação, por sistematização mecânica da audição ou da fala, com base na imitação de quem já a domina. Como esta é um tipo de competência que se materializa e pode ser comparado o seu domínio, através de audição e da interpretação que fazemos, aqui é fácil, mantermos padrões de aferição entre os que têm ou não têm domínio sobre ela. Já quando tentamos entrar no campo dos temas mais transcendentes, não sendo as comparações quanto ao grau de desenvolvimento tão óbvias assim, existe no entanto, uma logica básica a seguir que torna mais efetivo um resultado positivo. Para tal, devemos conhecer primeiro o órgão e o sistema de gera as perceções. É o nível de perceção gerado por cada ser vivo, em geral, aqui em particular, por cada ser humano que cria a ego-personalidade, por sua vez, a forma como cada um de nós entende o mundo, a si próprio e os que o rodeiam.
O Hermetismo afirma e ensina que esse fenómeno que se designa por mente, é algo que está para além do cérebro. Assim olharemos para a mente como um algo mais sutil e para o cérebro como um órgão fisiológico, sendo este último, aquele que materializa aquilo que podemos chamar de movimentos mais densos da mente – pensamentos, mas também os movimentos mais sutis - intuição. Materializar aqui significa, trazer para uma simbologia/linguagem humana todo o conjunto de sensações e perceções que o fenómeno mente, capta e para que se torne entendível, na perspetiva do intelecto humano, precisa ser convertido em algo com significado para a compreensão.
O pensamento é o instrumento de que a mente se serve para ler os registos que estão armazenados nas nossas memórias. Vamos dar um exemplo alegórico como forma de simplificar o entendimento básico sobre os processos e seus órgãos. Imagine um computador, aquilo que é todo o hardware, podemos entende-lo como o nosso corpo físico e todos os sistemas neurofisiológicos que o fazem funcionar.
Agora vamos falar sobre os softwares – o sistema operativo, aqui seria o Ego, o conjunto de instrumentos que juntos fazem funcionar, de forma básica, todo o hardware e simultaneamente, suportam os restantes softwares que serão instalados. O disco rígido seria a nossa capacidade de registar e tudo o que nele esteja contido, serão as nossas memórias. Aqui o pensamento estaria representado pelo movimento em que a agulha lê a informação contida no disco rígido.
A tela (ecrã) e tudo o que nela se apresenta, o que surge como perceção no momento, é aquilo que entendemos como tempo presente. Sendo o conjunto de informações registadas no disco rígido as nossas memórias, são também o que entendemos por passado, pelo conjunto de eventos/acontecimentos que já tivemos perceção.
O software a que designamos por navegador de internet (browser), representa a intuição. Toda a informação que existe na internet, ou seja, toda a internet, representa aquilo a que se pode designar de Consciência Cósmica, onde pré-existem todos os eventos e todas as ocorrências/possibilidades. Aqui o Hermetismo denomina de ETERNO AGORA. 
O conjunto de suportes, a partir dos quais o nosso disco pode receber informação, para além do ETERNO AGORA, são então os suportes físicos como DVD´s, CD´s, pen-drive´s, cartões de memórias e intra-redes. Estes, representam o conjunto de suportes a partir dos quais constituímos dia-a-dia o nosso suporte de memórias internas. Eles equivalem os conhecimentos/informações adquiridas durante a nossa educação académica, social e cultural. Na verdade o seu conjunto termina por fazer parte e constituir, uma parte importante do modo como o nosso sistema operativo (Ego) funcionará. 
Mais tarde usaremos estes exemplos como forma de ilustrar parte dos processos complexos que a mente, no seu conjunto, origina. Mas então como funciona a mente, como nos damos conta, como temos cons-ciência?
Para tentar auxiliar o entendimento sobre a forma como registamos e como percebemos o mundo que temos como existência, vamos socorrer-nos do Hermetismo e das suas disciplinas, neste caso, da Numerologia Sagrada Pitagórica. A mente, no atual estado em que o ser humano se encontra, estado encarnado neste plano denso/físico, ela é incapaz de relacionar mais que um acontecimento/evento ao mesmo tempo. A mente humana, no atual estado, não consegue percecionar em simultaneidade, aquilo a que as religiões denominam, de certa forma, por Omnipresença, ou seja, conseguir estar ou perceber vários eventos ou espaços simultaneamente.
O aparente limite para a simultaneidade, está imposto pela necessidade de materialização das perceções recebidas, na tela/ecrã que temos como perceção do tempo presente. Isto só se consegue efetuar através do pensamento e aqui reside o limite, o pensamento, a agulha de leitura da informação que está registada no disco rígido, só lê uma quantidade limitadíssima da área do disco rígido, quase que poderíamos afirmar na linguagem informática – dado a dado de cada vez. É o pensamento que gera a aparente incapacidade de perceber mais que um evento em simultâneo, quando na verdade, a mente consegue perceber em simultaneidade, mas não os consegue materializar na tela (ecrã) mental (perceção que temos como momento presente), registando assim nas memórias, para depois aceder, ou seja o pensamento ler, um a um.
Vamos dar um exemplo para perceber melhor este processo. A agulha (leitor) que lê o disco rígido (nossas memórias), só consegue ler um dado de informação de cada vez, o que surge na tela/ecrã do computador é o que percebemos como momento presente. Na verdade esse momento presente é composto por um conjunto de dados a que a agulha (pensamento) consegue aceder e agrupar num outro sistema que durante breves segundos consegue manter vários dados juntos e organizados de forma a mostra-los na tela/ecrã, gerando assim a imagem que se apresenta nessa tela/ecrã (momento presente). A este sistema que cria uma imagem com base em alguns dados capturados pelo pensamento e usando os recursos do Ego (software operativo), poderemos designar memória virtual.
A perceção que temos como momento presente é na verdade isto mesmo – uma memória temporária que regista durante uns breves segundos um conjunto de dados/imagens/informações que representam aquilo que compreendemos como existindo no momento presente. Porque esta memória virtual é de duração breve, o pensamento, atualiza-a permanentemente e isso termina por gerar aquilo que percebemos como decurso do tempo.
Assim é indispensável fixar que qualquer que seja o grau de desenvolvimento de um ser humano, sem exceção, temos uma limitação que é imposta pelo estado em que se materializa a mente, naquilo a que muitos afirmam ser o sistema cerebral. Desde que estejamos a falar de uma mente projetada num corpo físico (encarnada), esta estará sempre limitada, sendo incapaz de atingir o estado a que o Hermetismo designa de simultaneidade e que as religiões designariam de Omnipresença.   
Outra limitação importante ou característica que devemos estar cons-cientes, se pretendemos entender o fenómeno complexo que é a mente, é o fato dela, quando materializada, neste estado mais denso que entendemos pelo sistema cérebro-mental, ser incapaz de perceber um evento/condição que não tenha como referencia um seu oposto. Na verdade o que estou a afirmar é que a mente só se dá conta de parte do que de fato existe, pois ela só consegue perceber/registar aquilo que tem um oposto, um contraste/uma escala, ou seja, algo que se apresenta repetido. Sei que pode parecer complexo para quem de depara pela primeira vez com tal tema, mas vamos pedir a Pitágoras que nos ajude, veja o exemplo:
Imagine uma condição térmica de 30 graus centigrados e a ela vamos designar por – estado 1 (UM). Agora imagine que não haveria no universo qualquer outro grau de temperatura, todo o universo, estava a 30 graus centígrados. Nesta condição 1 (UM), embora houvesse a temperatura, o ser humano, não tinha cons-ciência dela, pois era impercebível para si, não havia outro grau para que a mente humana conseguisse identifica-la como algo existente.
Então pense agora na possibilidade de passar a haver uma outra condição, 5 graus centígrados, a ela designaremos por - estado 2 (DOIS). Só com esta condição a mente passaria a ser capaz de efetuar o registo, por comparação, da condição 1, com o surgimento da condição 2. O registo, ou cons-ciência destas duas, é materializado mentalmente por - estado 3 (TRÊS) que gera a condição que entendemos por temperatura ou sensação térmica.
Assim é possível perceber que a temperatura, só é consciencializável para a mente humana, porque existe mais que uma ocorrência do fenómeno, ou seja, porque se repete em graus diferentes, é possível para a mente, perceber o fenómeno em si. Em bom rigor, podemos afirmar que tudo o que está na condição 1 (UM), embora exista no Universo Creado, não é percebida pela mente humana, porque apenas registamos tudo o que se manifesta dualisticamente. Por isso somos designados de seres duais, este é o verdadeiro significado esotérico para tal termo. Vivemos um estado mental limitado pela dualidade, ou se preferirem, condicionados à LEI UNIVERSAL que o Hermetismo designa de Polaridade.
Aqui também se percebe que tudo o que representa o Universo percebido, tudo que se manifesta como percetível para a mente humana tem que está em condição trina, estado 3 (três). Assim afirmamos, sem entendermos plenamente que o Universo é de características e essencialmente tridimensional. Na verdade o que é tridimensional é a nossa capacidade de percecionar e assim, apenas temos ciência do que se apresenta na condição 3 (três) / tridimensionalmente.
Muito do que se manifesta no Universo, não conseguimos ter perceção, basta para isso entender que sem haver polarização/desdobramento de um determinado evento ou condição, a limitação a que a mente humana está relegada, não permite a sua perceção. Muito do que são até os fenómenos designados de paranormais derivam desta limitação, como iremos verificando no contexto destes ensinamentos.
Voltando à Numerologia Pitagórica esotérica, para nos ajudar a perceber a mente, podemos concluir que tudo aquilo que temos perceção como existência, só acontece quando se desdobra, quando se polariza e daí gera uma outra condição, permitindo à mente identifica-las e assim ter consciência do que é gerado. No exemplo da temperatura, só com o surgimento da condição de 5 graus centígrados (estado 2), é possível, à mente, ter consciência do que é a temperatura. Podemos afirmar que para a mente humana, tudo que é percebido e acontece desta forma.
Vamos deixar aqui um desafio para reflexão, caso concorde com esta linha de entendimento Hermético. Não haverá tantos eventos, fenómenos e condições no Universo que estando presentes, pelo simples fato de termos uma limitação na condição mental, apenas temos perceção de uma parte do que é toda a existência?
Resumindo, temos então que aquilo que é a mente, no estado físico representado pelo sistema que gera a perceção da existência (sistema cerebral), apresenta duas características que por si, nos tornam reféns da maneira como vivemos e vemos a existência. Apenas conseguimos perceber e ter presente um único evento de cada vez e só temos perceção dos eventos que se polarizam/desdobram e se apresentam tridimensionalmente.
Isto não significa que as limitações da mente ou se preferirmos, o estado mais denso em que se manifesta a mente, como sistema sutil de consciencialização do espirito, fiquem somente por aqui. Para termos um melhor domínio da mente, devemos primeiro perceber como ela funciona, o que ela representa, quais os seus limites e como ela existe/se manifesta nos vários níveis da existência.
Ainda dentro dos aspetos mais relevantes a ter em conta como principais mecanismos de limitação da mente, devemos ter como referência o que comummente se compreende por EGO. Este não é influenciado, nem influencia, diretamente as duas primeiras, mas é fundamental na forma como olhamos o mundo, principalmente na forma como nos vemos e vivemos nele.
Até aqui abordamos ligeiramente o tema da mente e unicamente, na perspetiva em que as suas limitações influenciam a forma como ela se manifesta. Estas condições, são inerentes ao atual estado físico em que ela se projeta, ou se preferirem, são condições indissociáveis do estado físico em que existimos, significando que estas duas condições são iguais e permanentes para todos os seres, enquanto estivermos encarnados. Existe no entanto um outro conjunto de condições limitantes para o sistema cérebro-mental que tendo na base princípios idênticos para o seu funcionamento para todos os seres, difere na forma como se apresenta. Estamos a falar do que a humanidade entende por Ego.
Embora o Ego influencie a forma como o ser depende da mente e esta se manifesta, por si, ele não é uma característica da mente, apenas induz o modo em que nos manifestamos, enquanto diferentes seres, no estado encarnado. Por si só, o Ego, é o fenómeno que origina as diferenças percetivas entre os seres humanos. Enquanto as duas primeiras características que aqui apresentamos, representam os mecanismos que geram o limite a partir do qual a mente funciona, significando isso que todos estamos condicionados a elas de forma idêntica, já o Ego, representa no seu todo, o sistema que gera a individualidade. Enquanto as duas primeiras são constituídas como condições inerentes aos planos da existência em si e o ser humano nada pode fazer para a sua eliminação enquanto estiver no estado encarnado, o Ego surge como condição suscitável de diferenciação entre os seres, assim como passível de maior ou menor eliminação por cada um, dependendo da condição individual em que nos encontremos.  
Embora o Ego não seja propriamente a mente ou parte dela, ele cria todo o conjunto de condicionantes para que a mente se apresente no seu estado mais liberto/claro. Assim podemos afirmar que o Ego, juntamente com os fenómenos que são o medo, o apego e a dúvida, são os inimigos naturais da libertação plena, isto porque é através deles que a mente fica condicionada à totalidade das suas capacidades.
Mas para entender melhor o Ego devemos aqui mostrar uma imagem análoga. Imagine que aquilo que consideramos Ego é uma caixa, onde nós estamos dentro. Essa caixa está totalmente vazia, estando unicamente preenchida por cada ser individualmente em cada caixa. Todos os seres humanos em estado encarnado, estão dentro da sua própria caixa. Ela, tendo seis lados, esses lados são completamente opacos e a caixa completamente estanque. Em todas as caixas (Egos), apenas existem seis pequenos orifícios que permitem perceber o exterior – cinco destes, representam os sentidos físicos (audição, visão, olfato, tato e paladar), o sexto sentido representa aquilo que designamos por intuição.
A matéria de que é constituída a caixa, é feita de um conjunto de ingredientes (códigos sociais, regras, ética, conceitos, leis do homem, costumes, etc.), nem todas as caixas têm os mesmos ingredientes, nas mesmas quantidades e proporções, por isso a densidade por que essas caixas são constituídas (conjuntos dos códigos), determinam o tamanho, posicionamento e formato dos seis orifícios (seis sentidos). Assim após estar completamente constituído a caixa de cada um (Ego), é a densidade com que essa caixa foi constituída que determina o formato, tamanho e posição dos orifícios pelos quais podemos ter perceção do mundo exterior.
Já em adultos, quando a nossa caixa está completamente constituída, é possível melhorar a perceção que temos do mundo exterior, para isso, precisamos trabalhar a formatação dos códigos que constituem a matéria que forma a nossa caixa e só isso permite que possamos alterar a dimensão dos orifícios que ela tem para o exterior.
Aqui é importante perceber bem o que é intuição e perceção, visto, serem dois mecanismos fundamentais no funcionamento da mente. Perceção, na imagem do exemplo da caixa, é todo o conjunto de sensações que conseguimos obter do mundo exterior a partir da totalidade dos seis orifícios. Já intuição, é unicamente o que resulta da perceção do sexto orifício, ou seja, é em si um sentido. Enquanto os cinco restantes têm um carater mais denso, pois captam as condições que se encontram em vibrações mais densas (físicas), o sentido intuição capta os níveis mais sublimes das cinco primeiras, os estados vibracionais mais elevados dos cinco sentidos. Mas a intuição, enquanto sentido sutil, é também o instrumento fundamental de comunicação entre os vários estados em que a mente se manifesta.
Vamos entender melhor a última afirmação. A mente, como já referi anteriormente, é algo que está para além do que percebemos como sistema cerebral. Este último, é apenas uma expressão da própria mente, ou seja, a materialização da mente no estado Malkut da árvore da vida da cabala (o universo percebido/físico). Assim a mente, existe em várias dimensões ou planos vibracionais, estes estados em que ela se projeta/apresenta, representam o que entendemos por estados de cons-ciência. Assim temos que a mente em si, existe em vários estados de manifestação, desde o estado que conhecemos enquanto seres encarnados, sistema cérebro-mental, até ao mais elevado estado em que ela se apresenta plenamente liberta, como CONSCIÊNCIA CÓSMICA.
Quando se fala em Consciência Cósmica, no Hermetismo, referimo-nos à MENTE CÓSMICA, se preferirmos - a UNIÃO de todas as MENTES, de tudo o que existe manifestado e tudo o que existe Imanifesto. Entre o estado de consciência a que estamos condicionados enquanto seres encarnados e este estado plano a que designamos CONSCIÊNCIA / MENTE CÓSMICA, existem vários estados em que a mente se apresenta. O canal de comunicação que liga os vários estados em que a mente se manifesta, designa-se por intuição.
No exemplo do computador, podemos identificar o estado de manifestação da mente mais baixo, como tudo o que resulta da capacidade de gerar informação unicamente pela informação /dados existentes dentro do computador e o estado elevado em que a mente se manifesta, a própria internet em si e tudo o que ela contem. Sendo aquilo que mantem a ligação do computador à internet, individualmente – o software navegador (browser), representa a intuição do ser-espirito e coletivamente – as linguagens de protocolos de comunicação de internet (TCP/IP, FTP, HTTP, etc.), representando a linguagem em que se organiza a informação na MENTE CÓSMICA.
Assim podemos começar a entender o porquê do Hermetismo afirmar que a mente é um sistema que está muito para além do entendimento que lhe damos quando nos referimos a ela como o instrumento físico-neurológico que é o sistema cerebral, pois na verdade aquilo que a humanidade entende por mente, é a sua expressão de manifestação mais densa, mais desdobrada/descontinuada. Então aquilo que confundimos com a mente, é na verdade, apenas, uma das suas formas de manifestação, a mais densa.
O Hermetismo ensina que tudo o que se manifesta, aquilo que entendemos por existência, onde se inclui o que compreendemos como mente, existe manifestado em vários níveis de vibração ou se preferir, em vários níveis de desdobramento, concretamente – sete. Assim tudo o que está manifestado, existe em vários outras condições, unicamente, apenas temos perceção da sua existência, do seu nível sétuplo mais denso.
Tudo no Universo CREADO é sétuplo, absolutamente tudo. No plano físico, vejam as cores em que o branco se desdobra, são sete, aquelas que estão presentes na forma básica na natureza e visíveis ao olho humano no fenómeno que é o arco-íris. As notas musicais, são sete.
Os números são sete, agora afirmará, não, os números são uma sequência de dez (0,1,2,3,4,5,6,7,8 e 9) e repetido ao décimo primeiro número. Não, não é verdade. Os números manifestos, no estudo esotérico das suas características, são apenas sete, isto porque os três primeiros (1,2 e 3), são na verdade apenas um único. A Numerologia Pitagórica estuda um lado dos números que representam as características esotéricas que eles revelam para quem domina o seu conhecimento.
Não iremos aqui aprofundar muito sobre o assunto, mas ainda assim, lembra-se da analogia simbólica que apresentei para revelar anteriormente a incapacidade da mente perceber parte da existência? Quando refletimos com base no exemplo que representa a polarização ou descontinuidade, através da representação do estado 1 (30 graus centígrados), dos estado 2 (5 graus centígrados) e do estado 3, em que a consciencialização da mente, só aqui, perceciona, por comparação entre os dois primeiros estados, naquilo que passa a ter como sensação térmica ou temperatura.
Então, os significados esotéricos, no estudo profundo da característica dos números, indica-nos, nessa conclusão que em rigor, para a mente humana e assim para o que temos como existência, porque não temos como perceber as duas primeiras condições (1 e 2), apenas devemos contar a partir do número 3. Assim sob a leitura das ciências místicas, só existem qualidade relativas a sete números manifestáveis – 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9. Aqui na escala Pitagórica, o numero 3 assume na contagem aritmética exotérica da posição de 1, o 4 a posição de 2 e assim sucessivamente. Agora perguntará – Então e o zero? Se o 1 corresponde ao estado mais sublime de tudo o que é manifesto, mas tão sublime que a mente humana não consegue tem perceção dessa condição, o zero representa a condição Imanifesta da CREAÇÃO. Aquilo que os cientistas ortodoxos afirmam haver antes do big-bang, ou o que a física quântica diz ser o VAZIO QUANTICO. Para o Hermetismo é isso mesmo, designa desde há séculos por NADA / Transcendente, o ZERO da numerologia Pitagórica.
A aparente complexidade do que entendemos ser a forma como se organiza o Universo, é apenas isso, desdobramentos sétuplos. Tudo o que é de origem da manifestação, deriva de desdobramentos sétuplos. Assim o primeiro estado dos planos da manifestação têm uma matriz bem simples, a diversidade só ocorre porque essa primeira matriz sétupla se desdobra, cada uma múltipla de mais sete e assim sucessivamente, gerando infinitos desdobramentos de uma única condição na origem. Com a MENTE CÓSMICA, acontece isso também, terminando no que temos como sistemas cérebro-mentais, aquilo que entendemos pela nossa mente. 
Assim tudo é sétuplo, os números manifestos são sete e tudo o que se manifesta, apresenta-se descontinuado numa imensidão de desdobramentos vibracionais sétuplos. Todas as condições Universais, absolutamente todas, se podem reduzir à condição única mais sutil. A mente também, ou melhor, a forma como ela se apresenta.

In: Hermetismo para todos – a arte da libertação | Capitulo II – A mente e os seus limites.

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