sábado, 16 de maio de 2015

Estudo Hermético sobre o carma – PARTE I

“A LEI é tanto a causa como o efeito, agindo num único momento e fora do tempo, num estado de consciência que chamamos SIMULTANEIDADE.” AC

Ao nível esotérico ou se preferirem, ao nível do estudo da espiritualidade séria e evolutiva, podemos afirmar que reina sobre o tema do carma uma perfeita e profunda confusão. Difundem-se ideias muito generalizadas e confusas sobre o que é o carma, como funciona e por conseguinte, não o percebendo, nunca teremos domínio sobre tal processo.

Primeiro devemos entender o que é o carma.

Para iniciar um entendimento mais profundo sobre este fenómeno (chamaremos assim por agora), devemos afirmar que não é uma LEI, como muitas filosofias esotéricas afirmam. O carma é na verdade o efeito de uma LEI que o hermetismo estuda desde a antiguidade – a LEI da Causa-Efeito, conhecida como Causalidade. É desta relação entre a causa e efeito ao nível mais profundo da vida, neste e em outros planos que se manifesta o carma.

Podemos afirmar e refletir concluindo que então, o carma, é o movimento de efeito desta lei da Causalidade, igual a qualquer outro fenómeno de causa-efeito que podemos observar, aqui como uma diferença que gera a tremenda confusão – o carma como efeito de uma causa, resulta das interações que transcendem uma vida terrena=atual encarnação, ou até mesmo, os seus efeitos e causas podem ser gerados ou ter efeitos em planos diferentes e em diferentes vidas.

Percebendo que este fenómeno (carma), não é uma lei em si, mas surge como o nível transcendente de uma LEI (CAUSA-EFEITO = CAUSALIDADE), podemos a partir daqui desmistificar ainda mais o que se diz e entende sobre ela.

Também se afirma que existem tr3s tipos de carma, o carma escuro (negativo), o carma claro (positivo) e muitos associam um terceiro carma, ao qual designam de não-carma. Os dois primeiros, todo o estudante entenderá o que representam, na verdade significa dizer, na nova visão hermética, que serão os efeitos que retornam de causas criadas, positivas ou negativas. Sob o ponto de vista da roda da reencarnação, ambos os carmas, sugerem a constante criação de efeitos (bons ou maus) que levam a obrigações cármicas para nos mantermos nestes planos ou repetirmos processos que resultam na obrigação dos efeitos a receber devido à matriz do equilíbrio do Mundo Imanente.

Recorde-se que dentro da MATRIZ DO EQUILÍBRIO = MODUS OPERANDI, do Mundo Imanente (todos os universos creados e em todos os planos da existência manifestada), tem na sua estrutura de funcionamento A LEI, onde a Causalidade é uma das suas manifestações, ou forma condicionada, como a ÚNICA LEI se manifesta em LEIS (se7e Princípios do Hermetismo).
Então sob o ponto de vista da libertação da roda da reencarnação, com base no que acabamos de afirmar, muitos concluem que os dois primeiros carmas (positivo e negativo), aumentam o aprisionamento, ou seja, ambas as causas quando geradas, obrigam a novos envolvimentos no processo dentro da SAMSARA. Tal conclusão é verdadeira.

Desta forma muitos acabaram por desenvolver uma visão do que muitos entendem ser um terceiro estado que permite a eliminação dos efeitos através desse não-carma. A partir dai, muito se tem especulado de forma negativa e des-informativa, sobre como se deve operar um estado de não-carma para assim se poder estar livre do efeito que a LEI da Causalidade obriga e à qual ninguém poderá fugir, pois toda a causa gera um efeito e a LEI sempre se cumprirá, em qualquer ponto que a consciência-espirito se movimente dentro do mundo Imanente.

Erradamente todos concluem que quando o ser atinge estados elevados de preparação para se libertar, nesta encarnação, teve optar por uma vida regida pelo não-carma, ou seja, deve abdicar em tudo, orientando a sua existência pela não-ação, pois o não-carma, significa isso mesmo. No entendimento de todos os classificam e interpretam o fenómeno do efeito da LEI da Causalidade, da forma que descrevemos e estudamos até aqui, a única fórmula de conseguir não gerar causas que os levam a sair da roda do Samsara, passa por não-agir nestes planos mais densos. Como exemplo, estes entendimentos esotéricos, afirmam ser o estilo de vida por rege os vários tipos de monges, desde o budismo, o próprio cristianismo e todos aqueles que se recolhem, se isolando o mais possível do mundo como forma de não intervir nele.

Aparentemente, seguindo tal raciocínio até parece apresentar certa coerência, pois mesmo muitos dos que têm este tipo de entendimento e com isso, optam por ter uma vida regida pela não-ação, são estudantes de hermetismo. Deparamo-nos a todo o instante, dentro das próprias ordens e escolas de mistérios que difundem ensinamentos Védicos e Herméticos com tais atitudes e conclusões. Queremos no entanto, fazer um esclarecimento e deixar uma primeira base para uma nova e esclarecedora forma de entendimento para mais tarde qualquer estudante iniciar o verdadeiro processo de domínio das condições que levam à libertação dos planos do aprisionamento.

A não-ação ensinada como o carma da libertação ou também difundida como não-carma, expressa uma visão errada da des-informação sobre o MODUS OPERANDI correto. Tal não-carma, leva a geração um outro efeito que muitos desconhecem – o não-efeito. Este não-efeito, torna-se tão aprisionante como qualquer dos outros efeitos (positivo e negativos) gerados pelos outros dois carmas.

Explicamos:
Se você ou um monge fechado num isolado e longínquo mosteiro, encarnaram, foi porque, a LEI da Causalidade, dentro dessa obrigação cármica, exigiu que você aqui voltasse para assim realizar os efeitos necessários para que a LEI reponha o equilíbrio que pelas suas anteriores ações, você produziu no universo dentro da matriz do aprisionamento.

Cerne da questão. Quase nenhum ser-humano no estado encarnado tem consciência de quais os motivos pelos quais aqui chegou. Para ter tal consciência, precisa de passar pelo processo que representa trabalho, rigor e disciplina, mas que devemos viver, de busca constante. Infelizmente poucos alcançam verdadeiramente. A este processo o hermetismo estuda e chama de primeiro nível de despertar esotérico, é apenas isso, ganhar a certeza absoluta do que o trouxe aqui, cientificando-se sobre todo o processo que o levou a encarnar. Pode comparar este primeiro nível de consciência como, seu primeiro nível de graduação escolar.

 Mas por que motivo ele não é conhecido e não lhe é dado a real importância, como algo, sem o qual não vale a pena prosseguir para outra etapa, pois qualquer outra etapa será inútil?

Saltar esta etapa, sem passar no exame final com nota positiva, representa isso mesmo, saber que para se liberta, o ser, deve entre muitas outras coisas, anular os efeitos de todas as causas por si geradas em suas ações anteriores e atuais. É UMA LEI e não um acaso = sorte ou azar, e por ser uma face da LEI, sempre se cumprirá, não há como a evitar, tentar evita-la é uma estupidez espiritual.

Para isso há que trabalhar arduamente. Como uma criança a quem é exigido que trabalhe na escola para obter resultados positivos no final de anos de estudo e preparação para a faculdade. Se queremos nos preparar para entrar na faculdade e passar à fase seguinte, então precisamos de trabalho continuado, e teremos como resultado, a intensidade do nosso empenho. Muitos se perdem por desânimo, outros por acídia e tantos outros por se envolverem num emaranhado de caminhos que apenas resultam em ilusões fáceis.

Ora se você não der os passos certos, nunca sairá da matriz do aprisionamento. Muitos pensam que não existem um método, ou um único caminho para sair, mas ele existe sim. Existe UM único caminho que se pode expressar no que estamos aqui a descrever, mas cada um terá que caminhar nesse caminho à sua maneira, mas o caminho que conduz à LUZ fora desta Samsara é UM só, pois o lugar para onde devemos ir também ELE, UM só.

Então antes de tudo, você precisa perceber como passar no primeiro GRAU de formatura neste curso que é O DESPERTAR. Quando você perceber e depois quando passar nele, terá sua recompensa e ela é apenas isso – você saberá reconhecer a todo instante, qual o motivo pelo qual encarnou e assim poderá saber quais os efeitos que deverá produzir para ANULAR as causas que gerou anteriormente. Desta forma estará repondo o equilíbrio que você alterou, com suas ações e só desta forma você ganhará o direito dado pela mesma LEI que o obriga a ficar, o direito de passar no portal que divide o verdadeiro LAR desta matriz de dor e sofrimento.

Tanto o monge, como os iludidos estudantes que não estejam conscientes de que a não-ação, na verdade não é o processo correto para se preparar a libertação, mas sim e apenas, tal inação consome toda a encarnação gerando um enorme efeito de não-efeito, quando na verdade a encarnação deveria ter passada, a trabalhar de forma sábia no processo de NEUTRALIZAÇÃO do que o levou a encarnar.  

Estar consciente disto é o primeiro passo.

“AC”

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